Demissão de Marcelo Oliveira sintetiza o ano confuso do Atlético

Marcelo deixa o Galo sob críticas: equipe desorganizada
A provável perda do título da Copa do Brasil na semana que vem pode ser o ponto final de um ano decepcionante para o torcedor do Atlético Mineiro. Para quem começou a temporada 2016 com o elenco mais badalado do futebol brasileiro, terminar o ano sem sequer o título estadual é uma enorme frustração. É que, apesar dos grandes nomes que participaram do futebol do clube, a organização passou longe do bairro de Lourdes. A demissão de Marcelo Oliveira em meio às finais da Copa do Brasil é o símbolo de tudo isso.

A atitude, como toda aquela que se vende com a justificativa do tal "fato novo", fede a mofo. Engolido pela organização do Grêmio no Mineirão, o Galo apostará na mudança do comando técnico como fator motivacional para render mais em Porto Alegre e reverter a enorme desvantagem de 3 a 1 sofrida em casa. Só que a mexida vem na hora errada: estamos em 25 de novembro, a nove dias do fim da temporada de futebol no Brasil. Nenhum técnico começará trabalho agora, tanto que quem comandará o time será o interino Diogo Giacomini. A metodologia será certamente semelhante à do treinador demitido, e não haverá nem a tal motivação extra para o novo comandante, já que ele sequer foi contratado ainda.

Com apenas cinco dias para trabalhar até o jogo na Arena do Grêmio, o que Giacomini pode fazer é remobilizar o grupo e pensar numa estratégia um pouco mais consistente para a partida de volta. A questão é que o Atlético precisa de muito mais do que simplesmente segurar um resultado jogando fechadinho para evitar um novo baile: tem é de buscar uma diferença de dois gols para pelo menos levar a decisão para os pênaltis. Só uma altamente complexa mecânica de jogo seria capaz disso. Para um time que foi envolvido três vezes seguidas pelo Tricolor Gaúcho nos últimos dois anos dentro de sua própria casa por ter um jogo ofensivo demais, seria necessária uma mudança completa no estilo de atuação. A tarefa é complicadíssima.

Se o mais provável ocorrer e o título não vier na quarta que vem, o Galo terá investido num elenco caríssimo, se dando ao luxo de ter Pratto e Fred como opções para a camisa 9, para ser vice-campeão mineiro e da Copa do Brasil, cair nas quartas da Libertadores e na primeira fase da Primeira Liga. Terá obtido sucesso relativo apenas no Brasileirão, por conseguir vaga na fase preliminar da Libertadores de 2017 - o que é pouco para um grupo cujo investimento era para brigar pelo título, e não ficar na 4ª colocação, bem distante do provável campeão Palmeiras. O ano que vem deve ser de readequações, e não apenas de ordem financeira, mas também de política de futebol.

Mudanças na Primeira Liga
Com 15 clubes, a Primeira Liga 2017 se estenderá de janeiro a outubro. Serão três grupos de cinco, com 8 classificados para os mata-matas, disputados em jogo único - sete jogos para cada finalista, portanto. A realização do torneio é importante, mas as dificuldades são notórias: Atlético Paranaense e Coritiba deixaram a competição por não concordarem com a distribuição das cotas de televisão. Mas o pior é o alongamento excessivo: com finais tão longe do início, a liga se perderá em meio ao Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores, deixando de ser uma concorrente direta dos estaduais para ser um estorvo aos finalistas de campeonatos mais importantes - fora a perda de holofotes por conta destas competições maiores. Um tiro no pé.

Tapetão
A CBF esfriou hoje no fim da manhã a pretensão do Internacional de buscar o STJD para retirar pontos do Vitória. Disse que a inscrição do zagueiro Victor Ramos é regular e que a tentativa colorada é sinal de desespero porque o clube nunca caiu para a Série B. O Inter promete ir atrás do caso, mas as chances de sucesso são pequenas - tanto fora como dentro de campo.

Foto: Atlético Mineiro/Divulgação.

Comentários

Franke disse…
Fico pensando qual é o papo que o Renato está tendo com os jogadores, em termos táticos. Eu tenho medo que joguemos tão fechados quanto jogamos quanto no jogo de volta contra o Cruzeiro. É verdade que não corremos riscos, mas tendo a achar isso muito perigoso, sobretudo contra um time que tem um ataque potencialmente tão forte. Por outro lado, também não acho que seja situação para o Grêmio pressionar pesado desde o início - ainda que atacar seja fundamental. Acho que temos que querer abrir o placar e ficar sempre na frente. Enfim, tenho medo que joguemos pelo empate.
Franke disse…
* Ali em cima quis dizer que não corremos riscos no jogo do Cruzeiro
Vicente Fonseca disse…
Acho que é por aí, sim: não dá pra jogar fechado. Tudo o que o Atlético quer é um time acuado pra ele pressionar. O negócio para o Grêmio é ocupar espaços, preencher o meio-campo e não deixar o Galo jogar a partir daí, no Mineirão. Um bom exemplo de como jogar é a partida do returno do Brasileirão, na Arena: o Grêmio mandou no jogo, tomou a iniciativa, ocupou espaços e só não venceu porque perdeu gols demais, mas merecia. Claro, é uma circunstância bem diferente, mas é uma ideia interessante. Se o Atlético dá espaços, tem que saber aproveitá-los. Não é uma equipe que tu corre o risco de ser dominado se adotar uma postura ofensiva, ao contrário: é ficando atrás demais que se torna mais perigoso.