O Flu terá de se acostumar a jogar sem Fred. E o Atlético, a jogar com ele
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Pelo alto e sem Fred, Flu sofreu com a segura zaga do Grêmio |
Não é para menos: em 288 jogos com a camisa do Flu, Fred marcou 172 vezes. É o maior artilheiro da história do clube em partidas oficiais. Os cruzamentos para a área buscando sua excelência no jogo aéreo renderam muitos gols, alguns deles fundamentais para a conquista do título brasileiro de 2012, por exemplo. O próprio Grêmio foi vítima há menos de um ano, na Copa do Brasil de 2015, quando um empate em 1 a 1 em Porto Alegre foi fatal para as pretensões dos gaúchos de chegar ao quinto título na competição.
Ontem, o Raulino de Oliveira viu um time que buscava o jogo aéreo muitas vezes sem qualquer sentido. Richarlison, o atacante centralizado que ganha espaço com a saída de Fred, tem 1,79m de altura. Bem menos que os seguros Geromel e Wallace Reis, que dominaram a área ao lado do goleiro Bruno Grassi, que acabou consagrado por uma série de cruzamentos inócuos. O gol de empate surgiu em uma bola infiltrada para a velocidade de Marcos Júnior às costas do lateral Edílson. É este o caminho das pedras a partir de agora: muita movimentação de todos, abrindo brechas pelos lados e, principalmente, por baixo. Levir Culpi, que chegou no início do ano já não muito simpático às regalias que tinha Fred, deveria saber disso há mais tempo.
O Grêmio só não venceu no Rio de Janeiro por conta da prematura e discutível expulsão do volante Ramiro, ainda no primeiro tempo. Verdade que Edílson deveria ser expulso por pisão em Marcos Júnior, mas isso ocorreu já na segunda metade da etapa final, o que não prejudicaria tanto o plano de jogo do time gaúcho. Visivelmente superior tecnicamente ao Fluminense, mesmo sem Luan, abriu o placar na base do toque de bola envolvente de seu meio-campo. No segundo tempo, porém, cometeu um erro sério: fechou-se cedo demais, aceitou a pressão carioca sem ter um plano definido para contragolpear, sofreu o empate e poderia até ter perdido um jogo que, em condições normais, era para vencer. O empate, diante das circunstâncias, não caiu tão mal assim, mesmo que a liderança tenha sido perdida mais uma vez. Tudo isso explicita, além do já ótimo nível atingido pelo Grêmio, o quanto o Tricolor Carioca perde em termos de força e qualidade sem seu camisa 9.
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No Galo, Fred terá de se adaptar a um estilo mais dinâmico |
Em relação a Fred, hoje é a vez de saber o outro lado da moeda desta negociação: como o Atlético Mineiro se portará com ele em campo. Relacionado para o clássico contra o Cruzeiro, o artilheiro poderá estrear no Galo justamente diante do rival, clube que o projetou para o futebol brasileiro. É um ótimo jogador, que está em um time de ótimo potencial, mas há lá seus poréns nesta parceria que se iniciará hoje, na Arena Independência: como Fred se portará num time cuja mecânica exige dinamismo e velocidade? Justo ele, tão acostumado a ficar plantado na área esperando o abastecimento dos colegas. E como o Atlético se portará com um centroavante que, ao contrário de Lucas Pratto, Jô e Diego Tardelli, ao invés de sair da área e dar opções de tabelamento aos colegas de frente, costuma se posicionar mais paradão lá na frente? São questões interessantes, que passam a ser respondidas a partir deste domingo.
Fotos: Nelson Perez/Fluminense e Bruno Cantini/Atlético Mineiro.
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