O fim de um longo inverno

Inter de Aylon venceu no Brasileiro após 84 dias de jejum
A última vitória do Internacional no Campeonato Brasileiro havia ocorrido no dia 16 de junho, às vésperas do inverno. Hoje, 8 de setembro, no final da estação mais fria do ano, o incrível jejum de 14 jogos sem conquistar um triunfo acabou. O pesadelo teve fim no sofrido 2 a 1 diante do Santos e pôs fim a um período de uma estação inteira, quase três meses, sem a sensação de vencer uma partida. Alívio é a palavra que define a noite do torcedor rubro.

Várias circunstâncias colaboraram para a vitória de hoje. Mas elas também pareciam conspirar a favor nas partidas contra São Paulo, quando um pênalti no último minuto acabou sendo desperdiçado por Valdívia, Sport, quando o empate foi cedido no fim, ou Cruzeiro, quando o time abriu o placar logo de cara. Desta vez, ao contrário das anteriores, a equipe de Celso Roth soube aproveitar as vantagens obtidas ao longo do jogo - algumas muito justas, outras nem tanto, diga-se.

Como era esperado, o Inter começou o jogo em cima do Peixe, com muita vontade e uma marcação bem adiantada. Pressionou durante cerca de 15 minutos, mas aos poucos foi cedendo à maior categoria do time paulista. A saída de jogo qualificada de Renato, a criatividade de Lucas Lima, a velocidade de Copete e a vitalidade dos laterais santistas começou a dar as caras na metade da etapa inicial. Logo o jogo se equilibrou. Aos 27, no primeiro erro técnico grave do Colorado, Ricardo Oliveira aproveitou passe errado de Geferson e fez 1 a 0.

O jogo, então, ficou todo para o Santos, que detinha o controle técnico e emocional das ações. Nervoso, o Inter foi vendo mais uma derrota surgir no horizonte e lhe deixar ainda encrustado na horrorosa 18ª colocação. Os espaços surgiam ao natural, a cada erro de passe dos volantes vermelhos e boas trocas de bola dos homens de meio e frente do Peixe. O segundo gol parecia estar próximo, principalmente porque o Colorado não conseguia mais levar perigo, começando a fazer ligação direta em vez de tentar trabalhar a bola no ataque. Até que Seijas, sempre ele, resolveu arriscar. E levou sorte, algo que andava em falta: a bola desviou em Gustavo Henrique e matou Vanderlei. Um empate inesperado pelo que era a partida, mas importantíssimo.

Aí, o árbitro Rodrigo Raposo resolveu tomar para si o protagonismo da partida, o que normalmente é sinônimo de lambança. Depois de distribuir amarelos a torto e direito durante todo o primeiro tempo, estragou o jogo ao expulsar Lucas Lima por uma suposta cera, sem ao menos ter o bom senso de advertir o jogador do Santos antes de tomar atitude tão radical. O esdrúxulo cartão vermelho dado ao articulador contrasta com uma entrada violenta de Anselmo que só amarelo recebeu no primeiro tempo e uma troca de tapas entre Nico López e Luiz Felipe onde sequer o cartão mais brando foi apresentado.

A expulsão pautou o que foi o segundo tempo. Com dez, o Santos voltou disposto apenas a se defender. Poderia ter jogado mais e tentado manter mais a bola consigo, ainda que sem Lucas Lima esta tarefa ficasse mais complicada. Sofrer o gol era questão de tempo, e o Inter o conseguiu aos 16, com Aylon, escorando sobre a linha, de peito, uma bola que desceu após defesa espetacular de Vanderlei em cabeçada de Valdívia. Só aí é que o Peixe tentou ir para cima. Embora tenha sofrido para chegar ao gol vermelho tendo dez homens, quase conseguiu o empate nos minutos finais.

O Inter encerra o seu inverno, sai da zona de rebaixamento, mas está longe de poder se considerar tranquilo. A vitória veio na base da vontade, mas a atuação teve vários problemas, especialmente de ordem técnica, como as atuações pobres dos laterais William e Geferson e a enorme dificuldade que o time ainda apresenta na saída de bola. Ainda assim, Celso Roth já tem algumas afirmações: Nico López foi sempre um homem perigoso, Aylon mostrou eficiência novamente e Seijas, mais uma vez, comandou as ações. O Colorado estaria bem pior sem o venezuelano.

O mais importante, porém, era mesmo o resultado, e ele veio. Afinal, com estes três pontos, o Inter ganha um pouco mais de tranquilidade para trabalhar e encarar o difícil compromisso de visitar o Atlético-PR, em Curitiba, no domingo. Uma nova derrota poderá significar a volta ao Z-4. Por isso mesmo é que entre respirar e respirar tranquilo existe uma enorme diferença.
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Campeonato Brasileiro 2016 - 23ª rodada
8/setembro/2016
INTERNACIONAL 2 x SANTOS 1
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Rodrigo Raposo (DF)
Público: 34.075
Renda: R$ 763.100,00
Gols: Ricardo Oliveira 27 e Seijas 42 do 1º; Aylon 16 do 2º
Expulsão: Lucas Lima 44 do 1º
INTERNACIONAL: Danilo Fernandes (6), William (5), Paulão (sem nota) (Eduardo, 2 do 1º - 5,5), Ernando (6) e Geferson (4,5); Anselmo (4,5) (Eduardo Henrique, intervalo - 5), Fabinho (5,5) e Seijas (7); Valdívia (6) (Alex, 32 do 2º - 5), Aylon (6) e Nico López (6,5). Técnico: Celso Roth
SANTOS: Vanderlei (6,5), Victor Ferraz (5,5) (Rodrigão, 40 do 2º - sem nota), Luiz Felipe (5,5), Gustavo Henrique (5) e Zeca (6); Léo Cittadini (5,5) (Jean Mota, 23 do 2º - 5,5), Renato (6) e Lucas Lima (5,5); Vítor Bueno (5) (Walterson, 24 do 2º- 4,5), Ricardo Oliveira (6) e Copete (6). Técnico: Dorival Júnior

Foto: Ricardo Duarte/Internacional.

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