Para animar o Carnaval

Ontem mesmo comentávamos que o Grêmio, pela primeira vez em uma década, ostentava um plantel realmente numeroso e qualificado. Mas o texto que publicamos ficou velho em questão de horas. Porque em uma sexta-feira maluca e cheia de novidades, o Tricolor acertou a vinda de mais dois grandes reforços que o colocam em pé de igualdade com os principais times do continente. Desde os tempos da famigerada ISL o Tricolor não começava o ano tão promissor.

Primeiro veio a confirmação de André Santos, uma solução definitiva para a lateral esquerda. Só não mais definitiva porque ficará por apenas seis meses, até acabar a Libertadores. Foi a busca emergencial para suprir a carência mais notável do plantel azul, que conta com o jovem Alex Telles e o eternamente lesionado Fábio Aurélio. Para a Libertadores, é mais que suficiente. Trata-se de um jogador com nível de seleção brasileira.

Mas o principal, sem dúvida, é a vinda de Barcos. Para o elenco, talvez não seja tão necessário quanto André Santos. Mas a contratação do argentino dá bem a dimensão da ambição de Fábio Koff e Rui Costa, que é a de ganhar a Libertadores. O ultimamente contestado Marcelo Moreno estava perdendo seu principal concorrente no elenco, André Lima, de malas prontas para a China. Willian José deu pouca resposta. Pois o plantel, em vez de enfraquecer com a saída do camisa 99, se qualifica, e muito: Barcos vem para ser titular e formar com Vargas uma dupla de ataque que promete ser absolutamente infernal. E o melhor: Moreno fica na Arena. Luxemburgo terá à disposição a melhor dupla de centroavantes da América do Sul. Nenhum elenco no continente tem dois camisas 9 do nível de Moreno e Barcos como opções. Seja quem for que saia do onze inicial, a qualidade será mantida.

Ceder Moreno e outros quatro jogadores e mais R$ 7 milhões para o Palmeiras não seria um negócio tão bom assim. Mesmo sendo um sonho antigo do Grêmio, Barcos não é tão superior ao boliviano a ponto de valer tanto a mais como a negociação inicial supunha. O Verdão perde seu principal ídolo, mas ganha uma boa grana, se livra de dívidas e recebe Léo Gago, Vilson, Leandro e Rondinelly, encorpando um elenco que não tem chance alguma na Libertadores, mas tem tudo para subir com facilidade na Série B, o principal objetivo do ano. Fora que Barcos nitidamente não desejava permanecer no Palestra. Já o Grêmio acresce qualidade de forma inegável ao seu time e alivia sua folha salarial. Com a saída de quatro jogadores, nem mesmo o alto salário que Barcos certamente receberá em Porto Alegre pesará tanto nas finanças. Foi um negócio positivo para todos.

Agora, é tudo com Vanderlei Luxemburgo. Em 2012, ele construiu um time do início, recebeu jogadores de alto nível no Campeonato Brasileiro e levou um bom elenco a uma ótima campanha, cumprindo as expectativas. Agora, o elenco é numeroso e qualificado como só Corinthians e Fluminense dispõem no país. Vargas e Cris já deixavam o time mais encorpado em relação ao ano passado, mas só nesta semana vieram Adriano, Welliton, Barcos e André Santos, jogadores que, unidos a Dida, Marcelo Grohe, Werley, Fernando, Souza, Zé Roberto, Elano, Kleber, Marcelo Moreno e Bertoglio, fazem do Grêmio um timaço em potencial.

A hora é de ver se Luxa ainda não perdeu a mão em formar esquadrões com elencos milionários, como tantas vezes conseguiu em Palmeiras, Corinthians e Cruzeiro. Se não perdeu o jeito, e se cumprir a expectativa como no ano passado, levará o Grêmio ao tricampeonato da América no meio do ano. A exigência, aliás, será esta. Sua responsabilidade aumentou ainda mais.