Vitória da organização
Silas é bom de vestiário. Pela segunda vez seguida, o Grêmio melhorou na volta do intervalo. Contra o Avaí, não chegou a jogar brilhantemente, mas o suficiente para reverter uma tendência de pressão total dos catarinenses. No Gre-Nal de hoje, foi além disso. A mudança de postura incluiu ocupar o campo adversário, adiantar a linha de zagueiros, encaixotar o Inter em sua própria casa, ganhar rebotes. Por isso, o 2 a 0 foi mais que merecido. Foi o mérito de quem é organizado como time de futebol.
Ressalte-se, não foi este o único mérito do treinador tricolor (ainda que não tenha sido pouco). Neuton é outro. Em vez de optar por alguém experiente, mas ruim tecnicamente, Silas apostou num guri acostumado a jogar clássicos na base tricolor. Cumpridor, impediu o Inter de jogar por aquele lado. Para quem quer ver pelo em ovo, dizendo que o Grêmio tira os jovens do time à força para utilizar só os medalhões, foi um tapa de luva de alta classe.
Só por isso foi possível jogar com Leandro e Hugo no meio: guarnecendo uma das laterais com um zagueiro. Mesmo assim, é um esquema que depende muito da postura do time. Quando recuou, no último terço do primeiro tempo, o Grêmio quase volta para o segundo tempo com derrota. Ambos têm de ser muito participativos para que dê certo, e todos têm que jogar perto para que o time não seja divorciado em dois (com Jonas, Borges, Leandro e Hugo longe do sete restantes). No segundo tempo foi assim, e deu muito certo.
O Inter não jogou. Foi muito bem marcado o tempo todo. Só Walter conseguia se desvencilhar de Mário Fernandes. Foi o melhor do Inter (mais um guri que se sai bem), logo atrás vindo Sandro e Bolívar. Mas D’Alessandro esteve controlado por Ferdinando e depois Neuton. Andrezinho também produziu pouco. Alecsandro só cabeceou uma bola com perigo, que poderia ter sido o empate quando estava 1 a 0. Fossati tentou corrigir os problemas empilhando atacantes. Não estava de todo errado. Só mesmo numa bola alçada dentro da área para que um gol viesse.
Silas venceu o duelo tático, e seus jogadores o duelo técnico. Rodrigo, antes mesmo do seu gol, já era o melhor em campo. Liderou a defesa. O Grêmio precisava, há tempos, de um zagueiro que falasse e tivesse esta característica. Jonas foi perigoso, ainda que tenha perdido dois gols que costuma fazer. Já Borges manteve sua média: se perde um, guarda o outro. Muita eficiência. Victor, apesar de uma saída errada de gol, fez algumas importantes defesas. Edilson, após um péssimo primeiro tempo, melhorou no segundo. Aliás, Kleber fez muito mais falta ao Inter que Douglas ao Grêmio. Juan, que esteve encarregado daquele lado do campo, foi constantemente envolvido no dois-um por Edilson e, normalmente, Leandro ou Jonas.
O título ainda não está ganho, mas é fato que a vantagem que o Grêmio abriu lhe dá mais de 90% da certeza da reconquista. Não caindo em euforia (a experiência do elenco não deverá permitir isso), o tricolor leva a taça. Não sei até que ponto seria interessante para o Inter escalar todo o seu time titular para o Gre-Nal do Olímpico, com o título praticamente perdido. Hoje, com os times quase titulares em campo, o Grêmio sobrou em pleno Beira-Rio. Dependerá , claro, do jogo contra o Banfield. Como promete ser uma batalha muito forte, tanto lá como no Beira-Rio, seria interessante poupar alguns nomes. Guiñazu, suspenso, já não jogará.
Para os gremistas, domingo de festa na chuva. Quase três anos depois, o time volta a vencer no Beira-Rio. E jogando da forma como todos apreciam na Azenha: simplificando, com objetividade, dando chutão quando necessário, com zagueiro na lateral para resguardar e fazendo gols de bola parada. Melhor impossível.
Foto: Rodrigo foi o melhor em campo e abriu a vitória do Grêmio no Beira-Rio (Daniel Marenco).
Comentários
O Inter teve várias chances no segundo tempo, embora o Grêmio tenha sido melhor, dizer que o Inter não jogou é exagero.
Aí o Grêmio voltou melhor e teve chances como uma bola na trave do Jonas. Depois, quando o Inter já jogava melhor novamente, o Grêmio marcou o primeiro. Aí sim, o Inter se desesperou, mas ainda assim teve chances.
Qualquer resultado poderia ter acontecido.
E concordo em termos com o Luís, não acho mesmo que colocar todos os titulares no domingo que vem possa ser uma boa. Daí a botar só reservas é outra história, claro.
Rodrigo jogou demais. Cancheiro.
O Inter acabou o jogo com 4 atacantes e apenas Giuliano na armação. Tirar D'Alessandro e entrar Kléber Pereira revogou o futebol como o conhecemos.
No Inter, não vamos queimar o Juan (é sério, não é ironia, queimar guri assim é brincadeira), mas Kléber fez falta. Ainda que não decidisse o jogo, Edílson jamais teria aquela avenida o jogo inteiro. Para mim, Bolívar jogou muito na marcação a Borges (no lance do gol, pelo jeito, era o Nei que ficava nele) e Walter foi bem no duelo com Mário Fernandes, que não o achou.
Para o Inter, cabe pensar que o dia de ser surpreendido no Beira-Rio não foi na Libertadores.
Alguns comparam com 2006, concordo apenas se for para mudar o rumo do que está errado. A vitória do Grêmio, no entanto, foi com autoridade, lembrando a de 2007.
No segundo, o Grêmio não conseguiu impedir o Inter de jogar. Mesmo tendo poucas chances de gol, várias vezes o Valter entrou livre pela direita, vencendo a zaga e cruzou mal, como o Nei, como o Dalessandro pela esquerda.
Teve um monte de FURDUNÇO na área do Grêmio, não vi um Grêmio tão bem assim.
No frigir dos ovos foi melhor, porque começou melhor os dois tempos e acabou melhor o segundo. E conseguiu botar a bola pra dentro.
Mas não dá pra se enganar. Dois a zero pro Inter seria um resultado possível hoje também.
Achei um grande jogo, bastante parelho, pelas alternâncias de controle do jogo.
Vai tá bom o papo amanhã!
prevejo contratação pela RBS em breve.
amanhã tem carta na mesa!
Que papo? Minha vó vai ficar doente amanhã, uhasduhasdasuhdasuhdasuhdasuhdas
Justo.
Eu concordo quanto às substituições. Tenebrosas. Algo que eu tb já disse desde o primeiro turno do Gauchão. O Fossati mexe mal na maioria das vezes.
Quero ver se o Pedro Heberle vai sumir de novo!
sdahdsahads
E eu também concordo com as críticas ao Fossati, e também já as repito há tempos. Defendi o Lourenço não só por concordar com ele ou por ser meu irmão, mas porque está de férias e talvez não possa responder.
1) Leiam o último parágrafo deste texto:
http://wp.clicrbs.com.br/wianeycarlet/2010/04/25/deu-gremio-pintou-o-campeao-gaucho/?topo=2,1,1,,,2
2) Agora leiam a frase que inicia na sétima linha deste:
http://wp.clicrbs.com.br/wianeycarlet/2010/04/23/inter-vence-convence-e-pega-um-argentino/?topo=2,1,1,,,2
PRONTO! Eis um exemplo desta espécie.
Pode ter sido um jogo equilibrado no primeiro tempo, mas acho que todo mundo esperava um jogo bem mais favorável ao colorado, o que não aconteceu. Méritos do treinador da casamata dos visitantes e de seu esquadrão.
A única coisa que senti falta foram os chutes de fora da área pro Pato ceder rebote. Ambos os gols foram de cobrança de falta. Quem abusou dos chutões foi justamente o Inter. Migué do Silas ou da imprensa?
Aliás, se há um conceito de "pegar na veia", pra mim ele é exemplificado naquele chute do Sandro. Raras vezes vi alguém pegar tão bem na bola.
Finalmente há um xerife de respeito no Grêmio. Espero que contratem no final do ano.
Haja saco, nem prá criticar vale a pena fazer isso.
Paul
"Quando se ganha Gre-Nal, lê-se tudo sobre o jogo"
Tempos atrás, algum genio no twitter fez a seguinte frase: "quando teu time ganha, até o cabelo do Guerrinha fica bonito"
Vai ser difícil mediar essa mesa hoje!
Salvo tragédia, mão na taça.
Aí no RS vocês tem uma coisa que não existe no Brasil: dois times consistentemente fortes por diversas temporadas seguidas (Inter desde 2003 e Grêmio desde 2006).
De modo que há um salutar equilíbrio nivelado por cima, com o Grêmio demonstrado ser melhor neste momento.
O Silas vai despontar como o melhor técnico do Brasil este ano. Se já fez o que fez em duas temporadas com um time pequeno como o Avaí, o que não pode fazer com a estrutura do Grêmio?
Demonstra que vai bem.
Parabéns aos sul-riograndenses, que o futebol do estado brilhe no nacional.
Hehehe!
"Quando se ganha Gre-Nal, lê-se tudo sobre o jogo"
morri.
Paul
Paul
E já adianto: Luís criticou Fossati e Faraon elogiou Jonas. MOMENTOS HISTÓRICOS.
dhsdh
Ha!
Paul
Está na hora de um deles ganhar o Brasileirão, que há 14 anos não vem para cá. Que as tuas profecias a respeito do Silas se concretizem, André.
No domingo que vem, se o Inter sai na frente, vira outro jogo.
Está tudo em aberto. Por mais que o mantra do LF transpareça que não...