Aquela mãozinha que vem do México

Vitória sobre a LDU classificou o Toluca e ajudou o Grêmio
Na véspera do jogo decisivo contra o Brasil de Pelotas, o Grêmio acompanhou atentamente uma partida ainda mais importante para o seu futuro que a de hoje à noite. A 7.500 quilômetros de Porto Alegre, a vitória de virada do Toluca sobre a LDU foi um ótimo resultado para o time de Roger Machado. O placar de 2 a 1 mantém os equatorianos dois pontos atrás do Tricolor. Mas nem toda a noite foi assim: a Liga saiu vencendo, com um golaço de Puch aos 18 minutos de jogo, mas cedeu o empate no lance seguinte. Por um minuto, esteve à frente do time gaúcho, sendo que o receberá em Quito semana que vem. Situação tensa, que poderia eliminar a equipe de Roger Machado já na próxima rodada.

Ainda não para se dizer que a classificação gremista está encaminhada, mas o resultado de ontem foi um passo importante. Vencendo na semana que vem, o Grêmio só não se classificará antecipadamente se o San Lorenzo surpreender o Toluca no México. Empatando, se manterá à frente dos equatorianos e talvez, com azar, ainda fique empatado com os argentinos, mas com saldo de gols provavelmente superior. Mesmo perdendo o jogo, a vaga ainda ficará viável: bastaria vencer o Toluca, já classificado, na Arena, e torcer para que a LDU não derrote o San Lorenzo em Buenos Aires. Resultados de certa forma até lógicos.

Ainda assim, é claro que o ideal é buscar pontos em Quito. É difícil prever como será o rendimento do time na altitude, mas a preparação de uma semana será maior e mais adequada que a feita para o jogo de Toluca, em fevereiro. E mais: o Grêmio chegará melhor para este duelo do que quando estreou na Libertadores. Hoje, diante do Brasil, terá fim um verdadeiro rodízio de peças promovido por Roger nestes últimos 20 dias sem jogos pela competição continental. Rodízio este que poderá trazer mudanças na equipe, já que é visível o melhor rendimento de alguns dos considerados reservas em relação a outros tidos como titulares.

Se o resultado paralelo deu certo, a preparação será cuidadosa e o rodízio de Roger indica caminhos de time com mais clareza, falta a última peça desta engrenagem para que o Grêmio desembarque forte em Quito: a classificação diante do Brasil. De nada adiantará tudo isso se o Tricolor for eliminado hoje. Uma desclassificação hoje poderá atrapalhar o andamento das coisas tanto quanto aquela derrota para o São José atrapalhou às vésperas da viagem ao México. O jogo contra o Xavante trará reflexos diretos a uma competição e indiretos à outra.

O importante hoje, portanto, é o Grêmio seguir adiante, e não só por conta da tranquilidade para a Libertadores, mas visando o próprio estadual. De preferência com vitória, que é para manter a dianteira da pontuação e seguir trazendo a finalíssima para a Arena. O Gauchão em si não se compara à Libertadores, claro, mas trazer para casa este título estadual e evitar a sexta conquista consecutiva do Internacional faz parte dos objetivos desta temporada, por mais que muitos possam não admitir.

Enfim, o São Paulo; enfim, Calleri
Na primeira atuação realmente convincente em toda a temporada, o São Paulo passeou em cima do Trujillanos. Criticado pelos poucos gols em comparação com o que se esperava, Calleri deixou quatro na goleada de 6 a 0 de ontem à noite. Começou cedo, abrindo o placar logo a um minuto, gol que deu tranquilidade para o restante do jogo no Morumbi. O resultado é ótimo especialmente pelo saldo, um potencial critério de desempate. Porém, nada de exaltações: para se classificar, o Tricolor ainda precisa bater River Plate e The Strongest, este na altitude. A fragilidade do Trujillanos cobra pontuação alta de quem quer se classificar nesta chave. E o Tricolor foi o único que perdeu pontos para os venezuelanos até agora.

Em alta, Palmeiras tenta última chance
Se o São Paulo vai deixando sua enorme crise de lado, o Palmeiras segue caminho parecido. Depois de quatro derrotas seguidas, Cuca já tem duas vitórias no comando alviverde. O 3 a 0 no modesto Rio Claro não convenceu ninguém, mas a vitória sobre o Corinthians no domingo elevou o moral do elenco. E é bom mesmo que a equipe esteja forte: caso não vença o Rosario Central hoje, o Verdão estará praticamente eliminado da Libertadores, pois argentinos e uruguaios poderão até combinar um empate amigo na última rodada para tirarem os paulistas da competição. Uma parada duríssima e uma necessidade inadiável.

Niño Torres, herói e vilão
No mesmo jogo em que fez o gol que abriu o placar no Camp Nou, Fernando Torres acabou expulso. Tudo isso no primeiro tempo. É bem verdade que a arbitragem adotou pesos e medidas diferentes em relação a entradas parecidas de Luis Suárez, o outro autor dos gols da noite. Mesmo prejudicado no apito, o Atlético de Madrid leva para o Vicente Calderón uma administrável derrota de 2 a 1. Outro favorito que não está garantido é o Bayern München, que fez 1 a 0 no Benfica cedinho, mas não passou disso. As quartas de final da Liga dos Campeões começaram mais apertadas do que se esperava.

Foto: Toluca/Divulgação.

Comentários

Lourenço disse…
Concordo que o resultado de ontem foi bom, mas vejo um otimismo desmedido nos gremistas. Primeiro, há um senso de que a derrota esfria a LDU, mas ela segue viva e dependendo só de si para se classificar, e assim enfrentará o Grêmio. Segundo, que não entendo o "basta ganhar do Toluca", como se fosse uma formalidade vencer do time que, de longe, se mostrou o melhor do grupo. Acho que a vitória da LDU, sim, seria uma tragédia, mas a derrota não colocou o Grêmio "quase lá".
Vicente Fonseca disse…
Com certeza. Na verdade, o "basta ganhar do Toluca" citei como sendo o resultado necessário para se classificar. Está longe de ser páreo corrido, mesmo que o Toluca chegue classificado a Porto Alegre.

Acho a classificação provável, mas longe de estar ganha, pois sinceramente não sei muito o que esperar do Grêmio na altitude semana que vem. Meu sentimento é muito mais de alívio que de euforia, principalmente porque uma vitória da LDU ontem, aí sim, complicaria muito a situação.
Toluca passeou naquele que deveria ter sido o Grupo da Morte nesta Libertadores. Impressionante...
Vicente Fonseca disse…
E o curioso é que os últimos grupos da morte têm sido assim. Em 2014, o Grêmio passeou diante de Newell's, Nacional e Atlético Nacional; no ano passado, foi a vez do Corinthians contra San Lorenzo e São Paulo (e o pobre Danubio). E o mais incrível: tanto Corinthians em 2015 como Grêmio em 2014 caíram logo nas oitavas...