Dos dois tabus, caiu o atleticano
Arrascaeta arranca livre para decidir o clássico no Mineirão |
A expectativa do jogaço lembrava justamente a da última vitória cruzeirense no Mineirão: o clássico do fim de janeiro de 2013, que abriu aquela gloriosa temporada de ambos e marcou a reinaguração do estádio. Ainda houve várias motivações extras para que o jogo parasse Belo Horizonte: a divisão equânime de torcidas em cancha, declarações apimentadas de Mano Menezes e o fato de ambos iniciarem a temporada prometendo grandes jornadas a partir de contratações (ainda não estreadas) como Elias e Thiago Neves.
Em campo, alguns desfalques de parte a parte, mas times ainda parecidos com os que terminaram 2016. Isso poderia sugerir um Galo levemente superior, mas não foi nunca o que ocorreu. Desde o início mais organizado e mobilizado, e empurrado por uma torcida mais animada, o Cruzeiro tratou de partir para cima do rival. Sentindo a ausência da consistência de Leandro Donizete no meio, e com o jovem Yago bastante nervoso e logo cedo amarelado pela arbitragem, o Atlético-MG não soube conter a ótima movimentação de Alisson, Arrascaeta e Robinho no setor criativo.
O gol cruzeirense surgiu de um erro de um novo contratado: o zagueiro Felipe Santana, de boa passagem pelo futebol europeu, falhou ao tentar afastar um lançamento preciso de Cabral e deixou Arrascaeta livre para deslocar Giovanni. Felipe, aliás, penou a noite toda: foi envolvido pelo meia uruguaio mais algumas vezes - no segundo tempo, um drible levado no meio-campo do camisa 10 quase resultou no segundo gol azul, salvo apenas pela jornada inspirada do goleiro do Galo, que evitou um estrago maior.
Após a abertura do placar, era esperado que o Atlético-MG fosse para cima e o Cruzeiro recuasse, mas não foi o que aconteceu. O pior legado deixado pelo técnico Marcelo Oliveira em 2016 é a dependência criativa que a equipe tem de Robinho. Com o atacante seriamente lesionado, o Galo só teve uma única chance clara em todo jogo, ainda assim de bola parada, aos 31 minutos da etapa final. Cazares foi facilmente controlado por Henrique, e depois por Hudson (que entrou muito bem, superior ao titular, no intervalo). Otero e Maicosuel foram parados pelos seguros laterais cruzeirenses e jamais conseguiram abastecer Lucas Pratto, este controlado por Léo e Manoel.
Claro que ainda é muito cedo para análises mais aprofundadas, mas parece certo que Roger Machado terá bastante trabalho. Conhecido pelo estilo intenso que aplicou no Grêmio, o treinador tem tudo para dar certo no Atlético-MG, equipe que há cinco temporadas joga exatamente assim. O que se viu ontem, porém, foi a equipe mal trabalhada, bagunçada e dependente de individualidades que marcou o ano passado. Será preciso reequilibrar a noção de conjunto para que o Galo volte a voar como fez principalmente entre 2012 e 2015. Com Elias no meio, já haverá um fôlego novo importante.
Já o Cruzeiro, embora menos chamativo em termos individuais, parece um time hoje em estágio mais avançado de construção. Em 2016, Mano Menezes tornou um elenco médio num time organizado. Reforçando o grupo, tem tudo para fazer uma temporada de bons resultados, mantendo a continuidade do trabalho e agregando qualidade onde falta. A primeira amostragem foi bem satisfatória.
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Primeira Liga 2017 - Grupo C - 1ª rodada
1º/fevereiro/2017
CRUZEIRO 1 x ATLÉTICO-MG 0
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Wanderson Alves de Souza (MG)
Público: 41.530
Renda: R$ 1.139.052,00
Gol: Arrascaeta 27 do 1º
Cartão amarelo: Ezequiel, Rafael Sobis, Gabriel, Fábio Santos, Yago, Ralph e Pratto
Expulsão: Robinho 41 do 2º
ATLÉTICO-MG: Giovanni (7), Marcos Rocha (4,5), Felipe Santana (3,5), Gabriel (5) e Fábio Santos (5); Rafael Carioca (5), Yago (4) (Ralph, intervalo - 4,5) e Cazares (5) (Rafael Moura, 39 do 2º - sem nota); Otero (4,5), Pratto (4,5) e Maicosuel (5) (Clayton, 28 do 2º - 5,5). Técnico: Roger Machado
Foto: Cruzeiro/Divulgação.
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