Na estreia de Fred pelo Atlético, Arrascaeta roubou a cena: Cruzeiro 3 a 2

Alisson foi o primeiro agraciado com assistência de Arrascaeta

Mesmo após sete anos jogando pelo Fluminense, Fred nunca deixou de citar seu carinho pelo Cruzeiro, clube que o projetou nacionalmente. Portanto, sua transferência das Laranjeiras para o Atlético Mineiro já tinha um ingrediente óbvio, que ganhou outro, ainda mais explosivo: a estreia seria justamente no clássico contra a Raposa. Todos os holofotes estavam voltados para o camisa 99, que até deixou sua marca, mas acabou mesmo assim ofuscado por um uruguaio que não marcou nenhuma vez, mas decidiu a partida: Giorgian de Arrascaeta.

O clássico na Arena Independência foi eletrizante. Se Arrascaeta roubou a cena de Fred, o duelo de Belo Horizonte acabou ofuscando o clássico entre Palmeiras e Corinthians, o mais chamativo deste domingo, pelo momento positivo dos dois clubes paulistas. Em Minas, a estreia do badalado centroavante do Galo era o principal chamariz para um jogo entre dois times que não fazem um bom começo de campeonato. Mas a partida foi tão boa que lembrou os duelos de 2013 e 2014, quando ambos estavam em alta.

Arrascaeta não marcou, mas participou de todos os gols. No primeiro, levou Leonardo Silva com facilidade, demonstrando habilidade e velocidade, e ainda visão de jogo, ao acertar cruzamento na medida para Alisson empatar. O segundo foi uma pintura: deu um drible genial em Gabriel na área e só não fez porque Victor salvou, mas Riascos fez. Naquele momento, o Cruzeiro obtinha uma virada, e era começo do segundo tempo. Minutos depois, porém, aquele que tinha tudo para ser o lance mais marcante da tarde: o gol de Fred, o do empate do Galo, seu primeiro pelo novo clube, e diante do rival. Isso até Arrascaeta acertar um cruzamento perfeito em cobrança de falta para Bruno Rodrigo, de peixinho, decretar o 3 a 2 final.

Fred comemora: primeiro gol pelo Galo foi contra o Cruzeiro

Não foram só as viradas, as jogadas geniais de Arrascaeta e a estreia de Fred que temperaram o quente clássico mineiro: houve nada menos que quatro expulsões ao longo do jogo. Duas logo após o gol de Fred, com Marcos Rocha e Bryan indo para o chuveiro mais cedo. Aos 32, foi a vez do lateral Lucas deixar o Cruzeiro com um a menos. Uma resistência heroica duraria dali até os acréscimos, quando o time azul perdeu Romero, também expulso, terminando o jogo com oito homens, contra dez do rival. E com a vitória por 3 a 2.

A vitória épica no Independência dá fôlego para o técnico Paulo Bento acertar de vez o seu trabalho. Com a vitória, o Cruzeiro chega a quatro jogos de invencibilidade em clássicos. É a terceira vitória seguida da Raposa no Horto, após dois anos de supermacia atleticana no duelo. Vale destacar que este não é o primeiro grande clássico de Arrascaeta pelo Cruzeiro: foi dele um golaço espetacular na semifinal do estadual de 2015, emendando uma caneta com um chute certeiro num empate em 1 a 1, neste mesmo estádio. Na partida de volta (derrota por 2 a 1), fez também o único gol cruzeirense, mas acabou ofuscado por Lucas Pratto, que fez dois naquela tarde de 14 meses atrás.

Para o Atlético, a boa notícia ficou mesmo pelo gol de Fred, que estreou dizendo a que veio, embora tenha feito um primeiro tempo bem discreto. A derrota no clássico, porém, deixa ainda mais conturbado o ambiente do Galo, que termina a rodada numa inacreditável zona de rebaixamento, já nove pontos atrás do líder Internacional. Mesmo que a posição no Z-4 seja ilusória e que o time tenha potencial para brigar lá em cima, o início ruim vai começando a comprometer pretensões maiores na campanha.

Fotos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro e Bruno Cantini/Atlético Mineiro.