Grêmio e Atlético-MG enfrentam o imponderável

Grêmio e Atlético-MG já eram, para muitos, os dois times mais cotados para disputarem a final da Copa do Brasil, assim que asseguraram a vaga para as semifinais. A campanha superior a Cruzeiro e Internacional no Brasileiro e o fato de não terem atenções tão divididas entre o torneio de mata-mata e o de pontos corridos (onde seus rivais ainda correm risco de rebaixamento) eram apontados como os principais motivos para este favoritismo. O fato de ambos terem vencido fora de casa no jogo de ida só aumentou a confiança.

Em 54 semifinais de Copa do Brasil, somente em uma quem perdeu o jogo de ida em casa reverteu a desvantagem fora. Foi em 2004, quando o Santo André levou 4 a 3 do 15 de Novembro em casa e fez 3 a 1 no Olímpico na volta. A vantagem da equipe de Campo Bom, 12 anos atrás, era superior à do Atlético-MG diante do Internacional, e inferior à que o Grêmio abriu contra o Cruzeiro no Mineirão. Mas há circunstâncias muito especiais que tornam as reversões de Cruzeiro e Inter ainda mais complicadas que a do time do ABC Paulista naquela oportunidade.

Na Arena, haverá possível nova quebra de recorde de público. Mais de 50 mil torcedores são esperados, apesar do horário ruim e do tempo pouco convidativo deste feriado de Finados na capital gaúcha. Isso dá bem a dimensão do que o jogo de hoje significa para o Grêmio: a chance de voltar a disputar um grande título, obsessão da torcida nos últimos 15 anos. Ninguém almeja com tanta gana ser campeão em nível nacional quanto o Grêmio atualmente.

Muito superior ao Cruzeiro na semana passada, o time de Renato Portaluppi só perde a vaga se entrar desconcentrado em campo. Mas o foco parece tanto, o apoio será tão intenso e a vantagem é tão boa que a missão cruzeirense beira o inacreditável. Tudo leva a crer que o Tricolor chegará à decisão - e o ótimo futebol apresentado nas últimas partidas permite a seus torcedores pensarem que a fila de taças nacionais, enfim, pode estar chegando ao seu final.

O otimismo gremista só não será tão grande se o Atlético-MG confirmar o enorme favoritismo que ostenta diante do Inter. A vantagem do Galo é um pouco menor que a do Grêmio em Porto Alegre, mas há uma diferença técnica maior neste confronto do Independência. E mais: o Colorado virá com time misto, descaracterizado. Jogará mais leve que no Brasileirão? Talvez sim. Mas vale lembrar que o empate com o Santa Cruz deixou o time novamente a perigo, o que tensiona o ambiente seja em que competição for.

Também é de se ressaltar que Celso Roth ainda não venceu nenhum jogo sem que Seijas tenha começado como titular - e o mesmo vale para quando William iniciou na meia-cancha. A escalação no Horto prevê justamente tudo isso. O fato de a equipe gaúcha não vencer fora de casa há cinco meses (1 a 0 contra o Santos, pelo Brasileiro, dia 29 de maio) e a reconhecida força atleticana no Independência aumentam os argumentos de quem já vê o Galo como finalista.

Grêmio e Atlético-MG, portanto, têm tudo para chegarem à decisão. Basta não tropeçarem nas próprias pernas hoje à noite. Não seria inédito, mas, claro, está longe de ser o mais provável.

Em tempo:
- Uma coisa é certa: mesmo tendo menos time que seus rivais e jogando fora de casa, Cruzeiro e Inter terão de se abrir em algum momento da noite para reverterem a enorme desvantagem adquirida na ida. Mas será que Grêmio e Atlético-MG jogarão no erro dentro de suas canchas? Renato Portaluppi já avisou que o Tricolor não adotará postura reativa. Já o Galo gosta bastante deste estilo de jogo.

Comentários

Chico disse…
Jogo nervoso esta noite