O último chute a gol do Inter foi há duas rodadas. A situação é mais grave do que parece

Poucas lembranças na memória do torcedor colorado em muitos anos serão mais tristes ou obscuras do que as da noite de ontem. Numa terça-feira gelada de inverno, 12 mil abnegados enfrentaram os 7ºC de temperatura e foram ao Beira-Rio no horroroso horário das 21h30 apoiar a equipe rumo à entrada no G-4 da Série B. Mas deu tudo errado. O resultado até poderia ter sido pior do que o 0 a 0 final. Mas o nível do jogo e da atuação do time gaúcho, dificilmente.

Dificilmente, mas não de maneira impossível. Afinal, nos pobres empates fora de casa com Santa Cruz e América-MG, o Inter jogou também uma bola quadrada. Ainda assim, conseguiu nove finalizações a gol em Belo Horizonte e oito em Recife. Com um detalhe: na partida do Arruda, todas as oito conclusões foram para fora. Ontem, diante do Paraná, dados ainda mais assustadores: ao longo de 90 minutos, o Colorado concluiu apenas duas vezes, ambas sem a direção da meta. Ou seja: há duas rodadas o Internacional não acerta o gol, não exige nenhuma defesa do goleiro adversário. Em 180 minutos, foram apenas dez finalizações, todas para fora.

A situação só não é mais grave devido ao equilíbrio do campeonato. Com 14 pontos, o Inter é o 6º colocado da Série B. Tem pontuação idêntica à do 4º colocado (Goiás), um ponto a menos que o 3º (Vila Nova) e está a só quatro de distância do líder (Juventude). O que preocupa, no entanto, é o desempenho: em nove jogos, foram só três vitórias. Passado um quarto do campeonato, o Colorado tem aproveitamento que lhe daria 59 pontos ao término da disputa, pontuação provavelmente insuficiente para subir.

Se é preciso melhorar um pouco para ficar em condições de acesso à Série A, a evolução em termos de desempenho é urgente, e imperativa. Ontem, o Inter só não perdeu porque o Paraná jogou pouquíssimo também - arrematou só quatro vezes, duas delas no gol de Danilo Fernandes. No fim do jogo, a equipe de Guto Ferreira escapou de perder. É muito séria a situação quando um time cria somente uma chance de gol em casa ao longo de um jogo inteiro - e uma situação na qual o que ocorreu foi um quase gol contra. Principalmente porque a imensa maioria dos jogos tem sido justamente assim, contra adversários fechados, que jogam no erro do Inter. O panorama, portanto, não deve mudar - a não ser pelo aumento da pressão. E os erros colorados têm sido cada vez mais frequentes.

As entrevistas desencontradas sugerem um ambiente não apenas tenso, mas de evidentes discordâncias. As vaias da torcida, as cadeiras arremessadas ao gramado no fim do jogo, tudo traz com clareza a gravidade da situação. Não foi apenas uma das mais melancólicas noites da história rubra, mas também um dos piores jogos da história do Estádio Beira-Rio. Subir com facilidade, algo que a maioria projetava para o Inter em 2017, parece uma realidade cada vez mais distante.

Foto: Internacional/Divulgação.

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