Cinco jogos, o limite da paciência de Piffero

Falcão comandou apenas nove treinos táticos pelo Internacional
Chamado para ser uma espécie de fiador da recuperação colorada no Campeonato Brasileiro e um escudo contra críticas que viessem pelas eventuais derrotas do Internacional na competição, Paulo Roberto Falcão não durou um mês em sua terceira passagem como treinador no Beira-Rio. Em apenas cinco jogos, o maior ídolo da história do Inter obteve apenas dois empates e três derrotas. Um aproveitamento de apenas 13,3%.

Mas não foi apenas por causa do desempenho inicial ruim que Falcão caiu. O mais provável é que o favorito a ser o vice de futebol do clube não gostasse de seu trabalho, e tenha exigido que se trocasse o treinador para aceitar assumir a bronca. Como o presidente Vitório Piffero, de rejeição quase absoluta junto aos torcedores, está acumulando seu cargo com o de homem forte do vestiário, o treinador teve de ser sacrificado. Por mais que ele seja Paulo Roberto Falcão.

Seja qual for o motivo, nada atenua o desrespeito ao ídolo. Ou melhor, ao profissional: nenhum treinador pode ter seu trabalho avaliado em apenas 27 dias. Em uma gestão de futebol séria, o resultado de cinco jogos jamais poderia servir de balizador para uma demissão. No desespero, serve. No amadorismo, principalmente.

Falcão chegou com a missão de fazer o Internacional jogar futebol, algo que com Argel Fucks foi deixado de lado na maior parte do tempo. Para ajeitar um time que degringolava, tateou no escuro o tempo todo. Testou alternativas, esquemas, nada funcionou. Era muito cedo para que desse certo: a mudança de estilos era enorme, dificilmente seria assimilada com facilidade, dificilmente traria resultados rápidos. Piffero, claro, não soube esperar.

Na verdade, conforme dissemos um mês atrás, por piores que sempre consideramos aqui os métodos de Argel, até mesmo sua demissão acabou sendo de certa forma equivocada, ou ao menos no momento errado. Ele caiu ao perder para o Santa Cruz, dia 10 de julho. No dia 19 de junho, portanto três semanas antes, seu time iniciava a série de 11 jogos sem vencer, que perdura até hoje. Naquele 19 de junho, o Inter era líder do Campeonato Brasileiro. A convicção num time que ia (ilusoriamente) bem foi desfeita em apenas cinco fracassos. Os mesmos cinco fracassos de Falcão. Mas a precipitação não diz respeito aos últimos 12 meses: Diego Aguirre, vale lembrar, foi demitido dois jogos depois de perder a semifinal da Libertadores para o Tigres, há praticamente um ano, 6 de agosto de 2015. Amanhã, o Gre-Nal dos 5 a 0, o do "fato novo", completa um ano.

Qual a ideia para substituir Falcão? Provavelmente, o Internacional não a tem muito clara, embora seja óbvio que Celso Roth deverá ser o novo técnico. Nem Aguirre, nem Argel, nem Falcão, foram convicções da diretoria. O cenário é de luta contra o rebaixamento, claramente, por mais que o elenco não seja um dos quatro piores da Série A. Talvez o melhor neste momento seja chamar um treinador que não difira muito de Argel, mas faça ao menos o time apelar menos para o chutão e tente gradualmente colocar a bola no chão. Roth vem aí, e o anúncio será amanhã. Junto com ele, Fernando Carvalho ou talvez até Ibsen Pinheiro. São as últimas cartadas para evitar o pior.

Foto: Ricardo Duarte/Internacional.

Comentários

Chico disse…
O falcão como treinador é uma ilusão de 10 segundos.

Durou menos que eu esperava.

O falcão foi mandado embora ou saiu voando?

O celso roth vem aí lá lá lá. Pelo jeito a zoeira vai continuar mais um pouco.

O cúlorado sempre tratando bem seus ídolos.
Chico disse…
- Já se foi!
- O disco voador?
- Não, o falcão!