O preço da primeira fase
O que estava fora do roteiro era a péssima primeira fase que o time de Dorival Júnior teve. Ao perder pontos para times como The Strongest e Juan Aurich, o Inter deixou de pontuar, deixou de pegar um adversário mais ameno nas oitavas. A campanha ruim classificou o time às oitavas mesmo assim, mas o preço foi pago hoje, e bem alto.
O jogo desta noite foi um retrato do futebol brasileiro: dois times cheio de ótimos jogadores do meio para a frente, mas com sistemas defensivos falhos e inconfiáveis. A zaga colorada, conhecida e antiga deficiência do elenco rubro (ao menos desde o ano passado), entregou mais que a do Flu - e aí esteve a diferença do jogo. Muito mais que Deco ter sido superior a Oscar ou Fred a Leandro Damião. Não foram.
O Inter jogou melhor, isso é um fato. E não foi aquela pressão imposta por quem busca o resultado. A equipe de Dorival Júnior saiu à frente numa bela combinação entre Oscar e Damião, logo aos 13 minutos, botando a mão na vaga. Mas aí veio o empate um minuto depois, e ali foi que o Flu se classificou, não no gol de Fred: o gol de Leandro Euzébio impediu que o time carioca tivesse tempo de se afobar. O Fluminense precisou de dois gols por apenas dois minutos. Isso faz uma grande diferença.
Só que o Inter continuou melhor. Quando Fred fez 2 a 1 o Flu esboçava uma superioridade, mas antes o Colorado havia criado várias chances perigosas, e com boas jogadas de articulação, nada de chiripa. E isso sem D'Alessandro. Tirando Dátolo, todos do meio para a frente iam bem. Mas isso é o normal que o Internacional sempre deveria fazer, pois tem condições. O problema do time sempre foi atrás. E foi por erros defensivos imperdoáveis, como deixar Fred cabecear sozinho, que a Copa, em 2012, se mira pero no se toca.
O segundo tempo já foi mais abafa que qualidade, mas mesmo assim o Inter dominou. Abelão chamou o Colorado para o ataque retrancando sua equipe. A saída forçada de Fred deu mais tom de drama à classificação. Uma classificação em nada imerecida, diga-se. O Fluminense, embora não tenha atuado melhor em nenhum dos dois jogos, tampouco foi inferior. Tem um melhor time hoje (não é à toa que foi 1º na fase inicial e o Inter 16º) e falhou menos nos confrontos diretos. Ninguém deixa um dos melhores centroavantes do país livre numa bola parada e sai impune.
Além da má campanha, o Inter pode elencar os vários problemas de escalação que teve como dificuldades extras em sua acidentada campanha nesta Libertadores. Mas o que faltou, mesmo, não foi D'Alessandro, Oscar ou Dagoberto. Faltaram, sim, bons zagueiros. Ou, simplesmente, zagueiros. O elenco colorado, hoje, conta com apenas três, sendo que um é irregular (Moledo), um já é veterano (Índio) e outro está com ciclo encerrado no clube há muito tempo (Bolívar). Nada deveria ser mais prioritário no Beira-Rio que comprar defensores, nem que seja por atacado, como fez o Grêmio. Mas agora é tarde.
A boa notícia nesse mar de incertezas é que Dorival Júnior achou a formação ideal do meio com Sandro Silva, Guiñazu e Tinga iniciando o setor. Resta saber se a abundância de opções ofensivas que voltam de lesão não desviarão o técnico (que faz fraco trabalho em 2012, frise-se) do caminho correto.
E que venha Flu x Boca nas quartas.
Em tempo:
- Inter fecha Libertadores com apenas 3 vitórias em 10 jogos, míseros 43% de aproveitamento. Pior marca desde o desastre de 1993. Última vitória foi contra o The Strongest, no Beira-Rio. São cinco jogos sem vencer pelo torneio continental.
- Monstruosa partida de Sandro Silva. Mais uma. De longe, o melhor volante colorado em 2012.
Taça Libertadores da América 2012 - Oitavas de Final - Jogo de volta
10/maio/2012
FLUMINENSE 2 x INTERNACIONAL 1
Local: Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Wilson Luiz Seneme (BRA)
Público: 33.386
Renda: R$ 1.080.315,00
Gols: Leandro Damião 13, Leandro Euzébio 15 e Fred 45 do 1º
Cartão amarelo: Bruno, Carlinhos, Rodrigo Moledo e Índio
FLUMINENSE: Diego Cavalieri (7), Bruno (6), Gum (4,5), Leandro Euzébio (6) e Carlinhos (5,5); Edinho (5,5), Jean (5,5), Deco (6) (Valencia, 29 do 2º - 5,5) e Thiago Neves (6,5); Rafael Sobis (6) (Marcos Júnior, 38 do 2º - sem nota) e Fred (6,5) (Rafael Moura, 25 do 2º - 5). Técnico: Abel Braga
INTERNACIONAL: Muriel (5,5), Nei (5), Rodrigo Moledo (4,5), Índio (5) e Fabrício (4,5); Sandro Silva (7), Guiñazu (5,5), Tinga (6), Dátolo (4,5) e Oscar (6,5); Leandro Damião (6,5). Técnico: Dorival Júnior
Comentários
Na verdade, ninguém erra aquele pênalti no primeiro jogo e sai impune.
Ainda assim, acho que não peleia pelo título. Pode até ir bem, mas não levanta a taça...