O Inter de Argel quer ser reativo, mas peca por ser espaçado e lento

Osvaldo comemora: Flu merecia vencer no tempo normal
Apenas uma vitória nos últimos seis jogos, quatro partidas sem vencer, quinto lugar no Campeonato Gaúcho e, agora, a eliminação na Primeira Liga. Os números e resultados deixam claro que o momento do Internacional é complicado. Na partida contra o Fluminense, os melhores números da equipe dizem respeito ao resultado, 2 a 2, que em nada reflete a superioridade dos cariocas na partida. O Colorado teve apenas quatro chances de gol a noite toda, contra nove do time de Levir Culpi, mais do que o dobro. Um número tão medíocre quanto o de ter mais empatado que vencido partidas no campeonato estadual.

A estratégia proposta por Argel Fucks foi tão mal executada que passa a falsa impressão de que ela sequer existia. Não é verdade: o treinador colorado, ao contrário do ano passado (quando realmente não se via uma estratégia clara de jogo), tem como ideia formar um time que se defenda bem e saia em velocidade nos contra-ataques. Um estilo reativo, como nos tempos de Figueirense, por exemplo. Pode-se argumentar (com razão) que isso é pouco para o tamanho do Inter, mas é preciso considerar que o elenco atual oferece pouco ou nada além disso, mesmo. Só não dá para dizer que essa ideia não existe: no último Gre-Nal, seu time jogou exatamente desta forma, e foi bem sucedido, embora o resultado tenha sido, assim como ontem, um empate.

É por isso que não dá para ficar só no resultado na hora de se analisar o desempenho de uma equipe. Ao contrário do clássico do último dia 6, o Inter teve uma atuação muito fraca no Mané Garrincha. Como pode um time que se propõe a defender primeiro para contra-atacar depois dar tanto espaço para os meia adversários trabalharem a bola? Silva, queimado por Argel no primeiro tempo, foi muito mais vítima que culpado: o meio em losango escalado pelo treinador colorado jamais funcionou. Anderson e Alex já dificilmente colaboram com a marcação por questões físicas, e desta vez nem Fabinho, escalado de início equivocadamente na segunda linha (é jogador de desarme, mas pouca saída de jogo), ajudou. 

O problema era tão sério que muitas vezes Eduardo Sasha, este sim muito dedicado, chegava a voltar quase à linha de fundo defensiva para ajudar Artur na marcação a Jonathan, vendo que Silva não dava conta por estar ocupado com os meias tricolores. O primeiro gol surgiu justamente neste vácuo: culpa-se Muriel pelo evidente, o gol sofrido entre as pernas, mas como Osvaldo apareceu frente a frente com ele? E como Gérson teve tamanha liberdade para tramar esta jogada diante de um rival supostamente fechado, e que estava em vantagem no placar?

Silva se viu muitas vezes sozinho diante de Gérson e Gustavo Scarpa, meias rápidos, técnicos, perigosos e de alta movimentação. O fato de Magno Alves e Osvaldo serem jogadores também dinâmicos dificultou ainda mais sua vida. Durante todo o primeiro tempo, e até o Flu virar o jogo, houve um buraco entre o (s) volante (s) e os demais jogadores de meio e ataque do Inter, espaço no qual o time carioca construiu sua superioridade. A troca de Silva por Marquinhos, que alterou o esquema colorado para o 4-2-3-1 não corrigiu esta falha tática grave. Na verdade, somente o recuo do Fluminense após virar o placar é que minimizou os efeitos de tudo isso - o time carioca ainda está em formação, e este recuo em excesso simboliza uma equipe que ainda busca confiança, após período de forte instabilidade, especialmente em termos defensivos.

Além desta séria descompactação atrás, que já complicava demais a primeira parte da estratégia, o Inter ainda teve outro problema sério ontem no Mané Garrincha: a falta de velocidade na hora de contragolpear. Anderson puxou um único contra-ataque rápido no primeiro tempo, finalizado por Sasha e defendido por Diego Cavalieri. É um jogador lento, como Alex. Nem Vitinho, e nem Sasha, são jogadores com este perfil de alta velocidade também. Em resumo: a equipe mais uma vez foi bagunçada atrás e pouco eficaz na frente, quando deveria obrigatoriamente cumprir estes requisitos para ser realmente bem sucedida em seu propósito de jogo. Como em 2015, dependeu do pé calibrado de Vitinho para não perder, já que não teve nenhuma criatividade ou imposição para buscar o empate após ficar atrás no placar.

O que mais preocupa é o comparativo com o adversário. O Inter não tinha Rodrigo Dourado e Alisson, mas o Fluminense não tinha Fred, desfalque igualmente sério. E mais: apesar de problemas técnicos e táticos também (especialmente a fragilidade da cobertura aos laterais), o time carioca pareceu sempre mais consciente e arrumado que o gaúcho. O detalhe é que Levir Culpi chegou às Laranjeiras há duas semanas, enquanto Argel está no Beira-Rio há sete meses - e em sete meses jamais conseguiu dar qualquer padrão de jogo a seu time, mesmo com uma estratégia reativa. E o pior: se o tal discurso de motivação é um dos pontos fortes do seu trabalho, explicar o desempenho de Anderson torna-se ainda mais difícil do que a falta de organização do Inter nestes últimos meses.

Foto: Nelson Perez/Fluminense.

Comentários

Anônimo disse…
O BenzemAylon podia ter feito alguma coisa (risos)
Vine disse…
Rebaixamento à vista?
Vicente Fonseca disse…
O papo de alguns colorados na saída do Mané Garrincha era esse. Eu ainda acho que há outros times bem piores (o Figueirense e os quatro que subiram do ano passado, por exemplo) e que o Inter vai se reforçar, mas sinceramente não espero nada muito além disso caso o Argel permaneça.
Chico disse…
Ânderson continua proporcionando muitas alegrias para a torcida Tricolor.