Quem é o copeiro?
O turning-point: gol no fim do 1º tempo pôs o Goiás no jogo |
A derrota para o Goiás fecha com chave de latão um ano ridículo do Palmeiras. Não fez cócegas no Paulistão, caiu para o Dragão (que é goiano também) na Copa do Brasil e fazia um Campeonato Brasileiro convenientemente ruim em nome da priorização da Copa Sul-Americana. Agora, não sobrou absolutamente nada. Talvez Felipão e sua convicção de que 2011 pode ser melhor do que foi 2010. Dificilmente será pior.
É preciso, no entanto, valorizar os méritos do Goiás. Um time fraco, fraquíssimo, mas que joga com extrema bravura na Copa Sul-Americana. Adianto que duvido muito que passe por Independiente ou LDU: ambos têm jogado mais que o Palmeiras, e certamente não entrarão com o salto-alto que permeou toda a semana. Desde que Marcos Assunção acertou aquele balaço no Serra Dourada, ninguém cogitou da possibilidade de um crime hoje. Pois é.
O Palmeiras fez seu gol, belo chute de Luan, quando jogava melhor. Continuou superior ao Goiás até o final do primeiro tempo, quando saiu o empate. Um resultado achado, mas que funcionou como uma ducha gelada num Pacaembu nunca preparado para aquilo. Foi o último lance do primeiro tempo. Ali, pela primeira vez, visualizei, lá ao fundo, uma pequena possibilidade de virada. Parecia delírio, e era mesmo.
Na etapa final, o time de Arthur Neto repetiu uma virtude que o têm levado adiante na competição, e até mesmo no Brasileiro, quando empatou com o Fluminense no Rio: organização defensiva. Parece mentira: o Goiás tem, disparado, a pior defesa do Brasileirão. Foram 64 gols sofridos. Mas aqui era a Sul-Americana. E Arthur Neto chegou há pouco tempo, mas o suficiente para fazer de Marcão um eficiente zagueiro pela esquerda, como nos tempos de Atlético/PR.
Entre outros méritos, pois vários jogadores tiveram relativo destaque, dentro das proporções de um time fragilizado, mas que se superou. O 2 a 1 representava o que era o jogo: o Goiás era mais perigoso que o Palmeiras mesmo. O time de Felipão perdia divididas, se afobava, era desorganizado. Confiava em Kleber e Lincoln além da conta. Sozinhos, eles não foram capazes de decidir. Faltou conjunto. Faltou o dedo de Luiz Felipe, que aliás não se viu em momento algum desta temporada.
E aí está a zebra da semana, uma daquelas do ano. Surpreendente é, mas convém lembrar que o Goiás se classificou em todas as fases da Copa Sul-Americana fazendo o segundo jogo fora de casa. Em três desses, venceu a partida como visitante. No Uruguai, contra o Peñarol, segurou uma derrota que o classificava. É menos time que LDU e Independiente, mas pode levar. Como levou hoje.
Copa Sul-Americana 2010 – Semifinal – Jogo de volta
24/novembro/2010
PALMEIRAS 1 x GOIÁS 2
Local: Pacaembu, São Paulo (SP)
Árbitro: Heber Roberto Lopes (BRA)
Público: 36.410
Renda: R$ 711.429,00
Gols: Luan 33 e Carlos Alberto 47 do 1º; Ernando 36 do 2º
Cartão amarelo: Douglas e Marcão
PALMEIRAS: Deola (5,5), Márcio Araújo (4,5), Maurício Ramos (5), Danilo (5) e Gabriel Silva (5); Edinho (6), Marcos Assunção (5), Tinga (6) (Ewerthon, 41 do 2º - sem nota) e Lincoln (5,5) (Dinei, 32 do 2º - sem nota); Luan (6) e Kleber (5,5). Técnico: Luiz Felipe (4)
GOIÁS: Harlei (6,5), Rafael Tolói (6,5), Ernando (6,5) e Marcão (7,5); Douglas (4) (Felipe, intervalo – 4,5), Carlos Alberto (6,5), Amaral (6), Marcelo Costa (6,5) e Wellington Saci (4,5); Otacílio Neto (5) (Jonílson, 40 do 2º - sem nota) e Rafael Moura (7). Técnico: Arthur Neto (7,5)
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra.
Comentários
É um elenco muito caro, mas reacheado de jogadores comuns. Um time fraco, que só tem o peso da camisa do Palmeiras e um técnico de ponta.
À exceção de Marcos Assunção, que desde sempre bateu faltas com perfeição, o resto do time é limitado e comum ou tem bons jogadores em fase descendente, como Lincoln, Ewerthon, Kléber e Valdívia.
Um elenco muito caro, para uma equipe medíocre e resultados nulos
Pois é, Lique. Eu andava descrente com o Palmeiras, porque o time vem jogando mal. Inclusive em Goiânia não mostrou nada de mais. Aí pegou um Goiás com a faca nos dentes e louco pra apagar o ano ruim e caiu fora.
É um time que pode ser campeão. Tem menos chances do que teria o Palmeiras, mas tem chances.
E o time do Palmeiras é aquilo que falávamos, inclusive no Carta da última segunda-feira: não há jogada, não há nem organização. Em jogo que nã houve falta para Marcos Assunção, perderam!
O Goiás entra como zebra na final, vitória sobre qquer um dos times da outra chave, será surpresa. Mas a grande merda para os gremistas, nesse momento, é que surpresas acontecem.
Não há nada de novo em dizer isso, mas parece que o Felipão precisa de uma reciclagem. Time não tem o dedo do treinador, é uma estrutura amorfa e sem nenhuma capacidade de surpreender - exatamente como os últimos times de Luxemburgo, aliás. Mesmo quando ganhou do Grêmio em POA o Palmeiras foi previsível, fazendo gol de bola parada, fechando na defesa e usando o contra ataque. Não é um elenco estelar, mas poderia apresentar um futebol com mais opções - o que não ocorre, na minha opinião, por uma profunda acomodação de Mr. Scolari.
Igor, Felipão terá a chance de provar, em 2011, se está ou não acomodado. Terá bastante trabalho: remodelar um Palmeiras dependente da bola parada do Assunção e cheio de jogadores medianos. Veremos sua mão (ou não) na próxima temporada. Mas eu esperava bem mais dessa: um time que chegasse próximo de brigar pelo G-4 e, fundamentalmente, jogasse mais bola. No primeiro adversário que não fosse fraquíssimo na Sul-Americana, caiu fora.
Isso abre um precedente para posterior análise quanto à mudança no perfil dos dirigente tão desejada por alguns especialistas, tipo Juca Kfouri. O que o Dr. Luiz Gonzaga Belluzzo e os ex-esportista Carlos Arthur Nuzman trouxeram de novidades para a gestão esportiva?
Quanto ao jogo, concordo com o Igor. Além disso, ficou a impressão que esse time do Goiás não é tão ruim como sua campanha no Brasileirão faz parecer. Aliás, é mais resultado do que aconteceu fora de campo, com renúncia do presidente esmeraldino em meio ao prélio
Incrível a campanha dessa naba na competição. Ganhou do Grêmio, Avaí e agora Palmeiras fora de casa, e segurou derrota que o classificava fora de casa, e contra um Uruguaio. Difícil achar um adjetivo que enquadre de forma justa a bravura deste time. Me sinto obrigado a torcer enlouquecidamente.