Moral(es) nas alturas
Morales finaliza sua primeira obra-prima da noite: LDU 2 a 0 |
A Liga esteve melhor o tempo todo. A estratégia do San Lorenzo facilitou as coisas: pouco preocupado em jogar bola e muito mais em poupar pulmão, o time argentino, assim como o Grêmio em Toluca, parece ter superado os efeitos de uma altura que, se não é como ao nível do mar, também não é a da Bolívia. Posicionou-se atrás da linha da bola e aceitou passivamente a pressão equatoriana. Ressentiu-se da má atuação do seu condutor, Fernando Belluschi, não tendo saída de contragolpe, o que chamava a LDU para a pressão o tempo todo.
A equipe da casa só não abriu o placar na etapa inicial porque faltou pontaria ao experiente Carlos Tenorio nas conclusões. Mas ele jogou bem: segurou os zagueiros argentinos e ganhou a imensa maioria dos duelos aéreos. Faltava, porém, mais poder de penetração à LDU, para traduzir a superioridade em vantagem no placar. Aleman, Morales e Cevallos, os meias, faziam boa partida, mas pecavam no lance final, ou no passe derradeiro.
Para injetar mais fôlego e consistência ao San Lorenzo, Pablo Guede retirou Belluschi no intervalo e colocou em campo o lateral Prósperi, trazendo Buffarini da ala direita para o meia. Em tese, poderia funcionar. Mas aí Morales começou a desequilibrar: logo aos quatro minutos, a primeira pintura do meia da Liga, fintando três adversários e fuzilando Torrico. O gol obrigava o time de Buenos Aires a criar, algo mais complicado sem Buffarini em campo. A LDU seguiu melhor, com mais volume, mesmo após o 1 a 0. Faltava, de novo, mais precisão na hora de definir. Cenário idêntico ao do primeiro tempo.
As últimas cartadas de Guede foram os atacantes Barrientos e Blandi, aos 23 minutos. A mexida dupla trouxe o San Lorenzo enfim para frente, mas faltava criatividade e contundência. Chance clara, mesmo, só um lindo giro de Cauteruccio salvo pelo goleiro Domínguez com o pé. A cada minuto que passava, a LDU era mais perigosa nos contra-ataques. Depois de duas chances claras perdidas após os 40, Morales repetiu a jogada do início do segundo tempo e fez outro golaço, definindo a partida.
Para o Grêmio, o ideal teria sido em tese um empate: ele deixaria o time gaúcho a um ponto da vice-liderança, que é o que importa para passar de fase. Mas alguns apontamentos importantes devem ser feitos. Primeiro: o San Lorenzo, embora não tenha tido a apatia do segundo tempo gaúcho em Toluca, jogou um futebol tão fraco quanto o Tricolor, e sentiu tanto quanto ele a altitude. Isso põe em perspectiva o enorme pessimismo que se criou após a derrota gremista no México, o que é uma boa notícia. Por outro lado, a LDU, tida em tese com a equipe menos cotada da chave, mostrou força. E isso é péssimo.
Grêmio e San Lorenzo saem atrás, mas ainda são tecnicamente os dois melhores times deste Grupo 6. Se vão superar LDU e Toluca, é outra história - o começo, aliás, mostrou que não será nada fácil. Foi só a primeira rodada, mas está claro que estamos mesmo diante do grupo da morte da edição de 2016 da Libertadores.
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Copa Libertadores da América 2016 - 1ª fase - Grupo 6 - 1ª rodada
23/fevereiro/2016
LDU 2 x SAN LORENZO 0
Local: Casa Blanca, Quito (EQU)
Árbitro: Jonathan Fuentes (URU)
Público: não divulgado
Gols: Morales 4 e 46 do 2º
Cartão amarelo: Más e Mussis
LDU: Domínguez (6), Quinteros (6), Norberto Araujo (6), Romero (6) e Vega (5,5); Benavídez (5,5), Hidalgo (6), Cevallos (5,5) (Vera, 30 do 2º - 5,5) Morales (9) e Alemán (6) (Padilla, 41 do 2º - sem nota); Carlos Tenorio (6,5) (Puch, 18 do 2º - 5,5). Técnico: Claudio Borghi
SAN LORENZO: Torrico (6,5), Buffarini (5), Angeleri (4,5), Caruzzo (5,5) e Más (5); Mussis (5), Ortigoza (5,5) e Belluschi (4) (Prósperi, intervalo - 4,5); Cerutti (4,5) (Barrientos, 23 do 2º - 5,5), Cauteruccio (5,5) e Blanco (6) (Blandi, 23 do 2º - 4,5). Técnico: Pablo Guede
Foto: San Lorenzo/Divulgação.
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