De virada em virada, o Belgrano surpreende a Argentina
Un equipo que nunca va a bajar los brazos. Assim definiu a transmissão argentina o Belgrano, a principal surpresa do campeonato de 2015. O contexto naquele momento do jogo contra o Banfield era claro: fora de casa, a equipe de Córdoba perdia por 1 a 0, mas já havia criado ao menos cinco chances claras na etapa final. Estava próxima de um empate, ou mais: de uma virada. No certame todo tem sido assim. E foi assim mais uma vez.
Ricardo Zielisnki faz um trabalho de longo prazo no Gigante de Alberdi, algo que não conta com precedentes tão recentes no futebol brasileiro. Já são quase cinco anos por lá. Era ele o técnico no famoso duelo com o River Plate, que subiu a equipe celeste para a primeira divisão e rebaixou os millonarios para a segunda, fato que completou quatro anos há cerca de um mês. Daquela equipe seguem como titulares o goleiro Olave (uma lenda do clube cordobês), o zagueiro Pérez e o volante Farré.
O lance da virada em duas imagens: oito jogadores do Belgrano defendem a equipe. A bola é roubada.... |
A campanha se destaca pelas viradas. De fato, essa é uma marca que justifica a frase da narração do jogo de ontem, e que, muito mais que uma coincidência, caracteriza o time de Zielinski. Foram cinco, quatro delas fora de casa. Em 17 partidas, a equipe de Córdoba saiu perdendo em nove delas, a maioria, mas conseguiu reverter a desvantagem em cinco, também a maioria. E olha que muita gente grande foi batida. A primeira vítima foi o Independiente, em Avellaneda; a seguir vieram Vélez e Sarmiento, antes do Banfield. Em casa, o Argentinos foi superado na semana passada, com um golaço de falta do zagueiro Pérez aos 49 da etapa final. O Quilmes também foi derrotado em Córdoba com um gol nos acréscimos - mas aí sem uma remontada.
Se dentro do Estádio Kempes o desempenho é de 66,7%, fora dele é de 62,5%. A campanha em casa é boa, mas fora é excepcional. A dominação exercida ontem em Lomas de Zamora no segundo tempo, em busca da virada, foi impressionante. Zielinski não teve medo de mudar a formação tática da equipe na etapa final e empurrar o Banfield contra seu campo. Algo que só uma equipe madura e de grande personalidade é capaz. O Belgrano pode não ser considerado um dos grandes argentinos em termos históricos, mas vem jogando como um deles, com a faca nos dentes e muita confiança, desde o início da temporada.
Zelarayán comemora o golaço: el Pirata sigue sumando - y remando |
O móvel 4-4-1-1 de Zielinski |
Mas esta equipe surpreendente tem condições de disputar o título argentino? A resposta saberemos nas próximas semanas. O Belgrano terá pela frente uma duríssima sequência de jogos nas próximas quatro rodadas, enfrentando Boca (casa), Racing (fora), Tigre (casa) e Rosario Central (fora), todos ocupantes das sete primeiras posições do campeonato. Mantendo-se firme entre os primeiros nesta sequência, o restante da competição será mais suave, e aí a tendência é de chegar nas cabeças. Os dois primeiros garantem vaga direta à Libertadores, e os quatro subsequentes jogam play-offs que definirão os dois outros classificados. A equipe de Córdoba já terá uma experiência continental jogando a Sul-Americana neste segundo semestre. Isso pode dividir atenções com o campeonato, mas também dar a experiência continental que falta ao clube para a Libertadores do ano que vem, o grande objetivo em Alberdi.
Portanto, ojo con o Pirata. E é bom não sair comemorando o primeiro gol contra eles com tanta confiança assim. O recado não vale apenas para os argentinos, mas para toda a América do Sul.
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