Dificuldades para chegar à final

São José e Inter fizeram dois jogos equilibrados na semifinal
Ontem, o Internacional encarou o que a maioria dos chamados gigantes do futebol brasileiro tem enfrentado: um confronto duro na semifinal do campeonato estadual. Os 180 minutos de partida contra o São José foram complicadíssimos: após um 0 a 0 justo no Beira-Rio, os dois times fizeram um jogo corrido e disputado no campo sintético do Passo d'Areia, onde a bola mais pula que rola. A vitória por 1 a 0 veio através de um gol polêmico do zagueiro Ernando, aos 29 minutos do segundo tempo, num dos poucos momentos em que o time de Argel Fucks realmente se sobrepôs ao adversário.

As dificuldades coloradas, como sempre, passaram por sua lentidão na hora de envolver o adversário. Sem criatividade no meio e com Anderson em mais uma noite pouco produtiva, o Inter não conseguia furar o bloqueio bem armado por China Balbino. Dono da melhor defesa do Gauchão, o Zequinha se segurou bem atrás e ainda levava perigo nos contra-ataques. O primeiro tempo terminou sem gols, e nada sugeria vantagem para qualquer dos lados, tal o equilíbrio das ações.

As coisas só começaram a clarear quando o centroavante Heliardo deixou o campo, não suportando mais as dores no púbis. Ali, o time da Zona Norte perdeu a retenção de bola na frente, deu chance para os zagueiros do Inter adiantarem a linha defensiva e trouxe o Colorado para o campo de ataque. Nada que viesse com criatividade, porém: Argel entendeu a má jornada de seus meias e tirou Anderson para a entrada de Aylon, dando o recado claro de que abusaria do jogo aéreo e dos chutes de Vitinho, velhas armas que vez por outra salvam o Internacional do pior. Foi pela primeira alternativa que seu time chegou à vitória e à decisão.

A campanha colorada no Gauchão chegou a ser medíocre em determinada época, mas acabou primando pela eficiência na reta final, ainda que sem brilho. No entanto, os problemas enfrentados pelo Inter não são exclusividade sua: vários grandes do país, como dissemos lá no início, passaram ou passarão por percalços para decidirem seus campeonatos locais. O Audax fez duas vítimas: depois de golear o São Paulo, igualou o Palmeiras de 2015 e eliminou o Corinthians, em sua arena, na semifinal, nos pênaltis, após um empate de 2 a 2. Foi o melhor jogo do Paulistão 2016, diante de quase 42 mil atônitos torcedores em Itaquera.

Hoje, outros dois grandes terão dificuldades para chegarem às respectivas finais. O Cruzeiro tem de fazer 2 a 0 no América para buscar evitar o bi do Atlético em Minas Gerais. Aqui em Porto Alegre, a tarefa do Grêmio não é contra time de Série A, mas é tão complicada quanto: enfiar 3 a 0 no Juventude em sua arena para encerrar o longo período sem dispor da hegemonia estadual. A mobilização promete ser semelhante à que levou o Tricolor a virar de forma quase impossível em 2007, contra o Caxias, também pela semifinal. Naquela oportunidade, era preciso meter 4 a 0, e o time de Mano Menezes conseguiu.

Cansaço aqui, cansaço lá
O mau gerenciamento do calendário não ocorre só aqui no Brasil: na Argentina também é cortesia da casa. Se os momentos decisivos dos estaduais coincidem justamente com os mata-matas da Libertadores, lá a AFA conseguiu a proeza de marcar o fim de semana de clássicos e as três rodadas finais do Campeonato Argentino nesta mesma época do ano. Só hoje teremos Boca x River, Newell's x Central e Racing x Independiente - todos jogos que envolvem equipes que estão nas oitavas de final do torneio continental.

Assim, se o Grêmio chegará possivelmente cansado para quarta-feira, por ter de reverter um placar adverso hoje, o Rosario Central deve desembarcar em Porto Alegre tão esgotado quanto - fora a viagem, claro. Enfrenta hoje seu maior rival, fora de casa, naquela competição que é sua verdadeira prioridade neste primeiro semestre. O técnico Eduardo Coudet não deve poupar ninguém, assim como Roger Machado.

Manchester na final
Partida empolgante em Londres, e o Manchester United está na final da Copa da Inglaterra. Com Wembley cheio (87 mil pessoas) e dividido meio a meio entre torcedores dos Diabos Vermelhos e do Everton, o time de Van Gaal saiu à frente, cedeu o empate no segundo tempo e tomou forte pressão da equipe azul, mas Martial, no último minuto, marcou um belo gol e classificou o United num emocionante 2 a 1. Seu adversário sai hoje, do duelo entre Crystal Palace e Watford, também em Wembley.

Foto: Ricardo Duarte/Internacional.

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