Do banco saíram as peças que tornaram o Gre-Nal eletrizante na Arena

Primeiro Gre-Nal do ano teve chuva, virada e quatro gols na Arena
Gre-Nal de começo de ano costuma ser morno, chato, truncado. De 2014 para cá, todos os primeiros clássicos entre Grêmio e Internacional na temporada terminaram empatados - em 2015 e 2016, por 0 a 0. O jogo deste sábado fugiu à regra: a partida foi aberta, propositiva e, em determinados momentos, verdadeiramente empolgante, em meio a uma forte chuva que refrescou Porto Alegre. Não é de se estranhar que os dois times tenham terminado o confronto visivelmente extenuados.

Em meio ao temporal do segundo tempo, foram três reservas que puseram fogo no jogo. Até o intervalo, o roteiro era o esperado: superioridade gremista flagrante. Com um time superior, há mais tempo montado e bem mais confiante, o Tricolor mandou na primeira etapa. Maicon, o capitão, nem chegou a fazer falta, dada a boa atuação de Michel à frente da área. O destaque, porém, era mais uma vez Miller Bolaños: autor do golaço que abriu o placar, o equatoriano infernizou a defesa colorada, tendo em Pedro Rocha e Luan dois bons coadjuvantes. Não seria exagero algum o time da casa ter definido a partida já nos 45 minutos iniciais, tal o volume apresentado.

Mas não definiu, o que abriu espaço para o Internacional se recolocar no jogo. Vendo seu time não construir praticamente nada em toda a etapa inicial, Antônio Carlos Zago era obrigado a mexer, e mexeu bem. A entrada de Roberson no lugar de Carlos colocou o bom centroavante Brenner no jogo. Parceiros dos tempos de Juventude, os dois se entendem muito, como ficou visível no primeiro gol, aos 10, lance que surpreendeu e abateu o Grêmio, que era ainda dono do jogo, mas se via sem a vitória naquele momento.

O Inter soube aproveitar a confusão momentânea que atingia o Grêmio e aproveitou para virar dois minutos depois, em outra boa mexida de Zago, desta vez tática: o recuo de D'Alessandro à segunda linha do meio, ao lado de Uendel. Ambos construíram a jogada para Brenner marcar. Aí foi a vez de Renato mexer: primeiro, com Barrios no lugar de Pedro Rocha. Em seu primeiro lance com a camisa tricolor, o paraguaio quase marcou de cabeça. Mas a estrela do técnico, comum em trocas, veio na mexida seguinte: ao ousar e abrir de vez o time com Fernandinho no lugar de Michel, o treinador gremista correu o risco de sofrer um contragolpe mortal que matasse de vez o seu time. Acabou premiado com um golaço no minuto seguinte à entrada do atacante, em balaço que lembrou seus melhores dias no Atlético Mineiro.

A pressão gremista dali até o final seria enorme, mas a virada acabou não vindo. O resultado de certa forma frustrou a torcida que lotou a Arena e fez questão de lembrar o fato de o rival estar na Série B - e é justamente esta superioridade momentânea que trazia a expectativa de uma vitória do Grêmio. Assim como diante do São José, o time de Renato Portaluppi sentou na vantagem: manteve um ritmo alto no primeiro tempo, achou que o rival não reagiria e tirou o pé no segundo, sofrendo uma virada que quase acabou sendo uma derrota. Não há exatamente preocupações maiores a se tirar deste resultado, pois a atuação foi boa na maior parte do tempo. Porém, o alerta de entregar outro resultado dentro de casa precisa ser ligado. Jogar melhor o clássico e não vencê-lo nunca é bom negócio.

Para o Inter, como o próprio tom das entrevistas pós-jogo sugere, o empate caiu mais redondinho. Por ser fora de casa, mas principalmente pela condição de inferioridade do clube no momento. Antônio Carlos talvez tenha sido o principal vencedor do clássico: embora tenha visto seu time sofrer no primeiro tempo, suas boas mexidas no segundo mudaram os rumos do Gre-Nal. Este tipo de atitude em jogos grandes dá respaldo ao seu começo de trabalho. Empatar com o rival sendo franco-atirador, ainda mais fora de casa, também.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio.

Comentários

Anônimo disse…
Gre-Nal eletrizante com aquela chuva, não seria perigoso (risos)?