Um Gre-Nal típico como poucos

Giuliano cercado por dois: marcação forte foi a tônica do Gre-Nal 409
Estádio lotado, muita marcação, empurra-empurra, faltas, cartões, expulsão e nada de gol. O Gre-Nal deste domingo foi típico como poucos na história do grande clássico gaúcho. Um jogo truncado, no qual as defesas se sobressaíram, mas ainda assim com chances de lado a lado, algumas delas bastante claras. Assim, embora o Grêmio tenha tido mais oportunidades e volume, o 0 a 0 acabou refletindo bem o que foi a partida.

A tônica do jogo foi clara: precisando vencer para ser campeão de grupo na Primeira Liga, o Grêmio propôs as ações e viu o Inter se fechar, esperando um contragolpe. A equipe de Roger Machado teve bastante paciência para trocar passes e raramente apelou para chutões, o que é um mérito, mas encontrou um Colorado muito bem fechado por Argel Fucks. O fato de Miller Bolaños ter jogado descontado durante todo o tempo (o cotovelaço de William ocorreu logo aos três minutos) o tirou de fato do jogo, o que dificultou ao Grêmio ter mobilidade para vencer a defesa rubra.

Até os 20 minutos, o jogo foi do Grêmio. A equipe da casa chegou quatro vezes com perigo, e poderia ter saído em vantagem. Passada a pressão inicial, o Inter se adiantou e passou a trocar mais a bola no campo inimigo, invertendo os papéis. Faltava, porém, mais penetração: houve um que outro escanteio, algumas bolas perigosas cruzando a área, algumas boas escapadas de Aylon e Eduardo Sasha, mas em geral bem controladas pela defesa gremista, mais segura com Wesley que com Wallace Oliveira e com Geromel novamente soberbo.

Os 15 minutos finais do primeiro tempo e os 5 iniciais do segundo foram quase de não-jogo. O Inter ameaçou dominar a partida logo a seguir, mas a mexida de Argel retirando Anderson e colocando Vitinho, embora tenha dado mais vida ao ataque, despovoou o meio, e deu de volta o comando das ações ao Tricolor. Pouco antes, Giuliano perdera grande chance, brecado por Ernando. Aos 24, a melhor de todas, com Luan livre chutando por cima na pequena área. O Inter revidou num contragolpe de Sasha para Vitinho, que Geromel cortou em cima da linha. Foi o melhor momento do Gre-Nal.

Nos 20 minutos finais, embora ainda aberto, o jogo voltou a ter as defesas se sobressaindo aos ataques, salvo uma ou outra jogada individual. Era claro que o Grêmio tinha a iniciativa de pressionar e o Internacional se posicionava em busca do contra-ataque, raramente cedido. No fim, já pensando na partida diante do San Lorenzo, Roger retirou Luan e pôs Bobô, também por conta da bola aérea. Mas nada de mais aconteceu, fora a expulsão de Paulão, por revide em Henrique Almeida.

O 0 a 0 cai muito bem para o Internacional. Para um time em formação, que enfrentou um adversário mais robusto, mais pronto, e fora de casa, a atuação colorada foi boa. Encarou bem o Tricolor, poderia até ter vencido e, o melhor: garante vaga nas semifinais da Primeira Liga e não perde contato com o rival no Gauchão.

No caso gremista, o empate não é bom em termos de tabela, mas também não compromete os ânimos para a partida de quarta, a da competição que realmente importa, diante do San Lorenzo. O problema maior é o desgaste: o Grêmio chegou ao clássico com menos tempo de descanso que seu rival e vai para quarta-feira igualmente cansado por um Gre-Nal bastante intenso. Desta vez, ao menos, seu adversário também atuou no final de semana, o que minimiza uma possível diferença de fôlego.

Em tempo:
- Além de ter batido o recorde de público gremista na Arena, os 48.204 torcedores que foram hoje ao clássico são a melhor marca do Tricolor como mandante dos últimos 11 anos. Só os 50.960 da partida contra o Santa Cruz, pelo quadrangular decisivo da Série B de 2005, superam.

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Primeira Liga 2016 - Grupo B - 3ª rodada
Campeonato Gaúcho 2016 - 1ª fase - 8ª rodada
6/março/2016
GRÊMIO 0 x INTERNACIONAL 0
Local: Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Público: 48.204
Renda: R$ 1.937.749,00
Cartão amarelo: Geromel, Marcelo Oliveira, Maicon, Henrique Almeida, Aylon, Andrigo e William
Expulsão: Paulão 47 do 2º
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6), Wesley (6), Geromel (7), Fred (5,5) e Marcelo Oliveira (6); Edinho (6), Maicon (6), Giuliano (6) e Douglas (6) (Everton, 27 do 2º - 5,5); Luan (6) (Bobô, 45 do 2º - sem nota) e Miller Bolaños (5) (Henrique Almeida, intervalo - 5). Técnico: Roger Machado
INTERNACIONAL: Alisson (6,5), William (6,5), Paulão (5,5), Ernando (6) e Artur (5,5); Rodrigo Dourado (6), Fabinho (5,5), Anderson (4,5) (Vitinho, 18 do 2º - 6) e Andrigo (5) (Alex, 28 do 2º - 5); Eduardo Sasha (6) e Aylon (5,5) (Réver, 45 do 2º - sem nota). Técnico: Argel Fucks

Foto: Grêmio/Divulgação.

Comentários

Anônimo disse…
Ótima análise, Vicente. O jogo em si não foi nada bom. Muito truncado. Sobre as confusões, ficou nítida, para mim, a agressão desleal do William. Tinha de ser expulso. O que não significa que ele seja um bandido, como muitos estão o chamando.
E outra coisa, independente do jogo de ontem, não consigo gostar da arbitragem do Daronco. Ele atrai confusão. Talvez amadurecendo melhore. Vide o Marcelo de Lima Henrique.
Voltando ao Grêmio, achei que sentimos um pouco o cansaço no segundo tempo. Douglas foi a prova disso. E quarta tem mais. Jogo para encaminhar nossa classificação.

Um abraço, Marcus
Vicente Fonseca disse…
Muito obrigado, Marcus!

Acho que o grande erro do Daronco foi realmente neste lance do William com o Bolaños. Estava mal colocado e não viu a agressão - e ainda por cima deu falta do equatoriano no lance.

Quarta é jogo importantíssimo, eu diria quase decisivo. Chegar para enfrentar San Lorenzo e LDU fora com 3 ou 4 pontos complicaria muito as chances de classificação.

Grande abraço.