Uma estreia tranquila e ao natural

Léo Moura enquadra o corpo para fazer 1 a 0 para o Grêmio
Há muito tempo o Grêmio não tinha uma estreia tão tranquila na Libertadores. Após encarar grupos difíceis em suas últimas participações no torneio, o Tricolor foi à Venezuela enfrentar o Zamora com o cuidado de quem foi surpreendido por Huachipato, Caracas e Oriente Petrolero em ocasiões onde a sorte lhe favoreceu na distribuição das chaves. Desta vez, porém, venceu sem sustos: sem forçar tanto o ritmo, bateu os venezuelanos por 2 a 0 e abriu sua participação na liderança do Grupo 8.

O começo, justiça seja feita, até foi de algum susto. Procurando estudar o Zamora, o Grêmio entrou cauteloso e viu os venezuelanos virem para cima na busca de um gol que lhes permitisse jogarem recuados no restante da partida. Houve algumas chegadas perigosas, bem controladas pela defesa - Kannemann foi perfeito, e Rafael Thyere cumpriu seu papel com competência. Este momento de incômodo durou menos de 15 minutos: a partir daí, o time gaúcho adiantou sua marcação, passou a ganhar todos os rebotes e aproveitar os espaços generosos concedidos pelo time da casa.

Ramiro e Léo Moura se destacavam pela direita, mas faltava mais criatividade para chegar ao gol. Miller Bolaños, por vezes adiantado demais, não se entendia tão bem com Luan, que ainda parecia não ter estreado de fato na temporada. Ainda assim, o equatoriano, na base da qualidade individual, quase fez seu gol aos 25. O 1 a 0 viria no finzinho, na característica do pentacampeonato da Copa do Brasil: troca de passes no campo de ataque com paciência, esperando abrir o espaço. Foi Léo Moura quem fez, em passe certeiro de Pedro Rocha.

Aberto pela esquerda, o camisa 9 também foi decisivo no segundo gol, escapando pela esquerda e cruzando para Ramiro, livre, sofrer pênalti, convertido por Luan. O 2 a 0 no começo do segundo tempo permitiu ao Tricolor diminuir o ritmo, algo obrigatório devido ao forte calor em Barinas. Mais fraco fisicamente, o Zamora também sentiu a alta temperatura. Tirando um ou outro momento de abafa na base dos cruzamentos, pouco ameaçou Marcelo Grohe. A vitória veio absolutamente ao natural. A entrada de um simpático cachorro em campo nos minutos finais foi o único momento que fez a torcida de fato vibrar no estádio de La Carolina.

Não houve grande atuação, mas isso era acessório: sem cinco titulares, jogando fora de casa, em uma cidade de acesso complicado, o Grêmio mais que cumpriu seu dever. Ganhou com tranquilidade e autoridade técnica, abrindo sua chave com 3 pontos que já lhe deixam em boa situação para encarar o também modesto Deportes Iquique, na Arena, daqui a um mês. Outro fato importante: mesmo sem meio time titular, o banco de reservas ofereceu ótimas opções a Renato, especialmente na parte da frente. Ainda falta uma que outra peça, mas o elenco encorpou bastante nas últimas semanas com as chegadas de Barrios, Gastón Fernández e Bruno Rodrigo. A fase de grupos de 2017, que se prometia tranquila, parece que não será muito diferente desta expectativa.

Um ponto fora, mas poderiam ser três. Ou zero...
O jogo entre Sporting Cristal e Santos foi emocionante porque as duas equipes apresentaram rendimentos muito irregulares ao longo da noite em Lima. Mesmo limitado, o time peruano foi melhor no primeiro tempo e mereceu a vantagem. Na etapa final, Lucas Lima tomou as rédeas do meio e conduziu a reação do Peixe dando a assistência para Thiago Maia empatar. Nos minutos finais, o lá e cá foi a tônica, e qualquer dos times poderia ter vencido. No fim das contas, foi ponto ganho fora de casa. Chama a atenção o ótimo começo do Strongest nesta chave: depois de passar voando pelas fases preliminares, o time boliviano estreou metendo 2 a 0 no Santa Fe em La Paz. O grupo não é simples para o Santos.

Argentinos ainda virgens na fase de grupos
Atual campeão argentino e dono de uma boa campanha no certame atual, o Lanús parece ter sentido a falta de ritmo de jogo e estreou perdendo em casa. Ótima vitória do Nacional, 1 a 0. A ausência de jogos competitivos dos clubes da Argentina vem cobrando seu preço: nenhum dos representantes do país conseguiu vencer nesta semana inaugural da fase de grupos da Libertadores.

Empates na Copa do Brasil
Dois empates marcaram a noite de quinta na Copa do Brasil: Vasco x Vitória e Criciúma x Fluminense ficaram no 1 a 1. São os confrontos mais equilibrados e indefinidos desta etapa da competição até aqui. Já o Corinthians aplicou 2 a 0 fora de casa no Luverdense e encaminhou sua classificação para a quarta fase do torneio, bem como São Paulo, Goiás, Internacional, Cruzeiro e Sport já haviam feito nos jogos de quarta-feira.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Lique disse…
pedro rocha finalmente renovou contrato. o cara é o mais efetivo do time do grêmio, foi preterido sem nenhum sentido ano passado, depois voltou para dar o título da copa do brasil ao grêmio no jogo contra o galo. no grenal o passe dele pro bolaños foi DE CRAQUE. e nesse jogo assistiu os dois gols, praticamente. jogador valioso. e tem gente que acha que tinha que simplesmente botar o barrios na vaga dele. nenhum sentido. até o luan deveria sair antes do PR.
Vicente Fonseca disse…
Eu acho muito bom jogador também. Foi preterido também em 2015, pelo Fernandinho, após o 5 a 0. Acho que escapa bem pela ponta, recompõe com qualidade e tem um chute a gol de bom nível, fora que lesiona pouco. Acho que um dos grandes méritos do Renato foi ter reabilitado ele.

Para colocar o Barrios nesse time, teria que mexer em praticamente tudo o que está dando certo: retirar Pedro Rocha ou Ramiro, tirar o Luan do centro do ataque, talvez mexer no Miller Bolaños... Por isso minha resistência quanto a esta ideia neste primeiro momento. Isso sem falar no Gata Fernández, que é de alto nível também. Mas enfim, o ano é longo e dinâmico, e acho que todos eles jogarão como titulares em algum momento.
Chico disse…
Ramiro foi um monstro. Cada dia melhor. Muita técnica e tranquilidade de Leu Moura. Baita contratação que acabou com minha desconfiança. Pedro Rocha também está se destacando a cada jornada.

Agora, Michel e Jaílson são muito fracos no meio. Será que não seria melhor botar o Ramiro ali por enquanto até a chegada de um volante de VERDADE? Se Musto realmente vier resolve o problema.

O importante é começar vencendo e o Tricolor conseguiu. Até que o time venezuelano joga direitinho, pensei que seria uma ferida de time.

Lique disse…
fato. no primeiro tempo, considero que perderam dois gols feitos que poderiam ter dado um banho de água fria na estreia do gremio. por sinal, sempre pelo lado esquerdo do fraco, burro, limitado e inexplicável capitão marcelo oliveira.
Lique disse…
e mais: consideraria improvisar edílson ou léo moura na esquerda melhor do que deixar o marcelo oliveira ali. bota o cãnema, bota o cortez, bota o FERNANDINHO, mas tira o marcelo oliveira do time. acho que até o pedro rocha protegeria a esquerda melhor. marcelo oliveira só sabe:

1.dar balão
2.dar discurso motivador pré-jogo
3.ser "raçudo" pra torcida
4.errar chutes de perna direita (ok, fez um golaço um dia, mas deu)
Vicente Fonseca disse…
Em relação ao Ramiro, acho que é TITULARÍSSIMO. Ele dá consistência ao time em todas as tarefas que desempenha. Só não mexeria na posição dele: jogando um pouco mais à frente, pelo lado, é onde me parece que rende mais - no fim de 2014 e no ano passado foi onde jogou melhor. Se o Jaílson é segundo homem e não consegue fazer a primeira função, acho que o negócio é testar o Michel por ali assim que o Maicon retornar.

Quanto ao Marcelo Oliveira, não acha que seja essa ferida toda, mas concordo que é o ponto onde se comprometer partidas no Grêmio. Discordo de improvisar alguém por ali, não me parece que seja algo tão urgente a este ponto, mas quem sabe colocar o Cortez para jogar e trazer o próprio Marcelo Oliveira para a cabeça de área não seja algo interessante para agora? Ele já fez boas partidas como volante, sabe atuar ali. Talvez seja uma sacada que resolva dois problemas de uma vez só - ou crie outro, vai saber. heheh

E o Zamora é bem treinado, mas tecnicamente fraquíssimo. Prova é que realmente envolveu o Grêmio em determinados momentos do primeiro tempo, mas o acabamento dos lances foi sempre péssimo.