O Grêmio reagiu bem às mudanças e dominou completamente o São Paulo na Arena

Negueba substituiu Giuliano e teve boa atuação neste domingo
Dos 39.556 torcedores que foram à Arena do Grêmio neste domingo, provavelmente uns 10 mil foram empurrados ao estádio do bairro Humaitá por conta dos tropeços de Palmeiras e Corinthians no começo da rodada do Campeonato Brasileiro. Depois de perder de forma decepcionante para o Sport no domingo passado, o Grêmio ganhou a chance de encostar de novo na briga pelo título. O presente ao maior público tricolor do campeonato foi uma vitória consistente sobre o São Paulo, que deveria ter sido bem mais elástica do que o magro 1 a 0 sugere. Um resultado ótimo pelo lado óbvio, o da tabela, mas também por conta da boa atuação de um time que jogará as próximas rodadas bastante desfalcado, e que talvez vá sofrer bem menos do que os mais pessimistas indicavam.

Com a venda de Giuliano para o Zenit, a estreia como titular de Negueba era a maior curiosidade da tarde gremista na Arena. E, dentro de suas características, ele foi muito bem. Negueba não é o meia quase onipresente que era Giuliano, mas fez importantes recomposições, demonstrou visão de jogo em mais de um lance, trouxe ritmo ao time e mostrou até mais objetividade que o antigo titular. A questão, claro, é se manterá este nível de hoje. E mais: como o time reagirá sem Giuliano no longo prazo. No curto, reagiu bem.

Outra enorme curiosidade era Miller Bolaños. Como ele substituiria Luan, o dono do time? Pois a resposta foi mais que positiva: assim como na relação Negueba-Giuliano, as características do equatoriano são diferentes da do centroavante titular, mas a qualidade da sua atuação foi inquestionável. Bolaños disparou vários ótimos chutes, parados apenas pela bela jornada do goleiro Dênis. Além disso, comandou praticamente todos os lances perigosos do ataque do Grêmio, inclusive o do gol de Douglas, dando passe consciente para Maicon, outro dos melhores em campo, desta vez como primeiro homem, mas presente em todos os quadrantes do gramado de forma exuberante. O equatoriano não foi o melhor jogador em campo, mas foi o coordenador ofensivo de uma das jornadas mais criativas do Grêmio em toda temporada. Um ótimo cartão de visitas.
Assim como costuma fazer Luan, Miller Bolaños teve função dupla a tarde toda. O lance do gol é um bom exemplo: no começo da jogada, o equatoriano age como armador e abre para Maicon invadir a área e bater a gol. Na sequência...
...aparece como centroavante, para pegar o rebote. Douglas, no entanto, chegou antes e fez. Foi o quarto gol do camisa 10 no campeonato, o quarto de rebote do goleiro. Os outros foram contra Cruzeiro, Santos e Internacional
Facilita a vida de Roger Machado o fato de seu time já ter um estilo muito bem consolidado. E isso é mérito do próprio treinador: saem Walace, Luan e Giuliano, entram Jaílson (esse em nada surpreende a grande atuação), Bolaños e Negueba e o time mantém o padrão de jogo de posse no campo ofensivo, marcação adiantada e toques curtos, mesmo que os jogadores que entrem tenham características distintas dos habituais titulares. Em raros jogos a equipe gaúcha exibiu números tão pujantes quanto hoje: foram 27 chutes a gol, 13 deles em direção à meta são-paulina. O time paulista concluiu apenas oito vezes, todas sem direção, e nenhuma delas com real perigo ao gol de Marcelo Grohe.

A relativização que deve ser feita a todos esses elogios, além da amostragem pequena, é a atuação do São Paulo. Quem viu o bom empate com o Corinthians na semana passada esperava do Tricolor um futebol melhor em Porto Alegre. Com Edgardo Bauza sem saber se vai ou se fica, sem Ganso, Calleri e Rodrigo Caio, a equipe paulista foi envolvida o tempo inteiro, desde os primeiros minutos, e nunca de fato ameaçou esboçar uma reação. E não foi só mérito gremista: o São Paulo jogou pouco porque o Grêmio não deixou, mas também porque esteve numa jornada tecnicamente fraquíssima.

Os poucos destaques foram todos defensivos: Dênis e suas defesas milagrosas, Bruno (pouco exigido, já que o "estreante" Iago foi bastante discreto) e Maicon, cobrindo os erros de Lugano. Isso não significa que o time tenha se defendido bem: quem permite ao adversário chutar 27 vezes a gol é porque foi vulnerável a tarde toda. Mena foi bisonhamente expulso, ninguém no setor ofensivo jogou sequer medianamente. Não houve compactação em momento algum: o São Paulo sempre deu espaço ao Grêmio, que deveria ter vencido por diferença maior.

A fase é complicada: sem padrão de jogo e sem objetivos concretos no campeonato, o Tricolor tem boas chances de ser um discreto coadjuvante até o fim do ano. É bem diferente da expectativa de ser campeão da Libertadores que sua torcida tinha até 20 dias, mas é mais condizente com o pobre futebol apresentado na ampla maioria dos jogos desta equipe nestes sete meses iniciais de temporada.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Chico disse…
O Imortal não deu chances para os bambis.

Douglas, o goleador!

Quem vai para Douglas?
A campanha do Grêmio em casa é quase perfeita: 8 jogos, 7 vitórias. Só contra o Vitória que não veio ponto.
13 gols marcados, só 5 sofridos, 87,5% de aproveitamento.

Não tem o que criticar desse time em casa. Fora, gostaria de ver um pouco mais de qualidade, principalmente na defesa.
Foram 13 gols feitos fora. É o segundo melhor ataque como visitante: perde só pro Santos, que fez 14 (pra quem fala que o ataque não rende, rebatam essa).
Só que o time tomou 14 gols fora (3/4 do total), e tem um aproveitamento que não chega a 40% (8J, 2V, 3E, 3D, 37,5% AP).

Tivesse o time se aplicado mais na defesa nos jogos fora, a campanha seria bem mais tranquila. E isso que estamos falando de um plantel que sofre constantemente com desfalques.

Em resumo: campanha é boa? Muito. Pode ser melhor? Pode. Melhora o aproveitamento fora e as chances de título, que são reais, ficam bem mais maduras.

Aguardemos os próximos três jogos.
Vicente Fonseca disse…
A campanha é ótima, e realmente, melhorando fora de casa dá pra chegar à liderança. Só tem uma coisa que precisa ser dita: ninguém até aqui faz campanha de campeão como visitante, e o Grêmio está longe de ter uma das piores neste aspecto. Mas concordo, já que melhorar em casa é quase impossível, aumentar o aproveitamento fora é uma meta bem razoável.

Outra vantagem grande do Grêmio, além da tabela amena nas próximas rodadas, é que enfrentará quatro dos cinco principais rivais atuais de tabela dentro da Arena. Só contra o Santos o confronto é fora de casa.
Sim, a campanha fora de casa é a sétima do campeonato: nove pontos. A melhor é a do Santos, com 11. Ou seja, só dois pontos atrás.

E como tu disse, a briga está possível porque nenhum time despontou ainda como o Corinthians do ano passado, ou o Cruzeiro 2013/2014. Está tudo muito equilibrado. O que dá até uma certa graça pro campeonato.
Tem outros dados bem interessantes de se ver aqui:
http://www.resultados.com/futebol/brasil/serie-a/classificacao/
Vicente Fonseca disse…
Muito bom esse site, hein?

Esse cara aqui eu não gosto muito, mas essa parte é bem interessante pra ver quem está comparativamente melhor na tabela: http://www.ricaperrone.com.br/classificacao-planejada-2016/