Botafogo 3 x 3 Flamengo: o primeiro clássico no Rio pelo Brasileirão foi empolgante

Camilo e Pará, personagens do clássico na Ilha do Governador
Neste Brasileiro, os clubes cariocas já mandaram jogos nos mais diversos lugares: Juiz de Fora, Natal, Brasília, Volta Redonda... Enquanto o Rio de Janeiro se prepara para os Jogos Olímpicos, Botafogo, Flamengo e Fluminense sofrem sem ter uma casa para chamar de sua. O Fogão decidiu investir: mesmo com pouco dinheiro, pôs R$ 5 milhões na ampliação do Estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, e a partir daí rebatizou-o de Arena Botafogo. E a estreia da nova e provisória casa alvinegra, se não foi com vitória, foi em altíssimo estilo: um empate em 3 a 3 com o Flamengo, num dos jogos mais eletrizantes do campeonato até aqui.

Raros são os clássicos em que as duas torcidas saem aplaudindo o que se viu em campo. A flamenguista, inclusive, tem motivos para vaias e reclamações: o time vencia por 3 a 1 até 33 minutos do segundo tempo, mas piorou consideravelmente após as mexidas medrosas do agora efetivado técnico Zé Ricardo e cedeu o empate. Uma vitória que parecia tranquila acabou cedida em questão de três minutos. Um resultado ruim para quem se fincava dentro do G-4, e agora pode acabar a rodada até mesmo na 8ª colocação.

Mas o 3 a 3 acaba fazendo justiça ao Botafogo. Como em quase todos os clássicos do ano, o time de Ricardo Gomes foi organizado e abnegado. Começou o jogo superior, mais bem montado que o rival, mas, como em vários jogos da temporada, a fragilidade técnica custou caro. Uma falha coletiva da zaga fez Éverton abrir o placar quando o alvinegro era superior. Aí, o primeiro golaço da tarde. Melhor em campo, o volante Aírton iniciou o lance chapelando a marcação. Na sequência da jogada a zaga cortou mal e Diogo Barbosa encheu o pé para enfiar um canudo sem defesa para Alex Muralha.

Se o primeiro tempo já foi movimentado, o segundo foi espetacular. E o Flamengo, bem melhor que no primeiro: mais qualificado, impôs seu futebol tecnicamente superior, controlou o adversário e fez 2 a 1, com o lateral Jorge. Nervoso, o Botafogo passou a errar demais, e Guerrero fez mais um, aos 22, praticamente definindo o jogo. Este foi o primeiro erro rubro-negro: pensar que a partida estava tranquila, recuar demais e abdicar de jogar, ou de explorar os contragolpes. Ricardo Gomes trocou Bruno Silva por Salgueiro e foi premiado com o gol de Neílton, em mais uma jogada que iniciou por Aírton, num lindo passe em elevação às costas de Jorge.

No segundo gol do Botafogo, Aírton mostra visão de jogo e lança Luís Ricardo por trás da zaga do Flamengo com categoria
Aí, Zé Ricardo cometeu seu grande erro: retirar Éverton e colocar Cuéllar. O Fla se estabilizara com a saída do apático Marcelo Cirino para a entrada de Canteros, aos 15, logo após o 2 a 1. Com mais esta troca defensivista, trouxe seu time todo para trás e chamou o Botafogo ainda mais para a pressão. Empolgado com o gol de Neílton, o time da casa chegou ao empate dois minutos depois, justamente com Salgueiro. Ofensivo, tinha boa chance inclusive de tentar uma virada no final, diante de um Flamengo fechado demais. Mas uma derrota não seria justa para lado algum.

Ninguém venceu, mas de certo modo os dois venceram. Uma pena que a torcida do Botafogo, carente que estava de ver seu time, quase estragou tudo jogando objetos no gramado a cada gol e brigando nas arquibancadas, o que pode render até uma perda do mando de campo ao time, que recém estreou sua casa provisória. Mesmo assim, faz bem ao Rio receber seus clássicos. A volta dos grandes jogos à Cidade Maravilhosa dificilmente poderia ter sido melhor.

Foto: Vitor Silva/Botafogo.

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