O Flamengo já subiu de patamar com Guerrero. Só precisa não depender tanto dele
Marcelo Grohe falha na saída pelo segundo jogo seguido: Fla 1 a 0 |
É fato que o elenco reduzido do Grêmio começa a sentir fisicamente o desgaste pela sequência forte de jogos, mas isso não invalida o crescimento do Flamengo com o bi-artilheiro da Copa América. A mudança não apenas técnica, mas anímica da equipe, é visível. Exposta devido à combatividade nula de Emerson Sheik, a defesa formada por Marcelo e Wallace foi ontem tão brilhante quanto Guerrero, ganhando todas as divididas por cima e a grande maioria por baixo. Mais uma vez, o cansaço dos gaúchos era evidente, e isso colaborou. Mas não se pode negar a boa atuação rubro-negra, a mais consistente da equipe de Cristóvão Borges em todo o Brasileirão.
Servindo de referência física, tática e técnica na frente, Guerrero tem o poder de coordenar todo o sistema ofensivo do Flamengo. Se antes o elenco se ressentia da falta de um meia centralizado, ontem Éverton fez uma de suas melhores partidas na temporada jogando nesta função. A dupla já havia funcionado bem em Porto Alegre, como o golaço que definiu a vitória sobre o Inter deixou claro. Pelos lados, Sheik e Marcelo Cirino dão qualidade técnica, servindo como opção de tabela ao peruano, e ainda possuem poder de fogo para definir. Nada disso é possível ou faz sentido, porém, sem Guerrero. Mesmo com então apenas um jogo pelo Flamengo, já havia ficado visível como o time estava sendo montado para ele na derrota vexatória para o Corinthians no Maracanã, onde sua ausência foi um verdadeiro desastre. A campanha sem ele é de rebaixado; com ele, ainda que muito cedo, de campeão. Poderá ser de G-4, quem sabe, se ele mantiver o nível.
Mas é claro que, antes de qualquer empolgação, é preciso salientar que há problemas. Alguns Cristóvão corrigiu durante o jogo: sem qualquer combatividade na saída de bola adversária, Emerson Sheik permitiu que Galhardo, Luan e Giuliano fizessem a festa em cima do lateral Jorge no primeiro tempo. A troca de posição entre Sheik e Cirino dificultou a vida do Grêmio de jogar pelos lados. Já sem o apagado Douglas, Giuliano jogou centralizado no segundo tempo, e caiu de produção. Ainda assim, em termos coletivos, o Grêmio nunca foi inferior ao Flamengo. É um time mais bem montado, mais bem acabado, de sentido coletivo muito superior. Foi superado na base da individualidade, da falta de boas opções no banco e de erros causados pelo cansaço de seus melhores jogadores.
O cuidado, de agora em diante, é para que a dependência, em qualquer sentido que se analise, seja menor, para não prejudicar o time. Ausências em um campeonato tão longo, ainda mais para um jogador de seleção como Guerrero, serão frequentes. O desafio de Cristóvão não é achar um modo de jogar para o peruano, mas sim um modo seguro de atuar sem ele.
Comentários
A minha dúvida agora é que time vai a Criciúma, e como o Roger vai lidar com as competições paralelas (copa do Brasil ou sul-americana).
Tiago