O melhor Brasileiro de todos os tempos

Como dissemos ontem, 19 dos 20 times entram na última rodada com alguma motivação. Somente o América/MG está de sangue açucarado para o domingo que vem. O fato certamente é inédito no planeta: um campeonato de 20 clubes, 38 rodadas e seis meses e meio de duração chegar à sua semana final com apenas uma equipe desinteressada.

A rodada dos clássicos, antes mesmo de ter acontecido, já é, portanto, um imenso sucesso. E se 95% dos clubes ainda querem muito comer a grama por uma vitória, boa parte desta motivação se deve à iniciativa anunciada pela CBF no final do ano passado, quando o signo da suspeita e do "entrega-entrega" vociferou com força e barulho irritantes. "Um paliativo", disseram muitos - eu, inclusive. Afinal, de que adianta marcar clássicos para a rodada final se muitos dos jogos sob suspeição de marmelada ocorriam na penúltima e até na antepenúltima.

Talvez por isso, o Campeonato Brasileiro de 2011 seja, muito possivelmente, o melhor de todos os tempos. Simplesmente todas as disputas seguem indefinidas, faltando apenas a rodada final: título, Libertadores, Sul-Americana e rebaixamento. Nivelamento por baixo? Não é exatamente o caso. O Corinthians, provável campeão, pode não empolgar, mas tem grandes nomes em seu time. O Vasco de Ricardo e Cristóvão é de uma força extraordinária. O Fluminense tem estrelas e um elenco incomparável do meio para a frente. O Flamengo tem Ronaldinho e Thiago Neves, fora outras individualidades. O Inter segue com um elenco encorpado, embora não tanto quanto em outros anos. O São Paulo, que está longe da Libertadores, tem nomes como Lucas, Dagoberto, Casemiro, Luís Fabiano, Cícero. Isso sem falar em Neymar, que fez chover mesmo com seu desinteressado Santos.

O equilíbrio, portanto, existe, mas entre bons times. E se reflete na tabela. Caso não houvesse a rodada de clássicos, 6 equipes não teriam mais o que fazer (para uma última rodada, ainda assim um bom número): Fluminense, Santos, Palmeiras, Grêmio, América Mineiro e Avaí. Destas, somente o Coelho não enfrentará um clássico contra um rival que precisa demais da vitória. O Palmeiras quer evitar o título do Corinthians; o Fluminense quer impedir a já improvável classificação botafoguense à Libertadores; o Santos idem em relação ao São Paulo, o Grêmio frente ao Inter e o Avaí contra o Figueirense. Já pensaram em ver o arquirrival comemorando vaga ou título contra o seu time? Pouca coisa motiva mais do que isso. E não só torcedores, mas jogadores também ficam mordidos. Isso sem falar no drama do Atle-Tiba e do clássico mineiro.

O Brasileirão 2011 terminará domingo que vem com a chave de ouro que merece, recheado de clássicos, estádios lotados, nervosismo e bom futebol. Um campeonato que, sem dúvida, deixará saudades. Só não dá para ficar triste porque, em 2012, viveremos algo parecido. Igual, é difícil.

Em tempo:
- Bolívar pega 6 meses de suspensão pela violenta entrada em Dodô, do Bahia. Está fora do Gre-Nal. Joga Índio, homem acostumadíssimo a fazer gols em clássicos. Marcou no último, inclusive.

Comentários

vine disse…
Acho que toda a torcida do Inter comemorou esses 6 meses de suspensão...
Samir disse…
Passando apenas para dizer que a punição a Bolivar é exemplar. Que sirva de regra a partir de agora!!
Vicente Fonseca disse…
Ainda não refleti a respeito, mas acho interessante a ideia de punir o cara de acordo com o tempo que o lesionado voltará. Embora seja meio Código de Hamurabi.
vine disse…
Mas seria perfeito. Darzone, por exemplo, deveria ficar suspenso enquanto a vítima dele não pudesse jogar. Eu acho bem justo.
Lourenço disse…
Não seria a favor de uma punição como essa nem para o Darzoni, mas mesmo assim não dá nem para comparar o Darzone com o Bolívar. O caso do Darzoni foi uma agressão, o do Bolívar foi uma jogada violenta. Em tese, ele não quis o resultado que provocou, ele foi apenas imprudente.
O Tribunal aplicou uma pena que efetivamente está prevista. A pena é o CBJD ter uma pena tão demagógica como essa. Tomara que a moda não pegue.
Vicente Fonseca disse…
Eu desconhecia completamente a possibilidade de uma pena durar o tempo de lesão do atleta que foi vítima de jogada violenta. Achei que a punição ao Bolívar pelo mesmo período era apenas uma demagogia simbólica.
Samir disse…
Eu discordo dos amigos sobre a demagogia da lei. Acho justo, ou isso ou uma indenização financeira ao clube e ao jogador. Agora, a entrada do Bolivar foi absurdamente imprudente, e aqui reside, talvez, o grande problema da lei. Há casos de lesão grave em lances de jogo, e há casos em lances violentos, o duro é medir isso. Mas o jogador agressor tem que ser punido, não pode ele voltar a jogar duas semanas depois do lance, enquanto o agredido volta daqui um ano.

E o caso Darzone extrapola os limites do futebol, aquilo foi caso para TJ.
Vicente Fonseca disse…
Neste caso eu não achei tão demagógico. Mas há lances em que a entrada é absolutamente acidental, sem imprudência, e a consequência é muito mais grave do que a violência da jogada. É um precedente meio perigoso, embora haja certa justiça neste caso do Bolívar, que foi pra matar o cara.
Zezinho disse…
O problema maior é que se isso ocorre na Inglaterra é 'maravilhoso'! No Brasil, 'um absurdo!'