A um passo do título
O jogo que encaminhou o título brasileiro para o Flamengo foi o de Goiânia. Sempre ficou claro que o time que terminasse o domingo à frente muito provavelmente se sagraria campeão brasileiro uma semana depois. E o São Paulo era quem dependia de si para chegar nesta situação. Dominou o começo de jogo e depois parou. Começou a rodada líder e termina ela em quarto lugar. Coisas de um campeonato maluco, que chega com quatro candidatos ao título separados por apenas dois pontinhos em sua rodada fatal.
Até porque o restante ocorreu dentro do esperado. O Internacional conseguiu sua primeira virada na Ilha do Retiro, num primeiro tempo problemático e num segundo tempo de pressão até saírem os gols. Mais uma vez, a saída de D'Alessandro foi determinante para a vitória - visto que, além de não jogar bem, cedeu lugar ao autor do gol decisivo, Andrezinho. O Inter está na Libertadores, mas complica-se na medida que o Flamengo derrotou o Corinthians por 2 a 0 e está dois pontos à frente, com toda a questão que envolve a rivalidade Gre-Nal borbulhando de uma forma completamente inusitada.
Flamengo, aliás, que assume a liderança pela primeira vez justamente hoje. Se for o campeão, e deverá ser mesmo, será o primeiro nos últimos anos que ganha o título mais por individualidades brilhantes que pelo conjunto forte - algo que não acontecia desde o Corinthians de 2005. Mas não que não tenha elenco: jogou sem Adriano e mesmo assim venceu o time paulista, que não teve forças para reagir - seja pelas duas substituições no primeiro tempo, pelas expulsões de Mano Menezes e Chicão, pelo pênalti discutível marcado no finzinho ou até pela rivalidade alvinegra com o São Paulo.
Entraremos agora numa semana curiosa, onde todo o tipo de conjectura será efetuado. O Grêmio não tem mais interesse no campeonato. Já ajudou o Inter tirando pontos de rivais diretos nas últimas rodadas, mas nada indica que deverá fazer o mesmo agora. Não entrará para perder, não vai fazer gols contra de propósito, não será um Viana x Chapadinha. Mas jogadores podem receber férias antecipadas, a torcida já pede para que o time perca, e os dirigentes se dizem sensíveis ao que pede a massa que apoia o clube. Entrará, sim, desmobilizado. Mas tiraria pontos do Flamengo se entrasse com força máxima, a valer? O Internacional já ganhou do Santo André, que ainda luta para não cair? São duas perguntas que também devem ser feitas.
O Grêmio, acertadamente, tenta tirar a pressão de seus ombros. Afinal, nada mais tem a fazer no campeonato. O que todos os outros tentam é fazer justamente o contrário: impor-lhe a pressão. E, parando para pensar, não é pouco: de um lado, perdendo, poderia ser-lhe imputada a mancha da derrota proposital, dependendo de como ela venha; de outro, tirar pontos do Flamengo e ajudar o rival a ganhar o título seria contrariar a própria torcida. Nenhum dos responsáveis, dirigentes ou jogadores, seria poupado pelos torcedores, que vivem a rivalidade intensamente no dia-a-dia. E é por esta pressão extrema, interna, que descreio que o Grêmio vá jogar a morrer no Maracanã. Jogará desmotivado, ou ao menos não tão firme como o Flamengo entrará. Não entrará com o propósito claro de perder. Mas certamente (e naturalmente) com menos entusiasmo para tentar o resultado assim que uma eventual derrota comece a se concretizar. Dificilmente terá forças ou as buscará para iniciar uma reação, por exemplo. E convenhamos que isto está longe de ser algo inédito no futebol mundial.
A rivalidade extrema pode até incentivar um clube a ser maior que o outro, a superar o rival, e a aumentar o rol de títulos de ambos os lados. Mas, por outro, também pode diminuir ambos.
Rebaixamento
Três times dependem apenas de si próprios para escapar. Coritiba e Botafogo precisam vencer; o Fluminense se salva com empate. O Santo André só com vitória e derrota do Coxa ou do Fogão. O Atlético-PR escapou derrotando um Botafogo apático e que novamente habita a zona da degola. Os cariocas farão com o Palmeiras um dos jogos mais dramáticos da última rodada. Mas Coritiba x Fluminense é o jogo mais eletrizante, mesmo que os dois possam escapar com fracasso botafoguense.
Grêmio 4 x 2 Barueri
Primeiro tempo avassalador, como foi durante o campeonato inteiro no Olímpico. Goleada construída através de uma nova afirmação do esquema proposto por Marcelo Rospide, que deixa três meias (Souza, Maylson e Douglas Costa) servindo Maxi López a todo instante. O argentino nunca esteve isolado, mesmo sendo o único atacante do 4-5-1. Teve grande atuação, participou dos melhores movimentos de ataque e ainda anotou o seu gol no fim.
Após o intervalo entrou Tcheco, festejado por todos (bem como Luiz Carlos Goiano, treinador adversário). Douglas Costa e Souza foram abraçá-lo após marcarem seus gols, e de forma merecida. Quase anotou de calcanhar aquele que seria seu mais bonito gol em quatro anos de Olímpico, justamente em seu último jogo com a camisa tricolor. Mas o segundo tempo gremista foi de um time apático, com resultado garantido, o que contrastava com o apetite de Val Baiano por brigar pela artilharia. O principal de tudo, porém, é o extraordinário fato de o Grêmio terminar o ano invicto dentro do Estádio Olímpico, sendo o único mandante na era dos pontos corridos a atingir tal feito, algo que nem o espetacular Cruzeiro de 2003 conseguiu.
Foto: Petkovic e Zé Roberto comemoram: sexto título nacional virá com vitória simples sobre o Grêmio (Gazeta Press).
Até porque o restante ocorreu dentro do esperado. O Internacional conseguiu sua primeira virada na Ilha do Retiro, num primeiro tempo problemático e num segundo tempo de pressão até saírem os gols. Mais uma vez, a saída de D'Alessandro foi determinante para a vitória - visto que, além de não jogar bem, cedeu lugar ao autor do gol decisivo, Andrezinho. O Inter está na Libertadores, mas complica-se na medida que o Flamengo derrotou o Corinthians por 2 a 0 e está dois pontos à frente, com toda a questão que envolve a rivalidade Gre-Nal borbulhando de uma forma completamente inusitada.
Flamengo, aliás, que assume a liderança pela primeira vez justamente hoje. Se for o campeão, e deverá ser mesmo, será o primeiro nos últimos anos que ganha o título mais por individualidades brilhantes que pelo conjunto forte - algo que não acontecia desde o Corinthians de 2005. Mas não que não tenha elenco: jogou sem Adriano e mesmo assim venceu o time paulista, que não teve forças para reagir - seja pelas duas substituições no primeiro tempo, pelas expulsões de Mano Menezes e Chicão, pelo pênalti discutível marcado no finzinho ou até pela rivalidade alvinegra com o São Paulo.
Entraremos agora numa semana curiosa, onde todo o tipo de conjectura será efetuado. O Grêmio não tem mais interesse no campeonato. Já ajudou o Inter tirando pontos de rivais diretos nas últimas rodadas, mas nada indica que deverá fazer o mesmo agora. Não entrará para perder, não vai fazer gols contra de propósito, não será um Viana x Chapadinha. Mas jogadores podem receber férias antecipadas, a torcida já pede para que o time perca, e os dirigentes se dizem sensíveis ao que pede a massa que apoia o clube. Entrará, sim, desmobilizado. Mas tiraria pontos do Flamengo se entrasse com força máxima, a valer? O Internacional já ganhou do Santo André, que ainda luta para não cair? São duas perguntas que também devem ser feitas.
O Grêmio, acertadamente, tenta tirar a pressão de seus ombros. Afinal, nada mais tem a fazer no campeonato. O que todos os outros tentam é fazer justamente o contrário: impor-lhe a pressão. E, parando para pensar, não é pouco: de um lado, perdendo, poderia ser-lhe imputada a mancha da derrota proposital, dependendo de como ela venha; de outro, tirar pontos do Flamengo e ajudar o rival a ganhar o título seria contrariar a própria torcida. Nenhum dos responsáveis, dirigentes ou jogadores, seria poupado pelos torcedores, que vivem a rivalidade intensamente no dia-a-dia. E é por esta pressão extrema, interna, que descreio que o Grêmio vá jogar a morrer no Maracanã. Jogará desmotivado, ou ao menos não tão firme como o Flamengo entrará. Não entrará com o propósito claro de perder. Mas certamente (e naturalmente) com menos entusiasmo para tentar o resultado assim que uma eventual derrota comece a se concretizar. Dificilmente terá forças ou as buscará para iniciar uma reação, por exemplo. E convenhamos que isto está longe de ser algo inédito no futebol mundial.
A rivalidade extrema pode até incentivar um clube a ser maior que o outro, a superar o rival, e a aumentar o rol de títulos de ambos os lados. Mas, por outro, também pode diminuir ambos.
Rebaixamento
Três times dependem apenas de si próprios para escapar. Coritiba e Botafogo precisam vencer; o Fluminense se salva com empate. O Santo André só com vitória e derrota do Coxa ou do Fogão. O Atlético-PR escapou derrotando um Botafogo apático e que novamente habita a zona da degola. Os cariocas farão com o Palmeiras um dos jogos mais dramáticos da última rodada. Mas Coritiba x Fluminense é o jogo mais eletrizante, mesmo que os dois possam escapar com fracasso botafoguense.
Grêmio 4 x 2 Barueri
Primeiro tempo avassalador, como foi durante o campeonato inteiro no Olímpico. Goleada construída através de uma nova afirmação do esquema proposto por Marcelo Rospide, que deixa três meias (Souza, Maylson e Douglas Costa) servindo Maxi López a todo instante. O argentino nunca esteve isolado, mesmo sendo o único atacante do 4-5-1. Teve grande atuação, participou dos melhores movimentos de ataque e ainda anotou o seu gol no fim.
Após o intervalo entrou Tcheco, festejado por todos (bem como Luiz Carlos Goiano, treinador adversário). Douglas Costa e Souza foram abraçá-lo após marcarem seus gols, e de forma merecida. Quase anotou de calcanhar aquele que seria seu mais bonito gol em quatro anos de Olímpico, justamente em seu último jogo com a camisa tricolor. Mas o segundo tempo gremista foi de um time apático, com resultado garantido, o que contrastava com o apetite de Val Baiano por brigar pela artilharia. O principal de tudo, porém, é o extraordinário fato de o Grêmio terminar o ano invicto dentro do Estádio Olímpico, sendo o único mandante na era dos pontos corridos a atingir tal feito, algo que nem o espetacular Cruzeiro de 2003 conseguiu.
Foto: Petkovic e Zé Roberto comemoram: sexto título nacional virá com vitória simples sobre o Grêmio (Gazeta Press).
Comentários
Quanto ao Inter, rumo ao Bi-Mundial FIFA em 2010!
Mas, por outro, também pode diminuir ambos.
Me parece que é o caso. Mas também não há como se exigir outra conduta do Grêmio, 2008 ainda está muito vivo na torcida.
Nessa provocação barata do Kenny braga/Guerrinha/Piffero, tem muita gente esquecendo que um empate no Maracana também serve pro inter. E o Grêmio empatou com Cruzeiro e Palmeiras (mas não imagino que isso aconteça)
tá certo. A luta pelo título da Sul-Americana de 2009 vai impedir o Grêmio de usar força máxima no Maracanã. Isso todos sabemos.
só não esqueçam que o futebol é imprevisível...vai lá Roberson, aos 45 do segundo tempo...
porque não um WO, hein? Seria mais digno.
Só a paixão clubística ou o desconhecimento da rivalidade GRE-nal justificam alguém querer que o Grêmio jogue a morrer contra o Flamengo. Mais do que desinteresse no jogo, há o claro desinteresse do Grêmio em ganhar ou mesmo empatar a partida - placares que não servem em termos de tabela e que ainda favorecem o maior de todos os rivais. Entregar o jogo certamente não vai - mas não fará esforço algum para vencer, o que é muito diferente. E que sim, é EXATAMENTE o que o Inter fez contra o São Paulo o ano passado, quando também estava no seu direito de colocar reservas em campo. Para ambos, é um constrangimento: o Grêmio jogando para ajudar o rival, e o Inter torcendo para o Grêmio ganhar. Será uma semana curiosa, sem dúvida - mas, de qualquer modo, só uma tragédia tipo Maracanazo tira o título do Flamengo, porque será aí sim um caso deles perderem para si mesmos. Para o Grêmio, duvido muito.
essa entregada em potencial do Grêmio renderá piadas infinitas até domingo.
DEIXA COM NÓS.
Discordo. O Flamengo passou a vencer justamente quandoi passou a ser mais que individualidade e criou um conjunto forte.
Me referi muito mais ao fato de o time não ter o melhor elenco do Brasil, não é o que tem mais opções qualificadas. Mas é o que tem Adriano e Petkovic, dois dos melhores jogadores em atividade por aqui.
Bruno, Léo Moura, Angelim, Alvaro e Juan são todos bons jogadores. Willans, Maldonado excelentes. Pet e Adriano fora-de-série.
O que eles têm pouco, realmente, é banco.
"Fernando Carvalho cogita possível punição ao Grêmio, caso haja entregada"
"Alecsandro rebate declaração de Souza: 'Entregar jogo não é digno de homem'"
o grêmio 2009 não precisa entregar o jogo pra perder no maraca.
Por trás da aparente situação confortável para o Grêmio, há um grande constrangimento para todos. Ninguém, por mais que faça piada ou se aproveite da situação, gostaria de passar por isso.
Em vez de só amorcegar a semana inteira, falam em entregar antes pra depois falar em vitória domingo. Tudo errado, como sempre tem sido as entrevistas dos dirigentes gremistas em 2009.
Silas acertado. Sua entrevista deixa claro que será anunciado dia 6. Boa.
RJ em chamas com Flamengo, Fluminense e Vasco. Só pode ser efeito 2016.
VdP: "desseq", forma imperativa, exalada em forma de murmúrio, do verbo "dessecar", inventado pelos colorados nessa na noite do domigo.
quer dizer, até tenho: espero que não incendeiem carros no bar da frente da minha casa.
Me parece que é o caso. Mas também não há como se exigir outra conduta do Grêmio, 2008 ainda está muito vivo na torcida."
É por isso que essa "rivalidade" no futebol virou a guerra que é. Um bando de infelizes secam, entram com times reserva, entregam jogo, etc, e um bando de mais infelizes se sentem injustiçados e buscam vingança. Pelo futebol nós vemos como o ser humano é miserável mesmo...
Simplesmente não consigo entender essa secação. É muita fraqueza de espírito.
Mas enfim, como acredito que o Inter amoleceu contra o São Paulo ano passado, deixem que o Grêmio se nivele entregando o jogo. Todos quites, prontos para parar com essa bobagem.
Vine, acho que a rivalidade aqui extrapola um pouco. Mas é difícil remar contra a maré. Qual a primeira coisa que fazemos quando nosso time ganha? É chegar na janela e gritar para que o rival ouça, tirando sarro - antes mesmo de comemorarmos o nosso próprio feito. Outros tantos (não é meu caso, particularmente) gostam mais da desgraça do outro que da sua própria glória. Se aqui levássemos mais a coisa na brincadeira, certamente a semana seria um pouco mais leve. Poderia tirar a graça? Talvez. É claro que em qualquer lugar do mundo haveria a discussão sobre entregar ou não: o Gimnasia já prejudicou o Estudiantes outras vezes, por exemplo. Mas acho que a gente precisa fazer a mea-culpa e se levar um pouco menos a sério, ainda mais no futebol. Jogadores correndo o risco de serem hostilizados pela própria torcida, dirigentes ameaçando o clube de ser eliminado do futebol... Tudo isso é muito chato e lamentável.
O engraçado, no caso particular da dupla Gre-Nal, é que na hora de comemorar o 20 de setembro ou bradar o orgulho da nossa terra todos são iguais. Isso podia até ser usado pela direção colorada para mobilização...