Liderança sem Neymar. E sem forçar

Willian substituiu Neymar, fez gol e deu liderança ao Brasil
A partida de ontem foi a de mais modesto desempenho da Seleção Brasileira nos quatro jogos sob o comando de Tite. Mas foi bem longe de ser uma má atuação: cansado por uma viagem longa, jogando sem seu principal jogador, em um campo pesado e com tempo chuvoso, o Brasil fez 2 a 0 na Venezuela ao natural, sem grandes sobressaltos e sem forçar o ritmo. Aproveitou a fragilidade de seus dois adversários de outubro e os tropeços de seleções rivais para pular à liderança isolada das eliminatórias. Cenário maravilhoso para quem, 40 dias atrás, estava em Quito encarando o Equador fora até da zona da repescagem.

Mais uma vez, o Brasil abriu o placar antes dos 10 minutos de jogo. Foi assim contra a Venezuela no primeiro turno, e também contra Uruguai, Colômbia e Bolívia - em cinco dos dez confrontos que disputou até agora, portanto. Num erro de saída de bola de Hernández, Gabriel Jesus aproveitou e fez um golaço de cobertura, tornando-se o primeiro jogador da história das eliminatórias a fazer quatro gols com menos de 20 idade. Um fenômeno.

A vantagem adquirida logo no começo permitiu à Seleção jogar um futebol menos intenso que em partidas anteriores. A ausência de Neymar tirou um pouco do dinamismo do ataque, embora não tenha sido grave como alguns temiam. Houve menos trocas de posição na frente, com Willian ainda abaixo do que sabe, Philippe Coutinho deslocado para a esquerda quando suas boas partidas recentes foram na direita, e chegadas menos frequentes dos volantes e laterais ao ataque como diante dos bolivianos - também porque Daniel Alves esteve envolvido com o jovem e veloz Peñaranda pelo seu lado.

No segundo tempo, o gol de Willian logo no começo definiu a partida de vez e permitiu um relaxamento ainda maior ao Brasil, que sempre fez questão de cadenciar o jogo para controlar a correria venezuelana. O time da casa melhorou com a entrada do ótimo Guerra (craque do Atlético Nacional campeão da Libertadores e reserva apenas porque Dudamel faz testes visando a 2022), mas jamais ameaçou de fato o placar construído com solidez pelos pentacampeões.

A largada excepcional de Tite encaminhou de vez a classificação brasileira para a Copa do Mundo. São quatro vitórias em quatro jogos, 12 pontos e 12 gols marcados, com apenas um sofrido. Líder, o Brasil já abre cinco pontos da Argentina, atual integrante da repescagem, e seis do Paraguai, que estaria fora do Mundial. Estimando em 30 pontos o necessário para se classificar à Rússia 2018, faltariam nove pontos em oito jogos. Conquistando quatro diante de Argentina e Peru, em novembro, a Seleção precisará de só cinco em seis jogos no ano que vem. Ares muito mais tranquilos do que há bem pouco tempo.

A Argentina sofre sem Messi
Lionel Messi disputou três jogos nestas eliminatórias: foram as vitórias sobre Chile, Bolívia e Uruguai. Com ele, a Argentina tem nove pontos em nove disputados; sem ele, sete em 21 - uma vitória, quatro empates e duas derrotas - e um aproveitamento de apenas 33,3%.

Mascherano deixou o campo em Córdoba falando que sua seleção não mereceu sequer o empate. O time de Edgardo Bauza deixou o campo vaiado. A crise é forte dentro e fora de campo, portanto. A derrota por 1 a 0 para o Paraguai joga os argentinos para a repescagem antes do dificílimo confronto contra o embalado Brasil, em Belo Horizonte. Com 16 pontos, vê Paraguai (15) e Chile (14) grudados logo atrás. Não será surpresa ver o time albiceleste fora até do G-5 após a primeira das duas partidas de novembro.

Ponto valioso em Barranquilla
É verdade que o Brasil agora é o novo líder, mas o Uruguai conquistou um ótimo resultado nesta terça-feira. Poderia ser ainda melhor: saiu perdendo da Colômbia, virou o jogo e cedeu o empate no finzinho. O 2 a 2, porém, é excelente: impede uma aproximação colombiana e mantém a Celeste tranquila na zona de classificação como nunca se viu. Só o Paraguai, ao ganhar fora da Argentina, obteve resultado melhor ontem. Parece que, depois de cinco eliminatórias seguidas, não vamos ver os charruas precisando de repescagem para irem ao Mundial.

Um empate já está valendo
Estimando que 12 pontos sejam suficientes para o Internacional escapar do rebaixamento, e estimando (de forma otimista) que o Colorado conseguirá nove dos 12 pontos que ainda disputará em casa, a equipe de Celso Roth precisaria de três pontos em 15 fora para atingir os 45 e se ver possivelmente livre. Pensando assim, um empate com o Botafogo hoje, no Rio, não seria ruim - até porque qualquer derrota, numa situação dessas, pesa uma tonelada para estancar a crise que poderá vr de novo. Vale lembrar que qualquer pontinho fora é também precioso devido à força dos rivais que estão pelo caminho. Além do Fogão, o Inter visita Grêmio, Palmeiras, Corinthians e Fluminense, todos disputando Libertadores ou título.

Foto: Lucas Figueiredo/CBF.

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