Oitavas da Libertadores: cinco brasileiros de um lado, Galo e argentinos do outro

A força claramente maior dos líderes de grupo em relação aos vice-líderes tornou o resultado do sorteio das oitavas de final da Libertadores bastante equilibrado no geral. É difícil apontar um clube com caminho mais tranquilo ou complicado que outro.

Mesmo sem a obrigatoriedade de confrontos domésticos antes da final, os chaveamentos praticamente fincaram os brasileiros de um lado e os argentinos do outro. A exceção foram os representantes do Grupo 6: o brazuca Atlético Mineiro caiu do lado platino da disputa, enquanto o Godoy Cruz ficou do lado com cinco representantes dos pentacampeões mundiais.

Os jogos de ida serão de 4 a 6 de julho, e os de volta de 8 a 10 de agosto. Os clubes da Argentina ainda tentam adiar as partidas iniciais para agosto, já que o campeonato nacional estará em período de férias no mês que vem, devido à greve que marcou o futebol do país em janeiro e fevereiro deste ano. As chances de a Conmebol mudar o calendário, porém, são pequenas. Isso pode tirar ritmo de jogo dos platinos e favorecer as equipes de países concorrentes, equilibrando algumas disputas em tese desparelhas, como River x Guaraní.

Neste sentido, os jogos entre Lanús e The Strongest tendem a ser os mais imprevisíveis. Os argentinos tiveram a segunda melhor campanha da fase de grupos graças à trapalhada da Chapecoense na inscrição do zagueiro Luiz Otávio. Mesmo sendo os atuais campeões nacionais, não exibem a força do ano passado e enfrentarão uma equipe muito forte em seus domínios, e não apenas por conta da altitude de La Paz. O vencedor deste jogo pegará San Lorenzo ou Emelec nas quartas de final.

O outro jogo deste lado da chave, a quem caberá pegar River ou Guaraní nas quartas, é justamente o do Galo. O Jorge Wilstermann era para muitos o sonho de consumo na hora do cruzamento inicial, mas as coisas não tendem a ser tão fáceis. Mesmo que a altitude de 2.500 metros de Cochabamba não assuste tanto, vale lembrar que este time complicou a vida do Palmeiras na fase de grupos e ainda goleou o Peñarol por 6 a 2 em casa. É uma equipe forte em casa e que sabe se fechar fora.

Do outro lado da disputa, cinco brasileiros. E um confronto que recentemente ocorreu no Brasileirão: Santos e Atlético Paranaense, reeditando as quartas de final de 2005. O vencedor enfrentará Palmeiras ou Barcelona de Guayaquil. Em tese, o atual campeão brasileiro, ao lado do Lanús, é quem pegou a maior pedreira, dentre os líderes de grupo: os equatorianos fizeram uma ótima campanha na primeira fase, eliminando Estudiantes e Atlético Nacional e sem perder para o Botafogo, num grupo complicadíssimo. Só não foram líderes porque tiraram o pé após se classificarem por antecipação.

Fechando a disputa, o Grêmio pinta com relativo favoritismo a chegar às semifinais. Ainda assim, não terá facilidade alguma nas oitavas e nas quartas (caso chegue lá): o Godoy Cruz vai mal no Campeonato Argentino (é só o 15º colocado), mas fez campanha quase idêntica à do Atlético Mineiro no Grupo 5. Se passar pela equipe de Mendoza, terá o organizado Botafogo ou o tradicionalíssimo Nacional uruguaio nas quartas. É mais time que os três, mas cada um traz seus perigos. Os gaúchos, vale lembrar, decidirão todos os mata-matas na Arena, ao menos até a semifinal. Só podem jogar a segunda fora em caso de final com Lanús ou Galo.

Na Copa Sul-Americana, cujo sorteio também foi ontem, nada mais simbólico que a reedição da zebraça de 2016: Flamengo x Palestino. A chance de jogos como Corinthians x Racing, Olimpia x Estudiantes e da reedição de duas finais nas oitavas - Huracán x Santa Fe, 2015, e Fluminense x LDU, 2009 - também anima bastante.

Foto: Conmebol/Divulgação.

Comentários

Chico disse…
Esse negócio de sorteio é uma palhaçada. Devia ser como na regra antiga. Isso coisa de síndrome de vira-lata. Maldita mania de copiar tudo da Europa como se tudo de lá fosse melhor. Ainda vão mudar a Libertadores (melhor nome) para copa dos campeões da América.

Jogo contra o Godoy Cruz vai ser encardido, mas temos tudo pra passar. Com certeza é o time mais fraco que já pegamos desde de as últimas participações
Vicente Fonseca disse…
Para mim, o principal acerto da Libertadores era justamente os confrontos de acordo com a campanha na fase de grupos. Os adversários mudavam a toda hora, era mais emocionante, dinâmico e justo. Uma pena essa mudança.

E voltam a falar na final em jogo único. Aí sim, seria o maior vira-latismo de todos os tempos.