O valioso papo de Winck no intervalo

Centroavante Gilmar fez dois gols e foi destaque do Caxias
Falar que uma surpresa é algo esperado pode parecer contraditório, mas é a cara do começo do Gauchão. Ninguém pode dizer que a Dupla Gre-Nal ter perdido neste fim de semana era o natural, mas ainda assim os maus resultados nas rodadas iniciais do estadual são comuns. No caso do Grêmio, a derrota para o Caxias surpreende mais que a do Internacional para o Novo Hamburgo. Ainda como time em formação, o Colorado mostrou problemas táticos sérios sábado, fora o fato de ser um time tecnicamente inferior ao do rival no momento. O Tricolor não: campeão da Copa do Brasil, apresentou ainda um certo travamento na estreia diante do Ypiranga e repetiu a dose hoje, mas também errou mais do que costuma e em locais onde antes não mais tinha problemas, como na bola aérea defensiva.

O Caxias apostou alto nos minutos iniciais. Tentou sufocar o Grêmio com alta intensidade de marcação, mas exibia problemas na hora de criar, devido às suas limitações técnicas evidentes. O Tricolor seguia à risca o roteiro do jogo de quinta-feira: a partir da metade do primeiro tempo, começou a envolver o adversário com trocas de passes cheias de paciência no campo do ataque. Nada brilhante, mas a equipe de Renato Portaluppi terminou a etapa inicial superior, sem correr riscos e cada vez mais próxima do gol - o próprio técnico Luiz Carlos Winck admitiu isso na volta do intervalo, ao explicar porque ficou com sua equipe quase 17 minutos no vestiário.

O longo papo fez efeito: de maneira inesperada, o Caxias voltou muito mais agressivo do intervalo, surpreendendo o próprio Grêmio. Bloqueou os lados, impedindo que o time visitante encontrasse alternativas, e sufocou a saída de bola de maneira ousada, pois qualquer erro poderia permitir um contragolpe fatal, além do desgaste físico. Como a limitação técnica era clara, a saída era pressionar na base da bola aérea. Num bom escanteio batido por Reis, Edson Borges quase fez. A seguir, o pênalti de Kannemann e o 1 a 0. Minutos depois, escanteio idêntico e cabeçada de Gilmar, desta vez certeira. Em um intervalo de cerca dez minutos, abriu uma vantagem tamanha que a reversão se tornava praticamente impossível.

O Grêmio ainda foi para cima, mas Renato, desta vez, mexeu mal. Tendo Miller Bolaños em alta, preferiu apostar no desentrosado Jael, que errou tudo o que tentou. O equatoriano só ingressou em campo aos 40, o suficiente para deixar o dele e diminuir o placar. Se estivesse antes em cancha, talvez a história fosse outra. E, se mantiver o nível, vai cavar um lugar entre os titulares logo, logo.

A derrota pouco importa em termos de tabela, pois oito dos 12 passam adiante, o que torna a primeira fase enfadonha. Mas fica um recado importante a Renato: não deixar que a equipe volte a tomar gols pelo alto por atacado, como até sua chegada em 2016. O jogo de hoje lembrou os últimos tempos de Roger Machado na Arena neste sentido. Mas, como quase todos os vários erros de seu time na tarde de hoje, ainda dá para pôr na conta do começo de temporada.
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Campeonato Gaúcho 2017 - 1ª fase - 2ª rodada
5/fevereiro/2017
CAXIAS 2 x GRÊMIO 1
Local: Centenário, Caxias do Sul (RS)
Árbitro: Jean Pierre Lima (RS)
Público: 3.749
Renda: R$ 134.235,00
Gols: Gilmar (pênalti) 11 e 16 e Miller Bolaños 48 do 2º
Cartão amarelo: Márcio Goiano, Wagner, Gilmar, Geromel, Maicon e Douglas
Resultado de imagem para ser caxiasCAXIAS: Marcelo Pitol (6,5), Thiago Machado (6,5), Edson Borges (7), Jean (6) e Márcio Goiano (5,5); Marabá (6), Elyeser (7) e Wagner (6,5) (Diego Miranda, 37 do 2º - sem nota); Reis (6,5), Gilmar (7,5) (Jajá, 27 do 2º - 5,5) e Júlio César (5) (Marlon, 32 do 2º - sem nota). Técnico: Luiz Carlos Winck
Resultado de imagem para gremioGRÊMIO: Marcelo Grohe (5,5), Léo Gomes (4,5) (Everton, 17 do 2º - 5), Geromel (5), Kannemann (4,5) e Marcelo Oliveira (5); Jaílson (5,5) (Miller Bolaños, 40 do 2º - 6), Maicon (5,5), Ramiro (5), Douglas (5,5) e Pedro Rocha (5) (Jael, 13 do 2º - 4,5); Luan (5). Técnico: Renato Portaluppi

Foto: Geremias Orlandi/Caxias.

Comentários

Lourenço disse…
A impressão é que o título do Grêmio vai retardar o processo de alguns ajustes necessários. Miller não pode ser banco ou, mais ainda, a terceira opção a entrar nos jogos.
Vicente Fonseca disse…
Esse risco realmente existe, e o Miller é um caso emblemático: apesar do gol do título, ele quase não existiu em 2016 como peça crucial do ataque. Em 2017, com pré-temporada, a chance de repetir o futebol de outros anos é bem maior. Não dá para segurá-lo, caso mantenha o bom nível, para ficar refém do time campeão do ano passado. Mas também é preciso encaixá-lo de uma maneira que a equipe não perca a mecânica de jogo. Não é algo simples.
Chico disse…
Esses jogos de início de temporada são um saco por causa disso. Hoje nós vimos um time que queria jogar contra um que estava de chinelos na beira da praia.

Jael é uma anedota de jogador. Não acredito que o Tricolor pretende jogar a Copa com essa piada.

Quando o GRÊMIO vai contratar um centroavante de verdade?

Enquanto isso, pro outro time da cidade do GRÊMIO, 2016 ainda não acabou acabou