Contra um jogo truncado, Michel e a bola parada

Pratto x Maicon: jogo pegado no Morumbi
O fato de o gol da importantíssima vitória do São Paulo sobre o Atlético-MG ter sido marcado por um jogador que entrou no segundo tempo confere certa estrela ao trabalho do técnico Edgardo Bauza. Porém, não tê-lo escalado desde o início foi talvez o principal erro do Patón nesta noite: em uma partida que sabidamente seria truncada, disputada e com raras chances de lado a lado, contar com Michel Bastos e sua bola parada seria uma arma e tanto. Pois a vitória veio justamente com Michel, justamente na bola parada, mas de um modo como não estamos acostumados a ver - um gol dele de cabeça, e não na pancada.

Mas é bom que se diga: o duelo brasileiro que abriu as quartas de final da Libertadores foi truncado não por culpa do São Paulo, mas do Atlético-MG. Diego Aguirre foi ao Morumbi com uma formação excessivamente cautelosa. Apostou em dois volantes centralizados (Carioca e Donizete) e dois mais abertos (Patric e Urso), numa espécie de duas linhas de quatro. A aposta era que Robinho jogasse entre esta linha e o centroavante Pratto. Na prática, o camisa 7 não conseguiu ser o homem de ligação, e seu time penava demais para criar qualquer chance no Morumbi.

Apesar disso, os mineiros controlavam bem o ímpeto são-paulino, com seus três marcadores no meio. O Tricolor dominou os primeiros 20 minutos, mas só levou perigo uma vez, também em cruzamento, mal cabeceado por Ganso. A partir dos 30, passada a volúpia inicial do time paulista, o Galo passou a dominar o meio. Patric se adiantou como ponta e descobriu bom espaço às costas do chileno Mena. Faltava, porém, criatividade. A saída de Robinho por lesão não ajudou em nada nos planos.

Para a etapa final, Aguire manteve o 4-3-3 com três volantes do fim do primeiro tempo. A ideia, no entanto, era outra: explorar a velocidade de Patric e Hyuri pelos lados e encaixar um contragolpe mortal. Só que este lance não veio, e o que se viu foi um Atlético-MG que chamou o São Paulo para o seu campo. Mesmo com uma boa partida de Ganso e com a entrada de Michel Bastos, as chances basicamente se resumiram aos levantamentos para a área de Victor. Numa, Maicon quase fez; em outra, Calleri perdeu, impedido; na terceira, Michel marcou o gol da vitória.

O resultado em nada define o confronto, mas a vantagem são-paulina é boa. Bauza ganhou como mais gosta: sem sofrer gols em casa. O San Lorenzo campeão de 2014 ganhou todas no mata-mata em seu estádio deste modo. No Mineirão, porém, o jogo será bem diferente. Afinal, o Galo terá de ser outro se não quiser ser desclassificado.

Em tempo:
- Cada queda de grade que causa a cena de ver torcedores despencando traz sempre a mórbida lembrança do incidente ocorrido em julho de 1992, na final do Brasileirão entre Flamengo e Botafogo, disputada no Maracanã. Felizmente, os ferimentos desta vez não foram graves, pelas informações recebidas até agora. Que todos se recuperem bem.

- A queda da grade foi a mancha de uma linda noite de Libertadores, e com queda de recorde de público do país em 2016. Mais de 60 mil pessoas no Cícero Pompeu de Toledo esta noite.

- Ao todo, tivemos apenas 13 chutes a gol, mas absurdos 10 cartões amarelos. Números que dizem bem o que foi a partida.

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Copa Libertadores da América 2016 - Quartas de final - Jogo de ida
11/maio/2016
SÃO PAULO 1 x ATLÉTICO-MG 0
Local: Morumbi, São Paulo (SP)
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
Público: 61.297
Renda: R$ 4.137.596,00
Gol: Michel Bastos 33 do 2º
Cartão amarelo: Ganso, Thiago Mendes, Wesley, Rafael Carioca, Leonardo Silva, Robinho, Leandro Donizete, Júnior Urso, Marcos Rocha e Patric
SÃO PAULO: Dênis (5,5), Bruno (6), Maicon (6,5) (Lugano, 28 do 2º - 5), Rodrigo Caio (6) e Mena (5); Hudson (6), Thiago Mendes (5,5) (Wilder, 23 do 2º - 5,5) e Ganso (6,5); Wesley (6), Calleri (4,5) e Kelvin (5) (Michel Bastos, 17 do 2º - 7)). Técnico: Edgardo Bauza
ATLÉTICO-MG: Victor (5,5), Marcos Rocha (5,5), Leonardo Silva (6), Erazo (6,5) e Douglas Santos (5,5); Rafael Carioca (5,5), Leandro Donizete (5,5), Patric (6) (Clayton, 42 do 2º - sem nota) e Júnior Urso (4,5); Robinho (5) (Hyuri, 38 do 1º - 4,5) e Pratto (4,5). Técnico: Diego Aguirre

Foto: Atlético-MG/Divulgação.

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