Em noite de Lucas Lima, zaga que falha também salva o Santos contra o Santa Fe

 Os 45 minutos iniciais de Santos e Santa Fe foram dos mais agradáveis que 2017 proporcionou até agora. Muito por conta das fragilidades dos dois times: os colombianos abriam espaços generosos e se complicavam em praticamente todas as vezes que o Peixe apertava sua saída de bola; o time de Dorival Júnior, por sua vez, recuava demasiadamente sempre que abria vantagem e falhava demais nas proximidades de sua área e, especialmente, no jogo aéreo. O placar de 2 a 2 levado para o intervalo foi empolgante para quem insistia e nervoso para quem torcia.

A impressão que se tinha era de que o jogo seria fácil para o Santos. Logo aos três minutos, Ricardo Oliveira fez 1 a 0, num lance que resumiu o que foi o primeiro tempo ofensivo do Peixe: erro clamoroso da zaga colombiana ao sofrer marcação-pressão e ótima condução e assistência de Lucas Lima para o gol. O 2 a 1, de Vítor Bueno, em outro belo passe do camisa 10, foi semelhante. Ou seja: era só apertar que a zaga adversária vazava e o gol saía.

Mas este Santos de 2017 deve muito para o de 2015 e 2016 em termos de intensidade e mecânica de jogo. Depois de 10 minutos avassaladores, quando poderia ter definido até mesmo a vitória, foi aos poucos recuando e deixando a equipe de Bogotá gostar do jogo. O Santa Fe veio mal armado defesivamente ao Pacaembu, mas é uma boa equipe: atual campeã nacional, segue no páreo neste difícil Grupo 2 da Libertadores.

Com enorme facilidade de chegar à área do Santos para arrematar, o Santa Fe pecou demais nas conclusões - a enorme maioria para fora. Por isso, o jogo curiosamente também parecia fácil para os visitantes: bastava jogar como sabem e caprichar mais na frente, e simplificar atrás, que a vitória viria ao natural. Tanto que uma conclusão mais bem acabada, que explodiu na trave, serviu para Arango apanhar a sobra na área e empatar. E outra, de Perlaza, bateu de leve no travessão e entrou: um verdadeiro "chute" de cabeça em bola erguida na área vinda de cobrança de falta. Algo que o Peixe deveria evitar, mas não conseguiu, sabedor de que os colombianos são fortes neste fundamento.

No segundo tempo, as forças e fragilidades curiosamente se inverteram: o Santa Fe voltou melhor e pressionando. Teve cerca de 20 minutos onde foi o time mais perto de chegar ao terceiro gol, mas não o fez, e passou se contentar com o empate fora de casa - ainda assim um bom resultado para suas pretensões. O Santos, então, se encheu de coragem e foi à luta: chegou ao 3 a 2 aos 33, num gol que redimiu os dois zagueiros da falha no segundo empate do rival - David Braz escorou escanteio batido por Lucas Lima e Lucas Veríssimo completou para as redes. A bola parada, vilã do primeiro tempo, foi a salvação no segundo.

Lucas Lima, por sinal, foi o grande nome da noite: participou dos três gols e comandou a atuação do Peixe com lances de excepcional qualidade, como viradas de jogo perfeitas e bons arremates de média distância. Vale ressaltar também o fim dos jejuns de Ricardo Oliveira e Vítor Bueno e o bom público de quase 30 mil pessoas no Pacaembu - o torcedor fez a diferença, empurrando o Peixe nos momentos mais complicados. A vitória aproxima o time das oitavas: líder, o Santos visita o Strongest na temida altitude de La Paz com quatro pontos de frente para o próprio Santa Fe, atual terceiro colocado. De quebra, na última rodada receberá o lanterna Sporting Cristal. Segundo projeções, está 93% garantido nas oitavas. Mesmo jogando menos do que sabe e precisa para ir longe na Libertadores.

Fotos: Ivan Storti/Santos.

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