Em noite de tensão, Cruzeiro elimina o Palmeiras e deve reviver semifinal contra o Grêmio

Gol de Diogo Barbosa coloca o Cruzeiro na semifinal. Como em 2016, Grêmio deve ser o adversário

A tão aguardada partida de volta entre Cruzeiro e Palmeiras, pelas quartas de final da Copa do Brasil, foi a antítese do jogo de ida. Se no Allianz Parque tivemos uma noite elétrica e aberta, no Mineirão a tônica foi um confronto estudado, fechado e tenso, como mandam os grandes mata-matas. Emoção, mesmo, só nos 20 minutos finais, quando o time mineiro saiu atrás, mas soube buscar o empate a tempo. Deve reviver a semifinal de 2016 contra o Grêmio, caso os gaúchos confirmem o favoritismo e eliminem o Atlético-PR nesta quinta-feira.

O herói da noite foi o lateral Diogo Barbosa: fez seu primeiro gol pela Raposa justamente no momento mais importante da temporada, e de cabeça, bem longe de seu estilo habitual. Ele, aliás, representa bem a estratégia do Cruzeiro hoje: jogador de apoio qualificado, o canhoto foi retido por Mano Menezes durante quase todo o jogo. O objetivo era bloquear os avanços de Roger Guedes pela direita ofensiva palmeirense. Sacrificar a ofensividade por um lado, para garantir segurança por outro. Movimentos de um verdadeiro jogo xadrez na Pampulha.

Com um enorme respeito mútuo, o primeiro tempo foi longo e pouquíssimo movimentado - mas muito tenso. Afinal, qualquer gol poderia mudar tudo. Isso ocorreu porque ninguém tinha motivos para se atirar: o Cruzeiro, por ter a vantagem do empate; o Palmeiras, porque se sofresse um gol teria de fazer dois. Assim, os dois times só atacavam na boa, devidamente resguardados, sem dar espaços nem oferecer o contra-ataque. Velocistas como Alisson e Dudu penavam para executar jogadas individuais.

Na etapa final é que começaram os movimentos agressivos. Cuca voltou com o habilidoso Keno no lugar de Guerra, discreto. Era a tentativa de dar vitória pessoal ao time para furar o bloqueio azul. Sem ver resultado, abriu ainda mais o time com Raphael Veiga e seu bom chute de longe no lugar de Felipe Melo. A partida não mudou de figura, no entanto, dada a boa organização defensiva e a estratégia cuidadosa de Mano Menezes. Até que Keno apanhou sobra livre num raro erro da marcação cruzeirense e contou com a sorte de a bola desviar em Lucas Romero e enganar Fábio. Eram 25 minutos do segundo tempo. Tensão evidente no rosto de cada um dos mais de 40 mil cruzeirenses presentes.

Sem muitas opções no banco para mudar o jogo, Mano ousou ao colocar o jovem Raniel no lugar de Rafael Sobis. Ousou porque apostou num jogador inexperiente, mas também porque não caiu na tentação de se atirar e abrir demais sua equipe, preferindo antes disso manter o equilíbrio tático. Cuca, por sua vez, tentou fechar o time, de escalação então ultraofensiva, ao tirar Dudu e pôr Tchê Tchê em cancha. Mas o Palmeiras não esteve equilibrado; ao contrário, se retraiu demais. Chamou o Cruzeiro para a pressão e ainda o marcou mal: Mina, 1,95 m de altura, deixou Diogo Barbosa, um lateral sem o cacoete da conclusão pelo alto, subir sozinho para empatar o jogo. Vale ressaltar o bom cruzamento de Alisson, jogador que às vezes irrita a torcida por erros de acabamento, mas cuja dedicação e iniciativa são quase sempre louváveis.

A classificação é importantíssima para a afirmação do Cruzeiro, equipe que ameaçou deslanchar, mas viveu momentos de irregularidade nesta temporada. Perder hoje seria acabar a última chance de título do ano, já que no Brasileirão o time está muito atrás dos líderes. A equipe não entra como favorita diante do Grêmio, ao contrário. Mas a camisa pesada e o crescimento que esta classificação pode gerar têm condições de equilibrar a disputa do mês de agosto. O jogaço entre ambos, ocorrido em 19 de junho (empate de 3 a 3, pelo Brasileiro) aumenta a expectativa pela provável revanche da semifinal do ano passado.

Ao Palmeiras, por sua vez, resta a Libertadores como última chance real de ganhar algo em 2017. A vaga hoje traria talvez a confiança que ainda faltasse ao time para se afirmar na temporada. O duelo contra o Barcelona SC no próximo dia 9 é decisivo também para o ano palmeirense. E olha que a desvantagem sofrida em Guayaquil torna a chance de mais uma queda preocupantemente real.
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Copa do Brasil 2017 - Quartas de final - Jogo de volta
26/julho/2017
CRUZEIRO 1 x PALMEIRAS 1
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (GO)
Público: 44.842
Renda: R$ 1.277.729,00
Gols: Keno 25 e Diogo Barbosa 39 do 2º
Cartão amarelo: Alisson, Arrascaeta, Thiago Neves, Mina, Egídio e Edu Dracena
CRUZEIRO: Fábio (6), Romero (5,5), Léo (6,5), Murilo (6) e Diogo Barbosa (7); Henrique (5,5), Cabral (6,5) e Thiago Neves (6); Élber (5,5) (Arrascaeta, 16 do 2º - 6), Rafael Sobis (5,5) (Raniel, 31 do 2º - 5) e Alisson (6,5) (Lucas Silva, 42 do 2º - sem nota). Técnico: Mano Menezes
PALMEIRAS: Jaílson (6), Jean (6), Mina (4,5), Edu Dracena (5,5) e Egídio (5); Felipe Melo (5,5) (Raphael Veiga, 12 do 2º - 5,5), Thiago Santos (5,5) e Guerra (4,5) (Keno, intervalo - 6); Roger Guedes (5), Borja (4,5) e Dudu (5,5) (Tchê Tchê, 28 do 2º - 5). Técnico: Cuca

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