O 4-2-4 de Micale funcionou

Douglas Santos, Neymar e Gabriel Jesus, destaques do 4 a 0
Quem via a escalação duvidava que desse certo, mas o fato é que o 4-2-4 proposto por Rogério Micale para a partida decisiva contra a Dinamarca funcionou, e muito bem. Porque não é uma questão de números, e sim de movimentação: ele foi 4-2-3-1, 4-3-3 e 4-5-1 também. O meio-campo brasileiro nunca esteve tão bem preenchido nestes Jogos Olímpicos como ontem. Neymar, Gabriel, Gabriel Jesus e Luan se revezaram o tempo todo na armação de jogadas. Todos foram vistos buscando bola junto a zagueiros e volantes. Por isso, a engrenagem funcionou.

A postura da seleção foi outra também. O 4-2-4 funcionou porque houve compactação, e esta compactação ficou facilitada pelo fato de o Brasil jogar a meia linha quase a noite toda, especialmente no primeiro tempo, quando ocupou o campo dinamarquês e construiu o resultado. A versatilidade de Walace (outro que entrou para ficar no time) e Renato Augusto, e o bom avanço dos laterais, agora mais integrados ao sistema ofensivo, deu sempre opções para que o time levasse perigo ao seu adversário.

No segundo tempo, com o resultado construído, o Brasil transformou-se muitas vezes num 4-4-2 em duas linhas, para melhor se defender de uma possível pressão dinamarquesa. Gabriel e Neymar jogaram mais adiantados, enquanto Luan e Gabriel Jesus compuseram os lados do campo. Quando o time tinha a bola, a formação inicial se desenhava novamente. A inteligência tática dos homens de frente e sua intensa movimentação e troca de posição é que garantiram o sucesso da estratégia.

A boa partida dos laterais ficou evidenciada pelas duas assistências de Douglas Santos, para os gols de Gabriel e Luan. O atacante gremista também participou do segundo gol, de Gabriel Jesus. Já Neymar não brilhou como se tanto espera, mas fez papel importante na articulação e foi o autor intelectual do terceiro gol, lançando Douglas Santos primorosamente em meio à defesa dinamarquesa.

A questão da postura foi essencial principalmente até o 1 a 0 sair. Por 20 minutos, o Brasil esteve eliminado da Olimpíada. Agora, com esta bela vitória, escapa da chave mais difícil: enfrentará a forte Colômbia, mas depois Honduras ou Coreia do Sul, enquanto que os dinamarqueses pegarão a Nigéria, e mais tarde Alemanha ou Portugal. Para um time em formação, com esquema novo, inclusive, evitar rivais mais complicados tão cedo é sempre um bom negócio.

Nas outras chaves, surpreende, claro, a eliminação precoce da Argentina, que não saiu do empate com os hondurenhos. Vale lembrar que o México também caiu fora na primeira fase, ou seja: as duas seleções que conquistaram as três últimas medalhas de ouro estão fora da disputa. E os dinamarqueses, que levaram essa saranda ontem em Salvador, seguem adiante, beneficiados pelo empate em 1 a 1 de África do Sul e Iraque.

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Jogos Olímpicos 2016 - Grupo A - 3ª rodada
10/agosto/2016
BRASIL 4 x DINAMARCA 0
Local: Fonte Nova, Salvador (BA)
Árbitro: Alireza Faghani (IRA)
Público: não divulgado
Gols: Gabriel 25 e Gabriel Jesus 39 do 1º; Luan 4 e Gabriel 34 do 2º
Cartão amarelo: Gabriel Jesus e Maxso
BRASIL: Wéverton (5,5), Zeca (6) (William, 28 do 2º - 5,5), Marquinhos (6) (Luan Garcia, 37 do 2º - sem nota), Rodrigo Caio (6,5) e Douglas Santos (7,5); Walace (6,5) e Renato Augusto (7) (Rodrigo Dourado, 33 do 2º - sem nota); Gabriel (7,5), Luan (7), Neymar (7) e Gabriel Jesus (6,5). Técnico: Rogério Micale
DINAMARCA: Hojberg (5), Desler (4,5) (Kasper Larsen, 18 do 2º - 4,5), Gregor (4), Eddi Gomes (4) e Blabjerg (4,5); Maxso (5), Jonsson (5,5), Borsting (4,5) (Hebo, 35 do 2º - sem nota) e Vibe (4,5); Jacob Larsen (5) e Brock-Madsen (4,5) (Skov, intervalo - 4). Técnico: Niels Frederiksen

Foto: CBF/Divulgação.

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