Mais um na briga

O Palmeiras passou por sua valentia e abnegação; o Colo Colo caiu por sua covardia. Mesmo que o jogo fosse em Santiago, que os paulistas precisassem da vitória, que os chilenos contassem com a expulsão de Marcão, nada disso impediu a vitória palmeirense. Os donos da casa, com toda esta vantagem, desistiram do jogo. Nunca fizeram questão de ganhá-lo. Pelo contrário, retraíram-se ainda mais. E pagaram um alto preço.

Mas quem pagava os pecados da péssima atuação no jogo de São Paulo era o Palmeiras. Mesmo dominando o Colo Colo no primeiro tempo, cansou de perder gols. Keirrison realmente não anda de bem com as redes. O esquema 3-6-1 de Luxemburgo dominou a equipe chilena nos 45 iniciais. É claro que a lesão de Macnelly Torres logo aos 13 minutos facilitou muito. Sem ele na criação, Pierre e os zagueiros puderam dar atenção redobrada a Barrios, que, pouco abastecido, mal pegou na bola. Dada a tranquilidade defensiva, foi partindo para cima que o controlou o jogo. Diego Souza levava perigo, Souza tinha atuação com personalidade. Mas ainda faltava o gol.

O segundo tempo, porém, veio anunciando a desclassificação. A entrada de Willians no lugar de Wendel, em vez de aumentar o poder de fogo, piorou a consistência da equipe. Sem o meio recheado da etapa inicial, o Palmeiras viu um Colo Colo mais agressivo tomar conta do jogo. Eram poucas as chances de gol, mas os avanços palmeirenses eram bem mais raros. A seguir, a expulsão desnecessária de Marcão, melhor zagueiro do verdão até então, dava a entender que só no heroísmo a vaga viria. Diego Souza e Pierre, jogadores importantíssimos, ainda saíram lesionados.

O Colo Colo relaxou, arrefeceu a pressão inicial do segundo tempo e passou a administrar perigosamente a vantagem. O Palmeiras, que nada mais tinha a perder, veio para cima. Os gols perdidos voltaram a aparecer. O azar nas conclusões levava a crer que a vaga não deveria vir por uma questão de destino, mesmo. Mas o balaço inapelável de Cleiton Xavier aos 42 minutos, no ângulo de Muñoz, mudou tudo. Um gol que lembrou China, em 1983, na altitude de La Paz. Nos minutos finais, a valentia paulista foi premiada com a vitória e a suada classificação às oitavas.

Um adversário deve vir pela frente. E será jogo duríssimo. Esta classificação dramática fortalecerá muito o Palmeiras, time ainda jovem, mas clube acostumado à Libertadores. Há recursos técnicos, apesar de o time ainda não parecer pronto para ganhar a competição. Mas ninguém ouse duvidar do verdão. Uma vitória assim faz o time crescer demais para um mata-mata, dá uma confiança inestimável. Se o adversário das oitavas for mesmo forte e ainda assim for batido, surgirá no Palestra Itália um dos mais sérios candidatos ao título. Poucas vezes Luxemburgo teve uma jornada tão copeira como a desta noite, no Monumental de Santiago.

Taça Libertadores da América 2009 - 1ª Fase - Grupo 1 - 6ª rodada
29/abril/2009
COLO COLO 0 x PALMEIRAS 1
Local: Monumental, Santiago (CHI)
Árbitro: Carlos Torres (PAR)
Público: 31.038
Gol: Cleiton Xavier 42 do 2º
Cartão amarelo: Caroca, Figueroa, Millar, Maurício Ramos e Willians
Expulsão: Marcão 17 do 2º
COLO COLO: Muñoz (6), Figueroa (5), Mena (5,5), Riffo (4) e Salcedo (5,5); Sanhueza (5), Melendez (5,5) (Jara, 18 do 2º - 5), Millar (4,5) e Torres (sem nota) (Caroca, 16 do 1º - 5); Carranza (5) e Barrios (4,5). Técnico: Gualberto Jara (4,5)
PALMEIRAS: Marcos (6), Danilo (5,5), Maurício Ramos (5) e Marcão (4); Wendel (5,5) (Willians, intervalo - 4,5), Pierre (5,5) (Evandro, 14 do 2º - 5,5), Diego Souza (6) (Ortigoza, 37 do 2º - sem nota), Cleiton Xavier (7), Souza (6) e Armero (6); Keirrison (5). Técnico: Vanderlei Luxemburgo (6)

Foto: Reuters