Noite de reconciliação

Volta de Messi, estreia de Bauza: vitória importante da Argentina
O maluco que entrou em campo no fim do clássico entre Argentina e Uruguai para beijar os pés de Lionel Messi simboliza bem o sentimento da torcida dos nossos vizinhos para com seu craque maior. O desespero de quem poderia perder o melhor jogador do mundo em meio às eliminatórias, após a derrota na final da Copa América Centenário, era enorme. Pois o roteiro em Mendoza não poderia ter sido melhor: em seu primeiro jogo pela seleção após aquela fatídica decisão em Nova Jersey, vitória por 1 a 0 no clássico contra o Uruguai. E gol dele, claro.

O clássico foi bem equilibrado. Mesmo sendo a terra do enganche, a Argentina jogou sem um articulador específico. Os quatro homens de frente se revezavam na tarefa - principalmente Dybala, que é atacante, mas esteve mais recuado na maior parte do tempo. Mas Messi, Di María e até mesmo Lucas Pratto, que costuma recuar para buscar jogo no Atlético-MG, se empenharam na tarefa. E foi necessário: muito bem fechado, o Uruguai quase não concedia espaços aos donos da casa. Os torcedores em Mendoza por várias vezes chegaram a gritar olé durante as trocas de passe de sua seleção no campo do ataque, mas era mais uma manifestação festiva que símbolo de superioridade. Na imensa maioria do tempo, tais movimentos foram absolutamente estéreis.

Faltou à Celeste, como tem faltado desde que Forlán deixou de ser Forlán, um articulador. Se na Argentina esta figura foi revezada pelos homens de ataque, no Uruguai, mais uma vez, ela inexistiu. No 4-4-2 em duas linhas de Tabárez, os meias atuaram abertos, como de costume - Sánchez e Lodeiro, com os volantes Arévalo e Corujo apoiando o ataque de vez em quando. O time charrua tratou de se defender primeiro para depois pensar em contra-atacar. Era agressivo apenas quando a Argentina tinha a bola na defesa - em mais de uma oportunidade, houve roubada de bola na intermediária ofensiva, mas Cavani e Suárez não conseguiram convertem tais chances em gols.

O gol de Messi foi praticamente casual, um desvio em Giménez que matou Muslera. Veio aos 42, três minutos antes de Dybala ser expulso e deixar os donos da casa com dez. Estes dois episódios pautaram a tônica do segundo tempo, que foi inversa à do primeiro: Uruguai no ataque, Argentina fechada. Aí, ficou escancarada a falta que faz um 10 à Celeste: mesmo com um homem a mais e pouco ameaçada defensivamente, a seleção uruguaia criou poucas chances para empatar. Sem a devida aproximação dos homens de frente com os de meio, o time não teve qualidade para empurrar os argentinos contra a parede e buscar na marra o empate.

A vitória da reconciliação de Messi e da seleção com os argentinos é também uma vitória fundamental na tabela das eliminatórias, como todas são, já que a competição é parelha demais. Com 14 pontos, a Argentina assume a liderança e chega à quarta vitória consecutiva. Isso não significa nada: a distância até o Paraguai, 6º colocado (e que portanto estaria hoje fora até da repescagem), é de apenas dois pontinhos. Não vencendo, a equipe albiceleste estaria na 6ª posição, fora da Copa também. Fica clara a importância da vitória e do desvio em Giménez que matou Muslera. E de Messi, claro.
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Eliminatórias da Copa do Mundo 2018 - América do Sul - 7ª rodada
1º/setembro/2016
ARGENTINA 1 x URUGUAI 0
Local: Malvinas Argentinas, Mendoza (ARG)
Árbitro: Julio Bascuñan (CHI)
Público: 42.000
Gol: Messi 42 do 1º
Cartão amarelo: Di María, Cavani, Giménez, Lodeiro e Gastón Ramírez
Expulsão: Dybala 45 do 1º
ARGENTINA: Romero (5,5), Zabaleta (5,5), Otamendi (6), Funes Mori (6) e Más (6); Mascherano (7), Biglia (5,5) e Dybala (4); Messi (7), Pratto (5) (Alario, 25 do 2º - 5) e Di María (5,5) (Gaitán, 39 do 2º - sem nota). Técnico: Edgardo Bauza
URUGUAI: Muslera (5,5), Fucile (5) (Rolan, 40 do 2º - sem nota), Giménez (5), Godín (5,5) e Gastón Silva (5); Arévalo Ríos (5,5), Corujo (5), Sánchez (5,5) (Gastón Ramírez, 24 do 2º - 5,5) e Lodeiro (4,5) (Cristian Rodríguez, 14 do 2º - 5,5); Cavani (5) e Suárez (6). Técnico: Óscar Tabárez

Foto: AFA/Divulgação.

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