De fora do campo, Rogério Ceni revê o seu drama

Dudu bate de longe, encobre Dênis e faz um dos golaços do ano
Em 2015, Rogério Ceni, em seu último ano de carreira como goleiro do São Paulo, sofreu dois gols muito semelhantes do palmeirense Robinho - ambos por cobertura, após uma saída de bola errada. A situação se repetiu ontem, com outros personagens: era Dênis o goleiro tricolor, e Dudu o carrasco palmeirense. Rogério, desta vez, estava do lado de fora do gramado, comandando o São Paulo, e Robinho, hoje, nem está mais no Palmeiras atua pelo Fluminense, e já passou até pelo Cruzeiro neste momento. O lance ocorreu bem à frente de Rogério, o que só aumenta o simbolismo de tudo. Impossível saber o que se passou em sua mente ao ver a cena se repetir diante dos seus olhos - e na mesma goleira do jogo de 26 de março de 2015, por sinal.

Bastante incisivo em todos os jogos da temporada até agora, o time de Rogério foi diferente diante do melhor rival enfrentado até agora em 2017 - algo natural, claro. Teve uma maior posse de bola nos primeiros minutos, mas totalmente insossa, sem qualquer penetração, respeitando muito o Palmeiras. Cueva fez muita falta, bem mais que Jean e Felipe Melo do outro lado. Thiago Mendes, adiantado, até teve seus momentos, mas o time não teve capacidade de surpreender e ainda errou demais na saída de bola, especialmente com os zagueiros e o volante João Schmidt. Tanto que o golaço de Dudu surgiu justamente daí.

O Palmeiras já era taticamente mais ajustado no primeiro tempo, mas não ia para cima por um visível respeito recíproco ao time de melhor ataque no país neste começo de ano. Jogava no erro, mas era igualmente pouco incisivo. O gol no fim da etapa inicial acabou com o medo de vez: vendo que o São Paulo se traumatizaria com o revival de 2015, o campeão brasileiro se adonou de vez do jogo na volta do intervalo. Colaborou para isso a mexida de Rogério que abriu de vez e demais sua equipe: saída de Jucilei e entrada de Wellington Nem, o que escancarou a meia-cancha.

Tendo mais espaço para tramar, o Palmeiras patrolou: Tchê Tchê, outro que fez golaço, teve liberdade para se movimentar por onde bem entendesse. Num 4-1-4-1 envolvente, os donos da casa impediam o São Paulo de sair pelos lados e preenchiam o meio com total autoridade. Quando Borja entrou para repetir com Guerra a dupla campeã da América pelo Atlético Nacional, o cenário só se agravou. Logo no primeiro lance dos dois, assistência do meia para chute perigosíssimo do artilheiro. No segundo, jogada de Michel Bastos para Borja, que aproveitou falha de Dênis e deixou Guerra livre para decretar a goleada.

O placar de 3 a 0 diz bem o que foi o jogo e faz um alerta claro a todos os times que começam a se empolgar com boas campanhas em seus estaduais. Porque o São Paulo chegou cheio de moral ao Allianz Parque, com credenciais no mínimo discutíveis, e o Palmeiras, ainda dosando forças no começo do ano, respeitou todo este cenário. Mas, muito mais maduro e encaixado, mostrou sua força de forma muito clara. Eduardo Baptista ganha um enorme respaldo após esta goleada, que serve inclusive para apagar a má impressão deixada na derrota para o Corinthians, semanas atrás. E ainda por cima aumentou o trauma de Rogério Ceni, que viu de camarote seu sucessor sofrendo um gol traumático como ele próprio sofrera duas vezes, dois anos atrás.

A primeira derrota do líder
O Novo Hamburgo, enfim, perdeu os 100% de aproveitamento no Gauchão: levou 1 a 0 do Cruzeiro e estacionou nos 18 pontos. Adiou sua classificação, mas manteve a ponta com tranquilidade, já que viu o Caxias, então vice-líder, tomar 1 a 0 em casa do Veranópolis e ficar nos 11. O VEC agora é o 2º, com 12, mas pode perder a posição para o Grêmio, que se ganhar quarta do Brasil, em Pelotas, irá a 14. Mesmo sem jogar, o Tricolor foi o grande beneficiado por estes dois resultados do sábado.

Velhos conhecidos para a necessária subida
Antônio Carlos, Brenner e Roberson foram personagens do Gre-Nal de sábado passado, e precisarão repetir a dose hoje. O compromisso é difícil de novo: na Série B como o Inter, o Juventude jogará em casa, e está só um pontinho à frente do Colorado - tem, portanto, necessidade enorme de vitória também. Um ponto em Caxias do Sul não seria algo ruim se o time da capital não estivesse em situação complicada: não vencer deve significar a saída do G-8 faltando apenas quatro rodadas para o final. O bom momento nas competições paralelas contrasta com o Gauchão claudicante de só uma vitória em seis jogos até agora. Neste caso, o empate fora de casa diante do Grêmio basta como consolo, apenas.

Foto: Palmeiras/Divulgação.

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