Fracasso diante do Vitória escancara a gravidade da situação do Inter

Cheio de rivais difíceis, Inter precisa quase 50% para não cair
Tudo o que não poderia ocorrer no Beira-Rio para o Internacional ontem era uma derrota. Até mesmo um empate diante do Vitória seria ruim, mas ao menos manteria o time fora da zona de rebaixamento por mais uma rodada. O resultado de 1 a 0 é devastador: faltando um terço apenas de campeonato pela frente, o Inter cai para sua pior posição até agora, o 18º lugar. A distância para a saída do Z-4 já não é de um, mas de dois pontos. Foi o 16º resultado ruim dos últimos 17 jogos, e para um concorrente direto.

O pior de tudo é que todas essas consequências graves vêm com um problemaço a mais, e bem sério: o desempenho da equipe, que foi péssimo. Não que seja novidade, mas traz um sentimento de frustração difícil de lidar. A boa vitória sobre o Fortaleza e o consequente triunfo diante do Santos davam a entender de que havia um bom caminho sendo iniciado, com Seijas, Valdívia, Nico López e Aylon na frente. Os últimos dois jogos, porém, provaram que não é bem assim.

Claro, para quem não vencia há 14 jogos, ganhar duas vezes seguidas dá muita esperança. Mas o Fortaleza é um time que disputa a Série C. E o Santos, todo o Brasil viu claramente, foi mutilado pela arbitragem na semana passada. Vencia o Inter com plena superioridade em campo, sofreu um empate acidental, perdeu Lucas Lima bizarramente expulso e, mesmo tendo tomado a virada no segundo tempo, teve várias chances para empatar, mesmo com dez homens e fora de casa. Só não viu as fragilidades coloradas na única vitória das últimas 17 partidas quem não quis.

Na partida de ontem, havia ainda o ingrediente extra de ser a estreia de Argel Fucks pelo Vitória. Conhecedor dos problemas colorados, o treinador montou um esquema que permitiu aos baianos explorarem os erros do time gaúcho e o anularem por completo. O Internacional foi contido a noite toda, e só pressionou no segundo tempo na base do abafa. Jogou um futebol de segundo nível. Já sabemos onde isso normalmente termina.

O próximo jogo é contra o América mineiro, praticamente rebaixado, mas quem garante vitória neste caso? Pela coletiva, Roth indicou que pode começar com Eduardo Sasha, uma velha alternativa que já não dá resultados há bastante tempo. O certo é que a formação com Seijas, Valdívia, Nico e Aylon será repensada. Resta saber quem entra. Encher um time nada criativo de mais volantes seria um erro terrível, pois parar de perder já não basta: é preciso ganhar, e o quanto antes. O Inter não pode mais se dar ao luxo de tentar estancar uma crise. Precisa é, imediatamente, emendar um momento bem positivo. Difícil é saber como.

Faltam 13 jogos. As projeções para evitar a queda normalmente indicam 45 pontos como o necessário para evitar um rebaixamento. A briga deste ano é ferrenha, complexa, envolve várias equipes, o que pode até elevar este número. Mas tomando os 45 como base, seriam necessários mais 18 pontos a conquistar dos 39 ainda em disputa, um aproveitamento de 46,3%, bem superior aos 36,0% atuais do Colorado. E mais: considerando que o time de Roth ainda enfrentará cinco dos oito primeiros colocados fora de casa, a exigência realista talvez seja algo como obter 16 pontos em 8 ou 9 jogos, por exemplo. Uma situação tão grave que até o discurso externo já admite a água subindo no queixo.

Comentários

Inter tem uma vantagem nessa luta: maioria dos jogos contra adversários diretos vai ser no Beira Rio.

Figueirense, Cruzeiro, Santa Cruz, Coritiba... Todos vão ser em Porto Alegre.
Só América e Botafogo vão ser fora.

Pode pesar isso - se o desempenho contra o Vitória não se repetir, claro.