Com Diego e Damião, o Flamengo ganha corpo

Diego surge por trás da zaga e faz de cabeça: estreia com vitória
É verdade que os altos e baixos têm sido uma marca no Flamengo este ano, mas a boa vitória sobre o Grêmio mostrou que o time carioca vem forte para o returno. Não só porque o resultado recoloca o time de Zé Ricardo no G-4, mas pelo nível da atuação e pelos reforços que chegam. Diego, em sua estreia, ainda sem o nível físico ideal, qualificou a criação. Já Leandro Damião, em seu segundo jogo, mostrou muita vontade, teve boa atuação e não deixou nenhum torcedor no Mané Garrincha sentir qualquer saudade do peruano Guerrero. Nada mau para quem há quatro anos não joga em alto nível de fato.

Diante de um Grêmio desfalcado de titulares importantes (Luan, Walace, Edílson e Jaílson), o Fla mandou no jogo durante todo o primeiro tempo. A escalação de Gabriel pela esquerda pode até ter irritado muitos torcedores rubro-negros, mas o fato é que ele foi bem, levando vantagem na maior parte das vezes sobre o fraquíssimo Wallace Oliveira, tendo sempre o qualificado apoio do lateral Jorge. Mas não foi só de vitórias pessoais que viveu o time do Rio de Janeiro: o Flamengo dominou os gaúchos principalmente por conta da marcação adiantada e agressiva no campo de ataque, que não deixou o time de Roger Machado exercer o futebol de toque que costuma na frente.

Foi de Wallace Oliveira, curiosamente, a única chance gremista em todo o primeiro tempo. O Fla teve nada menos que nove, sendo duas de bicicleta de Damião - uma delas um golaço, anulado pelo precipitado árbitro Raphael Claus, que deu pênalti de Geromel. O 1 a 0 fazia justiça ao maior rendimento da equipe carioca, mas saía até barato para os gaúchos. Espaçado em campo, com pouca articulação e raras vitórias pessoais, o Grêmio deixou bastante a desejar.

Na etapa final, como era de se esperar, a equipe visitante veio para cima, na boa mexida de Roger, retirando seu mau lateral direito e colocando em campo Lincoln - que até nem foi bem, mas ao menos trouxe mais qualidade ao toque de bola. O Grêmio teve 10 minutos de domínio, esteve perto de marcar duas vezes entre os 14 e 16, mas a partir dos 20 passou a perder território. Miller Bolaños, mal no jogo, perdeu o gol mais feito da manhã, bem brecado por Pará. Henrique Almeida foi um ganho na frente, mas sua entrada coincidiu com a queda gremista na etapa final, muito porque ele participa menos do processo criativo que seu substituto.

Sem propor o jogo, o Flamengo esperava um erro gremista para definir o jogo, e assim conseguiu quando Everton perdeu bola no meio e armou o contra-ataque até Diego marcar de cabeça, em cruzamento perfeito de Pará - combinação de palavras estranha para torcedores do Grêmio, mas que tem ocorrido com alguma frequência neste campeonato. Henrique Almeida fez um dos gols mais feios do ano a seguir, mas não houve futebol suficiente para uma reação.

A vitória foi tão merecida quanto importante para o Flamengo. Não vencer o Grêmio significaria perder contato com o G-4 num momento importante da competição, além de não superar um rival direto. A campanha ganha corpo, o elenco ganha força, tendo opções como Leandro Damião, Guerrero, Mancuello, Diego e Alan Patrick para o setor de frente.

Para o Grêmio, cada vez mais, a campanha fora de casa começa a comprometer as chances de título. Foram apenas duas vitórias longe da Arena, uma delas em Porto Alegre, vale lembrar. O excelente desempenho em casa não segura campanha para buscar a primeira colocação. É verdade que houve problemas de escalação, mas faltou também agressividade na postura para encarar melhor um concorrente direto. Semana que vem, em casa, onde é muito forte, é obrigação vencer o Atlético-MG, outro rival de tabela, sem Geromel, mas diante de Robinho, Fred e companhia.

Em tempo:
- Público absolutamente decepcionante no Mané Garrincha. Confronto direto, horário bom, tempo bom e estreia de Diego mereciam ao menos duas vezes mais gente dentro do estádio da capital federal.
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Campeonato Brasileiro 2016 - 21ª rodada
21/agosto/2016
FLAMENGO 2 x GRÊMIO 1
Local: Mané Garrincha, Brasília (DF)
Árbitro: Raphael Claus (SP)
Público: 22.552
Renda: R$ 1.421,870,00
Gols: Leandro Damião (pênalti) 29 do 1º; Diego 24 e Henrique Almeida 26 do 2º
Cartão amarelo: Leandro Damião, Mancuello e Geromel
FLAMENGO: Alex Muralha (5,5), Pará (7,5), Réver (6), Rafael Vaz (6) e Jorge (6,5); Cuéllar (5,5), Márcio Araújo (6) e Diego (6,5) (Mancuello, 34 do 2º - sem nota); Éverton (6), Leandro Damião (7) (Felipe Vizeu, 12 do 2º - 5,5) e Gabriel (6,5) (Alan Patrick, 16 do 2º - 5,5). Técnico: Zé Ricardo
GRÊMIO: Marcelo Grohe (7), Wallace Oliveira (4,5) (Lincoln, intervalo - 5,5), Geromel (4,5), Wallace Reis (5,5) e Marcelo Oliveira (5,5); Ramiro (5), Maicon (5,5) e Douglas (4,5); Pedro Rocha (5), Miller Bolaños (4,5) (Henrique Almeida, 19 do 2º - 6) e Everton (5) (Guilherme, 33 do 2º - sem nota). Técnico: Roger Machado

Foto: Gilvan de Souza/Flamengo.

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