Duas horas de reviravoltas
Índio e Andrezinho comemoram gol no Olímpico |
Um Gre-Nal imprevisível, com viradas de placar e psicológicas, como na semana passada e como em todo o Gauchão. Quem desligou a TV pelas 16:30 e a ligou às 18:15 da tarde, não entendeu. Como uma partida que se desenhava totalmente para o lado azul acabou com festa vermelha em pleno Olímpico, como há 30 anos não ocorria?
O jogo começou como terminara o da semana passada. O Grêmio dominou o Inter desde os primeiros segundos. A escalação colocada em campo por Falcão, inventada, foi um fracasso. Kleber e Juan jogavam pela esquerda, mas o Grêmio tramava com facilidade por aquele lado. Quando Lúcio fez 1 a 0 aos 15 minutos, o placar já sintetizava o que era o jogo. Douglas era genial com a bola nos pés, Viçosa e Leandro desbravavam a defesa com ímpeto, os volantes ganhavam as disputas, a zaga anulava Leandro Damião, Bolatti parecia jogador de qualquer outro esporte, menos futebol. A superioridade do time de Renato era tamanha que até mesmo gritos de "olé" foram timidamente ouvidos na metade do primeiro tempo. A perspectiva era de uma goleada.
Com a saída de Juan e a entrada de Zé Roberto, o Inter ao menos se ajeitaria. Foi bem mais que isso. Zé Roberto entrou bem no jogo. Com um pouco mais de ímpeto, o Colorado não ficou tão acuado e aos poucos se soltou. Este momento coincidiu com uma perigosa queda de volúpia do Grêmio. O gol de empate, de Leandro Damião, foi simplesmente assistido pela equipe tricolor. E mudou os rumos do jogo: não se imaginava que o time da casa sentiria tanto o golpe - logo no primeiro chute colorado, um gol. As posturas mudaram. D'Alessandro já tinha com quem jogar, Índio e Bolívar já ganhavam mais divididas. Quando Andrezinho, rengo, virou o jogo, o pavor baixou sobre o Estádio Olímpico.
Já o intervalo era surreal pelo que o jogo estava se desenhando na primeira metade do primeiro tempo. A etapa final, então, foi de um nervosismo de lado a lado que poucas vezes se viu. Na verdade, as equipes pouco arriscaram, mas qualquer chegada próxima à intermediária do adversário era visto como ameaça de morte. Do nada, porém, é que o impossível se tornou real: em mais uma desatenção do Grêmio, pênalti sobre Zé Roberto após cobrança de lateral: 3 a 1, e título vermelho.
Muito mais na base do seja-o-que-Deus-quiser que no futebol, o Grêmio conseguiu o segundo gol, em mais uma falha clamorosa de Renan. Quase alcançou o empate, mas Lins, que inexplicavelmente substituiu Leandro mais uma vez, perdeu embaixo da trave. Não evitou a decisão de pênaltis, outro momento cheio de erros e emoções, como todo o Gre-Nal e todo o Gauchão dos dois grandes da Capital.
O título buscado de dentro do Olímpico enche a alma colorada de alegria e diminui a sensação ruim de fracasso prematuro na Libertadores. Mesmo com um grupo de qualidade, Falcão terá muito trabalho: conseguiu o título hoje muito em função dos erros do Grêmio. O Inter não tem esquema e time definidos para o começo do Campeonato Brasileiro. Falcão precisou corrigir sua escalação esdrúxula para mudar os rumos do clássico. Índio, apesar da mística infinita, não é mais solução para uma zaga que continua falha.
No caso do Grêmio, a reformulação precisa ser profunda. Diante de dois fracassos de impacto em casa, o Tricolor necessita realizar uma faxina no elenco. Nomes como Gílson, Borges e Rodolfo, que pouquíssimo têm contribuído, deveriam ser repensados. Jogar toda a responsabilidade nas costas da prata da casa é temerário, mas alguns jovens de certo potencial poderiam ser utilizados em detrimento de jogadores que sabidamente não têm qualidade (Lins, Clementino, entre outros).
A estratégia inicial para o Brasileiro, muito mais que o discurso de que o time é candidato ao título, tem que ser a da equipe modesta, que come pelas beiradas, joga fechadinha e entra humilde, sem alarde. Mesmo se tivesse ganhado o Gre-Nal, o Grêmio não estaria de casa arrumada. Perdendo, então, tudo fica ainda mais bagunçado. E não existe, até que me provem o contrário, melhor forma de arrumar a casa do que começando o time de trás para a frente, corrigindo os problemas defensivos.
Foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm/Divulgação.
Comentários
PS1: Victor é muito azarado. É craque mas falta estrela.
PS2: Onde foi parar aquele Grêmio imbatível em casa?
PS3: O que Gílson ainda faz no Olímpico?
Depois do gol do Lúcio, era pra ter virado um jogo chato, truncado, monótono, violento, mas não, tiveram as reviravoltas. Falta copeirismo nesse time. E o pior que, tecnicamente, é um dos melhores elencos do Grêmio nos últimos anos.
Foi isso que eu escrevi semana passada. E meu medo se fez cumprir: o Inter veio com muito mais gana para vencer o campeonato.
Foi o jogo entre um time vencedor e um time perdedor. Entre um time copeiro, que mesmo sem jogar bem, acha um gol, se impõe em campo, é matreiro e um time pusilânime, que não sabe administrar a vantagem e esmorece diante da primeira dificuldade.
***
Se D'Alessandro está mal, há Andrezinho. Se Andrezinho está mal - ou lesionado -, há Oscar. Se Oscar está mal, há Zé Roberto. E se nada dá certo, joga-se uma bola na área e Leandro Damião resolve.
Se Douglas e Rochemback estão em má jornada, o que o Grêmio faz?
***
Ninguém canta "Olé" aos 20 minutos do 1º tempo de um GreNal, ganhando por 1x0, impunemente.
Não a toa, após o empate do Inter a torcida do Grêmio se apavorou, e após a virada, se calou.
***
Victor é o Taffarel de azul: craque, mas só ganhará alguma coisa depois que sair do Grêmio
***
Quem treinará o Grêmio domingo?
Pensei a mesma coisa.
Quanto ao Campeonato Brasileiro, a primeira medida no Inter deve ser "destreinar" a linha burra, que levou 3 gols dos 5 nos grenais! Renan não é mal goleiro, acho apenas que treme nas decisões, assim como o Victor.
Me anima o discurso do Falcão para o Campeonato Brasileiro. Jogar em casa e fora da mesma maneira é o primeiro passo para candidatar-se ao título!
Abraço!
Ele era o cobrador oficial...
e acho oportunismo dizer que o inter ganhou por que foi o time que mais investiu, como vi por aí. essa vitória do inter nao prova nada, ganhou duas vezes nos penaltis. poderia muito bem ter sido o campeonato do gremio, aí ninguém ia dizer que o gremio venceu por que investiu MENOS e perdeu jogadores. os dois times estao um trapo e têm que melhorar muito pra querer algo no brasileiro.
falcao ainda nao me engana.
O blog é escrito por gremistas, mas para gremistas, colorados, flamenguistas... Nada de "torcedorismo" por aqui. Ao menos não é a ideia.
Abraço.
Marcus: também não entendi. Nem o SÉTIMO ele pênalti, visto que ficou a cargo do Adilson, que nem concluir sabe.