Palmeiras vivo, mas na mão dos inimigos

Gabriel Jesus foi o nome da noite: dois gols e expulsão tola
Ao final de cinco das seis rodadas da fase de grupos, dizer que o Palmeiras fez quatro dos seis pontos possíveis nos confrontos diretos com o Rosario Central seria praticamente a certeza da classificação. Isso não fosse o desempenho lamentável dos paulistas contra os uruguaios Nacional e River Plate. O empate em 3 a 3 no Gigante de Arroyito teve grandes méritos: muita luta, ótimo aproveitamento ofensivo e alguma dose de heroísmo, buscando a igualdade com um homem a menos após a infantil expulsão de Gabriel Jesus. Só que o empate não era o suficiente, por mais fortes que sejam os argentinos.

Para quem não acompanhou muito de perto a campanha do Rosario Central no ano passado, o fato de o Palmeiras ter conquistado diante dele uma vitória e um empate traz uma falsa impressão de superioridade desperdiçada do time paulista. Não é o caso: mesmo errando muito em sua campanha na Libertadores, o Central tem a melhor equipe do Grupo 2, superior inclusive à do líder Nacional. No Allianz Parque, vale lembrar, perdeu por 2 a 0 naquele que foi o maior crime da competição, pois deu um vareio no Palmeiras. Ontem, é verdade, não chegou a jogar bem. Pressionou muito, mas errou demais, deixando de vencer e se classificar por antecipação. Ainda assim, tem situação bem confortável na tabela.

O Palmeiras quase abriu o placar com 20 segundos de jogo, fez 1 a 0 aos quatro minutos, mas jamais teve a partida sob controle. Tão logo surpreendeu e saiu à frente, recuou em demasia, como no jogo do Allianz Parque. Deu campo ao Central, que buscou o empate e encaminhava a virada, até Gabriel Jesus fazer seu segundo gol no jogo, algo então fora da lógica do jogo. A dupla Donatti-Pinola formou a melhor zaga do Campeonato Argentino de 2015, mas tem errado demais neste ano. Ainda assim, o time da casa teve forças de buscar a virada, embora tenha cedido o empate de novo em mais uma bola parada aproveitada pelo time de Cuca. O 3 a 3 de ontem foi um jogaço, mas sobretudo um jogo de muitos erros.

O empate, mesmo que conquistado com inferioridade numérica e segurado na base da raça pelo Palmeiras, é um péssimo resultado. Dizer que mantém o time paulista vivo é quase uma formalidade: com cinco pontos, o Palmeiras pode ver Nacional e Rosario Central disputarem um jogo convenientemente morno na última rodada em Montevidéu, já que o empate classificará ambos às oitavas de final. Isso ocorrerá especialmente se o Bolso perder para o conterrâneo River hoje. Mas, caso empate ou vença, entrará na última rodada classificado - ou seja, sem tanta necessidade de vencer, o que teoricamente facilita a tarefa dos argentinos.

Num grupo tão equilibrado, de jogos tão intensos e disputados, o Palmeiras se vê na mão de seus dois mais ferrenhos adversários na última rodada, sem poder fazer nada a não ser ganhar do River e rezar para um resultado paralelo positivo. Nada disso foi por culpa de ontem à noite, naquela que seguramente foi a melhor atuação do time alviverde na Libertadores. Os erros de antes, bem mais que a expulsão tola de Gabriel Jesus ou o pênalti tolo de Vítor Hugo em Musto, é que pesam nesta conta.

Liderança encaminhada
O Corinthians já está na prática classificado. Tendo de receber o Cobresal em Itaquera, só um fiasco histórico o tira das oitavas da Libertadores. O jogo de ontem serviu, então, para sabermos se o time de Tite seria líder ou vice de seu grupo. O 1 a 1 com o Santa Fe sugere que os paulistas devem terminar com o primeiro lugar da chave. E a boa notícia para o resto da América do Sul é a complicação colombiana: como o Cerro Porteño tem tudo para vencer o Cobresal semana que vem, é provável que o Santa Fe só se classifique derrotando os paraguaios, e em Assunção. Um favorito que está em enormes apuros.

Meia mole, meia dura
Depois de enfiar 6 a 0 no Trujillanos, o São Paulo viu hoje o River Plate repetir o placar diante do Strongest, em Buenos Aires. Um péssimo resultado, especialmente pelo enorme saldo que os argentinos ostentam (10 gols positivos). Não há jeito: se quiser passar sem depender de ninguém, o Tricolor terá de vencer tanto o River em casa como os bolivianos na altitude. A não ser que o modestíssimo conjunto venezuelano segure ao menos um empatezinho em casa com o Strongest.

Dever cumprido com sobras
O Grêmio fez o que precisava: goleou o Brasil com uma boa atuação, manteve a dianteira absoluta na pontuação do Gauchão, carimbou sua vaga na semifinal e praticamente garante uma possível final do estadual dentro da Arena, caso chegue mesmo lá. A decisão mais dura que Roger Machado terá de tomar na hora de escalar o time em Quito está no ataque: Bobô, em grande fase, merece a titularidade, mas Luan cresceu bastante de produção jogando em seu lugar no segundo tempo. A tendência, pela escalação inicial, é a de que o centroavante comece o jogo. E Giuliano, com a sombra cada vez mais forte de Pedro Rocha, fez seu melhor jogo no ano - não que Pedro não tenha ido bem, marcando mais um gol.

O brasileiro que fez a diferença
Numa quarta-feira de dois jogos recheados de brasileiros na Liga dos Campeões da Europa, o menos famoso deles foi o grande destaque: o meia Bruno Henrique, ex-Goiás, comandou o Wolfsburg na vitória por 2 a 0 sobre o Real Madrid, resultado que deixa os alemães perto das semifinais - embora não garantidos, claro. Em Paris, PSG e Manchester City ficaram no 2 a 2, em resultado melhor para os ingleses, mas que não aponta tendência alguma, dado o equilíbrio.

Foto: César Greco/Agência Palmeiras.

Comentários

felipesfranke disse…
Que rodada insana de Libertadores. Que partida do D'Alessandro.

A Champions nestas quartas tá boa. Todos os quatro jogos da volta prometem ser bons.
Vicente Fonseca disse…
A Champions tá boa mesmo, mais equilibrada do que eu pensava. Todos os favoritos correndo certo risco e o jogo mais parelho bem indefinido. Já era hora.
felipesfranke disse…
Todo mundo na torcida pela final Atlético de Madrid x Wolsburg.
Vicente Fonseca disse…
Olha, o Benfica do Jonas me CATIVA também. Na verdade, a final mais abominável (PSG x City) está impedida pelo cruzamento dos dois agora, o que me tranquiliza, de certa forma.
Quaisquer dois entre Atlético, Wolfsburg, Benfica, e City valem já...
Vicente Fonseca disse…
Em outras palavras, Sancho: se houver ao menos um time entre Bayern, Barça e Madrid que não fique entre os quatro, já tá valendo.
felipesfranke disse…
Existe alguma razão para o David Luiz ainda ter espaço em um time do tamanho do PSG? Peraí, talvez isso explique o tamanho do PSG na Champions.
Vicente Fonseca disse…
Acho que o currículo, talvez. Foi campeão europeu pelo Chelsea em 2012, e jogando bem - mas de volante, como eu sempre disse.
Chico disse…
O xavante gosta ficar de quatro.
Giuliano e Geromel jogaram muito.

O Palmeiras deixou de ganhar de Los Canallas.
felipesfranke disse…
Conheço e apoio tua CAMPANHA. O cara falha sistematicamente na zaga, mas tem bons rompantes no apoio ao ataque.
Vicente Fonseca disse…
Exatamente. É frouxo demais pra ser zagueiro, mas tem boa saída de bola, bom passe. Mas já desisti.