Enquanto os rivais diretos tropeçam, o Grêmio faz sua parte no começo do Brasileirão

Antes do início do Campeonato Brasileiro, seis times eram apontados como os principais candidatos ao título, em tese: os quatro primeiros do ano passado, o campeão da Copa do Brasil, Grêmio, e o Cruzeiro, que investiu bastante na remontagem de seu elenco. Se o longo prazo vai confirmar ou não estes apontamentos, só o futuro dirá. O fato é que por enquanto as coisas têm sido bem diferentes: todos começaram o certame tropeçando, exceto o Tricolor Gaúcho - que, dos favoritos, é o que vem melhor.

Caso tivesse colocado um time um pouco mais forte na semana passada, em Recife, o Grêmio poderia ter obtido um resultado melhor diante do Sport, o que lhe daria a liderança agora. Ainda assim, a equipe sobra em relação aos demais favoritos: o Cruzeiro foi surpreendido em pleno Mineirão pela brilhante e inesperada líder Chapecoense, e estacionou nos 7 pontos; o Flamengo empatou pela terceira vez em quatro jogos e ficou nos 6; Palmeiras e Atlético Mineiro fizeram o melhor dos mundos para os rivais: empataram em 0 a 0 e seguem lá embaixo - assim como o Santos, que levou 2 a 0 do Corinthians no sábado.

Atrás apenas da Chape e do competitivo Corinthians, o Grêmio tem aproveitado o bom momento na competição e largado bem. Está dois pontos à frente do Cruzeiro, três do Flamengo, cinco do Palmeiras e seis de Galo e Santos. Diante do Vasco, os titulares gremistas venceram o sexto jogo consecutivo na temporada. Não foi a melhor atuação do período, mas o 2 a 0 foi sólido: diante de uma equipe muito bem organizada por Milton Mendes, os espaços foram raros na Arena. A equipe carioca começou animada, criando perigo, mas a seguir se fechou e passou a viver dos contra-ataques puxados por Manga Escobar. Teria ido para o intervalo com um empate, não fosse um pênalti discutível de Wellington em Geromel, convertido por Barrios, 12 gols marcados em 2017.

No segundo tempo, sim, é que a superioridade técnica do time de Renato Portaluppi apareceu. Com mais espaços, o Grêmio não foi tão ameaçado e teve várias chances de marcar. Ainda assim, foi jogo duro: Nenê, com sua categoria, trouxe mais qualidade ao Vasco - ele não pode ser reserva de um time com teto tão baixo. No fim, foi Luan quem ampliou, em um passe lindo de Gastón Fernández, de calcanhar, na pequena área. O camisa 7 chegou ao 11º gol na temporada e 29 na Arena, sendo agora o maior artilheiro da história do novo estádio tricolor.

É difícil saber quem vai chegar lá no fim disputando o título. A concomitância de Copa do Brasil e Libertadores pode atrapalhar os planos gremistas. No entanto, pode atrapalhar também os planos de quase todos os seus concorrentes diretos, e absolutamente todos estão atrás dele neste início de campeonato. Jogando um futebol de alto nível, a equipe gaúcha aproveita o ótimo momento e faz campanha na largada, acumulando uma interessante gordura no começo da competição. E isso que vários titulares estavam lesionados: ontem, Maicon e Edílson retornaram, entrando no segundo tempo e elevando o nível da equipe. Miller Bolaños, por sua vez, nem entrou em campo ainda. As perspectivas são realmente boas.

Por sinal, Chapecoense e Grêmio farão nesta quarta-feira o jogo mais interessante da 5ª rodada do Brasileirão. Em campo, estarão o líder do Brasileirão e o time mais atraente do país na atualidade. Vai ser dureza para o Tricolor: jogando com enorme personalidade e maturidade, a Chape fez 2 a 0 no Cruzeiro em pleno Mineirão ontem e termina mais uma rodada na 1ª colocação. Tem tudo para ser o teste mais complicado enfrentado pelos comandados de Renato no torneio até o momento.

Fotos: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Lique disse…
na hora foi difícil de ver, mas olhando no replay, achei o penalti claríssimo e proposital. o wellington quis dar de malandro, deixou a perna para o geromel tropeçar e se deu mal.

aquela jogada do nenê no fim do jogo era MUITO perigosa, com toda cara de crime, e ele preferiu se jogar a tentar o chute. lamentável, amarelo justo também.
Vicente Fonseca disse…
Aaaahhh, pois então. Eu só cuidei a parte de cima, o suposto empurrão dele no Geromel - aí havia achado que não era pênalti. Olhando pra baixo agora, sim: foi pênalti claro. Trança pé nítido pra derrubar o adversário.
Anônimo disse…
Vicente, perfeita a análise. Acredito que esse momento será crucial para o restante da temporada do Grêmio. Se o Renato conseguir realizar uma eficiente administração da escalação da equipe, utilizando uns "18 titulares", sem prejudicar o desempenho do time, temos tudo para ter um excelente final de 2017.

Grande abraço,

Marcus Staffen
Vicente Fonseca disse…
Também acho, Marcus. Administração da escalação é um nome mais bonito pra "rodízio", um termo tão maltratado depois que o Diego Aguirre foi eliminado da Libertadores com o Inter, mas que funcionava muito bem nessas circunstâncias.

Grande abraço!
Chico disse…
O Tricolor é o time mais equilibrado do país. A defesa é segura (Grohe, Geromel e Kannemann) e o ataque não para de fazer gols (Luan e Barrios).

Sempre é bom ganhar do vascú do eurico.