Os gols foram mera ilusão

Arão e Aírton enfrentaram seus ex-clubes no clássico de hoje
Os 49 mil torcedores que foram ao Maracanã hoje à tarde gritaram "gol" três vezes, apesar do placar de 0 a 0. Foram três chutes que bateram na rede pelo lado de fora, todos no segundo tempo. Eis um resumo da frustração do clássico que marcou o retorno dos duelos locais ao mais famoso estádio do mundo - uma frustração bem mais rubro-negra que alvinegra, diga-se de passagem.

Precisando vencer para seguir na cola do Palmeiras, o Flamengo teve a iniciativa durante quase todo o clássico. Isso não significa, porém, que tenha merecido vencer: a partida foi bastante equilibrada. E o 0 a 0 não foi sinônimo de jogo ruim: tivemos 19 chances de gol, nove do Fla e 10 do Fogão, além de 13 conclusões para cada lado. Outros sinais de forças parelhas no Maracanã.

Na primeira etapa, a partida teve mais paridade de posse de bola. O equilíbrio foi tamanho que não houve exatamente um time que se impusesse ao outro no duelo do meio-campo. O Botafogo começou melhor, com ótima partida de Aírton, comandando o meio. Pelos lados do campo, o liso Neílton e o seguro Jorge protagonizavam um ótimo duelo. No Flamengo, destaque para a sobriedade do tão contestado Márcio Araújo. Diego, puxando contragolpes e boas jogadas em velocidade, era o único real sinônimo de perigo.

Mas o jogo foi melhorar mesmo é no segundo tempo, quando as equipes adotaram posturas mais claras e condizentes com o que queriam no jogo. Adiantado, o Flamengo tentou pressionar o Botafogo. No entanto, teve dificuldades para achar espaços e ainda sofreu com a maior objetividade do rival. Em cinco minutos, o Fogão já perdera duas boas chances de marcar, uma em boa defesa de Alex Muralha, outra numa falha do goleiro não aproveitada por Rodrigo Pimpão. Diego, em falta que trouxe à torcida a primeira ilusão de gol da tarde, respondeu em alto nível.

Vendo que seu time não conseguia encurralar o Botafogo, Zé Ricardo resolveu mexer primeiro em nomes, sem mudar o esquema, o que talvez fosse necessário. Retirou Gabriel e Fernandinho, pouco efetivos, e investiu em Marcelo Cirino e Emerson Sheik, que também trouxeram resultados abaixo do necessário. Com a saída de Willian Arão para a entrada de Leandro Damião, aos 38, foi para o tudo ou nada. O Fla teve grande chance um minuto antes desta mexida, mas, depois dela, quem perdeu duas oportunidades seguidas de vitória foi o Botafogo - Pimpão, cara a cara com Muralha, jogou para fora a bola do jogo, aos 46 - e fez sua torcida comemorar de forma ilusória, por um segundo, uma vitória que não veio.

E nem precisava vir: o empate no Maracanã caiu bem ao Botafogo, que vai a 55 pontos e se mantém tranquilo dentro do G-6, há sete jogos sem perder. Já o Flamengo tropeçou de novo: com 63, pode ver o Palmeiras abrir sete de vantagem amanhã. Caso vença o Internacional, o time paulista poderá, dependendo da combinação de resultados, ser campeão até mesmo na próxima rodada, dias 16 e 17. Santos e Atlético-MG também poderão ultrapassar a equipe carioca amanhã, se vencerem Ponte Preta e Coritiba, respectivamente. Um preço bem caro para quem, desde a derrota para o Colorado, nunca mais se encontrou - já são quatro jogos sem vitória, justo na reta decisiva do Brasileirão.
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Campeonato Brasileiro 2016 - 34ª rodada
5/novembro/2016
FLAMENGO 0 x BOTAFOGO 0
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Jean Pierre Gonçalves Lima (RS)
Público: 49.382
Renda: R$ 2.408.689,00
Cartão amarelo: Réver, Rafael Vaz, Emerson Sheik, Aírton, Victor Luís e Sassá
FLAMENGO: Alex Muralha (6), Pará (5,5), Réver (5,5), Rafael Vaz (6,5) e Jorge (6,5); Willian Arão (5,5) (Leandro Damião, 38 do 2º - sem nota), Márcio Araújo (6,5) e Diego (6); Gabriel (4,5) (Marcelo Cirino, 25 do 2º - 5,5), Guerrero (5) e Fernandinho (5) (Emerson Sheik, 30 do 2º - 5,5). Técnico: Zé Ricardo
BOTAFOGO: Sidão (6), Alemão (5,5), Carli (6,5), Emerson Santos (5,5) e Victor Luís (6,5) (Núñez, 41 do 2º - sem nota); Aírton (7) (Diogo Barbosa, 28 do 2º - 5,5), Bruno Silva (6), Rodrigo Lindoso (5,5) e Camilo (5,5); Neílton (6,5) (Sassá, 37 do 2º - sem nota) e Rodrigo Pimpão (5,5). Técnico: Jair Ventura

Foto: Vitor Silva/SS Press/Botafogo.

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