A tranquilidade de Gabriel Jesus e Renato Augusto simboliza o momento positivo da Seleção

Dupla decidiu em Lima e fez o Brasil disparar na liderança
Gabriel Jesus é um fenômeno. Aos 19 anos, a camisa da Seleção Brasileira parece lhe pesar menos que a do Palmeiras. Seu desempenho nas eliminatórias é bem superior ao que tem tido no Campeonato Brasileiro - e olha que ele deve ser campeão nacional, e principal destaque desta conquista. A tranquilidade com que concluiu a jogada acidentada do primeiro gol do Brasil na vitória sobre o Peru chega a ser assustadora, principalmente porque não foi um lance isolado: nos 3 a 0 sobre o Equador e nos 2 a 0 contra a Venezuela (sempre fora de casa, cabe notar), demonstrou a mesma frieza diante do goleiro rival.

Mas a tranquilidade não foi só dele: Renato Augusto fez o segundo gol brasileiro em Lima com um tapinha que caberia mais até na sinuca que no futebol. Parou, olhou e colocou com a calma e precisão de quem tem total confiança. Este gol e o do jovem centroavante simbolizam o momento brasileiro: em dois meses, a transformação foi total. A confiança voltou, o respeito também, e a tabela sintetiza tudo isso. Faltando seis rodadas para o final, o Brasil já tem nove pontos de vantagem para a 6ª colocada Colômbia. Quando Tite assumiu, era a Seleção que estava neste incômodo lugar.

Se falar das estatísticas espetaculares dos seis jogos com Tite já está repetitivo, há várias outras séries positivas a serem destacadas. Seis vitórias seguidas o Brasil não conseguia nas eliminatórias há quase meio século (desde 1969). Já são 11 partidas sem perder no atual torneio, igualando marca de 2008/2009. E três vitórias seguidas fora de casa nas eliminatórias? A última vez tinha sido em 1989, seguindo série iniciada quatro anos antes. Quanto ao Peru, pode até ser há tempos um time fraco, mas lá em Lima a Seleção não vencia desde 2000. É muita coisa boa acontecendo junta.

A tranquilidade do Brasil ficou ainda mais explícita a partir da derrota do Uruguai para o Chile, em Santiago. Em março, quando voltar a campo, a Seleção poderá até mesmo perder em Montevidéu que não sairá da liderança isolada das eliminatórias. A classificação é praticamente impossível de ser perdida: nas eliminatórias de 2006 e 2010, quem fez 28 pontos não pegou nem repescagem; em 2002, esse número subiu para 30. Portanto, na prática, uma vitória já levará o time de Tite à Copa da Rússia. 2017 será ano para afinar essa engrenagem, bem mais do que para lutar por uma vaga no Mundial.

A rodada de ontem serviu também para delinear a briga do ano que vem. Com o Uruguai igualmente bem encaminhado, as três vagas que restam abertas (duas, mais repescagem) incluem Equador, Chile, Argentina e Colômbia. Uma destas equipes certamente sobrará, e todo confronto direto entre elas será de enorme importância. Que o diga James Rodríguez: a atuação sofrível em San Juan tirou os colombianos do G-5 e colocou nela os argentinos. Comandados por uma jornada esplendorosa de Messi, o 3 a 0 ficou até barato.

Foto: Lucas Figueiredo/CBF.

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