Um gol cedo, mais qualidade e oxigênio

Vitinho não marcava há exatamente um turno pelo Internacional
Nada como ter um pouco mais de qualidade quando a briga é dura e o desespero bate a porta. Foi o que apresentou o Internacional diante do Figueirense. Muitos falarão do Beira-Rio lotado, que certamente ajudou, mas de nada adiantaria ter 34 mil torcedores nas arquibancadas se o time não se ajudasse - ao contrário, a pressão se tornaria ainda maior. Mas o Inter que entrou ontem em campo era o melhor das últimas rodadas: não era um time cheio de volantes medíocres, mas uma equipe mais equilibrada, com Seijas e o ascendente Gustavo Ferrareis na criação e Vitinho, que tantas vezes já salvou a pátria, no comando do ataque. A atuação não tão boa, é verdade, mas foi segura, e a vitória foi maravilhosa. E era isso que importava, no fim das contas.

De todos os fatores que decidiram o 1 a 0 obtido pelo Colorado, porém, o mais importante foi a hora em que saiu o gol: quatro minutos de jogo. Ter a vantagem logo de cara facilita sempre a vida, ainda mais em um momento como o que vive o Internacional. O gol cedo ajudou a trazer tranquilidade, inflamou a torcida e permitiu ao time rubro jogar como equipes fracas melhor sabem: especulando. O gol desobrigou o Inter de propor o jogo, e ir atrás do resultado é um suplício para um grupo que não sabe fazer isso desde que Argel Fucks implantou um sistema de jogo duro e de pouca bola no chão.

O Internacional já havia sido reativo diante de Atlético Mineiro e Santos, em dois jogos recentes, mas desta vez saiu-se melhor por estar em casa, ter a confiança de sair ganhando cedo, enfrentar um adversário menos poderoso e ter um pouco mais de nível na sua formação inicial. Por isso deu certo: mesmo tendo só 41% da posse de bola, chutou mais que o dobro de vezes a gol do que o Figueirense (15 a 6). E não teve medo de parar o jogo, cometendo nada menos que 32 faltas - pessoalmente, não lembro de um número tão alto para uma equipe no futebol nacional em alguma partida que tenha visto neste ano.

O resultado é importantíssimo porque mantém o time vivo, mas a reação precisa prosseguir. Com apenas 30 pontos, o Inter segue em 18º. Enfrentará quinta que vem o Coritiba, que tem tudo para ir a 36 nesta segunda, quando receberá o América mineiro no Beira-Rio - ou seja, mesmo uma nova vitória não significa que o time sairá da zona de rebaixamento, tendo ainda pela frente adversários como Palmeiras, Flamengo, Fluminense e Corinthians na reta final, quase todos fora de casa. A vitória de ontem trouxe um pouco de oxigênio a quem estava sem ar, mas o drama ainda está bem longe do fim.

O Galo se aproxima
A ótima vitória de 2 a 1 sobre a Ponte Preta, em Campinas, aproxima o Atlético Mineiro da briga pelo título. O time de Marcelo Oliveira chega a 52 pontos e encosta no vice-líder Flamengo, que ficou no 0 a 0 com o ameaçado São Paulo, no Morumbi, um jogo movimentado demais para terminar sem gols. Com 54, o Fla agora seca o Palmeiras, que joga amanhã, em Recife, contra o desesperado Santa Cruz. Uma derrota palmeirense neste jogo embolará tudo na ponta de cima.

Até o G-5 complicou
Muitos gremistas até gostaram de ver o time perder para o Cruzeiro por 1 a 0, resultado ruim para o rival Internacional na luta contra o rebaixamento. Porém, olhando a tabela, a derrota no Mineirão, aliada às vitórias de Santos e Fluminense, complica demais a vida do Tricolor Gaúcho até mesmo se for confirmada a inclusão de mais um representante brasileiro na Libertadores do ano que vem.

O time de Renato Portaluppi perdeu como o de Roger cansou de perder: desperdiçou gols demais quando era melhor em campo. Tinha plenas condições de superar o pior mandante da competição, mas acabou derrotado na raça por um adversário desesperado. Cada vez mais, a Copa do Brasil é o foco do Grêmio neste final de temporada.

Foto: Ricardo Duarte/Internacional.

Comentários

Chico disse…
Quando o Tricolor perdeu aqueles 3 golos no início do jogo, eu vi que ia perder.

Inaceitável o golo que o Tricolor sofreu.