Superioridade como jamais houve

Jogadores do Inter comemoram o hexa, que não ocorria desde 1974
Não interessa quem esteja melhor, nem quem dispute Libertadores ou esteja fora dela: seja qual for a situação do futebol gaúcho, a rotina tem sido o Internacional dar a volta olímpica. A vitória por 3 a 0 sobre o Juventude confirmou o hexacampeonato ao Colorado, algo que não ocorria há mais de 40 anos, e pela terceira vez na história, apenas. Há 26 anos um time não ganhava seis Gauchões seguidos. E, além da enorme sequência, nunca a diferença de títulos entre Inter e Grêmio foi tão grande no âmbito estadual.

Com 45 títulos a 36, o Colorado abre nove estaduais de vantagem para o Tricolor. A maior distância entre ambos havia ocorrido em 1984 (29 a 22), acabou repetida em 2014 (43 a 36), superada no ano passado e ampliada agora. A incrível série iniciada em 2011, naquela épica virada e vitória nos pênaltis dentro do Olímpico, passa uma impressão nem sempre verdadeira de que o Inter invariavelmente tem apresentado times superiores ao seu rival nestes últimos anos. Na verdade, havia flagrante superioridade técnica vermelha em 2011 (apesar do drama) e 2015, certo equilíbrio em 2012 e 2014 (apesar do 4 a 1 da final) e clara melhor qualidade azul em 2013 (quando o Grêmio largou de mão o Gauchão) e agora, mesmo que tenha tentado conquistar o campeonato, mas parado no Juventude.

O Juventude, aliás, não fez frente. Depois de aproveitar para eliminar um Grêmio que não soube lidar com a concomitância da Libertadores, perdeu os dois jogos com gols sofridos no início, que minaram suas chances. No entanto, após uma boa primeira fase e os bons confrontos com o Tricolor (incluindo o 2 a 2 da primeira fase), mostrou que pode, neste ano, brigar de fato por uma vaga na Série B.

Quanto ao Colorado, como sempre ocorre, o título gaúcho serve para dar tranquilidade. Esta é a importância de conquistar o estadual em tempos onde ele é tão (justamente) desvalorizado: perdê-lo, principalmente quando se tenta ganhá-lo de fato (caso gremista de agora), é um desgaste que quem o conquista não sofre. Só não dá é para se enganar: Argel ganha tranquilidade, teve o mérito de puxar meninos da base que vêm dando resultado, mas o Inter precisa de reforços para o Brasileirão. Imaginar que a sequência de conquistas dentro do Rio Grande do Sul e a superioridade local sobre o rival signifique o sinal de uma grande campanha no principal torneio do ano é um erro sério, já cometido três anos atrás. Até porque, ao contrário de 2013, o Inter não foi o dono da melhor campanha da primeira fase, e apresentou vários problemas na primeira metade da competição.

Superioridade como jamais houve II
Diante do Audax, o Santos disputou sua oitava final seguida no Paulistão, marca só alcançada pelo time de Pelé nos anos 1960. O título santista foi o sétimo em 11 anos, o que num estadual como o de São Paulo significa um período de total hegemonia. Mas é semelhante ao caso colorado no Rio Grande do Sul: neste período, nem sempre o Peixe foi de fato o grande time de seu estado. Tem um elenco razoável, uma boa equipe, e jogará as primeiras nove rodadas do Brasileiro bastante desfalcado. É bicampeão paulista com méritos, mas tem muito o que trabalhar.

Foto: Ricardo Duarte/Internacional.

Comentários

Vine disse…
Gauchão é uma doença pra dupla: quem está melhor (normalmente disputando Libertadores) e é eliminado do campeonato, entra em crise e compromete a disputa continental; o que está pior vence o estadual e entra mais confiante do que deveria pro nacional.
Foi exatamente isso que aconteceu. Tá na hora das administrações dos clubes darem o devido valor ao estadual, que é preparação. A ansiedade com a qual o Grêmio passou a conviver depois que foi eliminado ajudou bastante pro baile do Central na Libertadores.

Essa pequenice precisa parar.