A síntese da irregularidade do Grêmio 2016

Henrique Almeida comemora: golaço que salvou o Grêmio ontem
O Grêmio chega para a partida quase decisiva da próxima quarta, contra a LDU, tendo sua última atuação convincente datada do dia 4 de fevereiro. Naquela quinta-feira, a equipe de Roger Machado fez 3 a 1 no Aimoré num jogo em que saiu perdendo, mas que poderia também ter aplicado goleada histórica. De lá para cá, ganhou sofrendo do Coritiba e do Novo Hamburgo, bateu o Veranópolis com reservas, e perdeu para São José, Toluca e São Paulo-RS.

O jogo de ontem, contra o Glória, trouxe com clareza a principal característica deste Grêmio de início de ano: a irregularidade. Foi um jogo no qual o time de Roger poderia tanto ter perdido como goleado. É bizarro pensar que o 4 a 2 foi enganoso porque poderia ter sido 6 a 2 ou 2 a 3. No fim das contas, na média, parece acertado. Só não pode esconder que era um perigosíssimo 2 a 2 até 42 minutos do segundo tempo. 

O Grêmio de 2016 é tão irregular que, mesmo nos jogos em que foi bem (Brasil e Aimoré), saiu perdendo. Ontem, marcou quatro gols, mas teve atuação ofensiva contestável, por ter perdido outros tantos. Lá atrás, tomou dois de um dos times mais fracos do Gauchão. A média de gols sofridas neste começo de estadual é maior que a do bem mais difícil Brasileirão 2015. Está claro que falta um ajuste, e não apenas de nomes. A culpa não é só dos laterais que têm marcado mal ou da saída de Erazo, mas também da falta que faz Walace e de atacantes (Giuliano, Everton) que estão recompondo menos o setor de meio que em 2015.

Roger aparentou tranquilidade em sua coletiva sexta, após os protestos no treino, mas ontem disfarçava mal a sua ansiedade na beira do gramado. Tanto que, pela primeira vez desde que assumiu o comando da equipe, há nove meses, fez substituições desesperadas: ao incluir juntos Bobô e Henrique Almeida, foi para a irracionalidade do tudo ou nada, abrindo mão de seu estilo pensado e ponderado. Acabou dando certo, pelo golaço de Henrique, mas quase custou uma nova derrota.

Isso tudo deixa claro que, por mais que tenha sido um jogo inexpressivo de uma inexpressiva fase inicial de Campeonato Gaúcho, era importante vencer, fosse como fosse. O Grêmio não podia chegar para sua semana mais importante deste semestre com um ponto diante de São Paulo-RS e Glória precisando vencer LDU, Inter e San Lorenzo em sua casa para se manter vivo tanto na Libertadores quanto na Primeira Liga. Se não é a vitória da confiança, aquela que dá tranquilidade ao torcedor de que o time está bem, é ao menos uma vitória arrancada no fim, o que ajuda a inflamar um pouco os torcedores para a batalha contra os equatorianos, a primeira da série.

O mais parelho desde 2008
Depois de sete anos de jejum, o Juventude enfim venceu o Internacional em 2015. O jogo de hoje, porém, é o que se apresenta como o mais parelho das últimas temporadas entre os dois clubes: o Papo em casa, como um dos líderes do Gauchão, recebe um Colorado em fase de ajustes, com seu elenco mais modesto dos últimos 12 anos, e vindo de derrota em casa para o fraquíssimo Veranópolis. É um confronto sem favoritos no Alfredo Jaconi.

Em tempo:
- No fim de semana clássicos argentinos, Huracán e San Lorenzo ficaram no 1 a 1. Hoje tem Racing x Boca, em prévia do jogo da Libertadores, e segunda tem River x Independiente.

Foto: Lucas Uebel-Grêmio.

Comentários

Anônimo disse…
Roger sublinhou no pós-jogo que faltou o time matar o jogo, principalmente depois do 2x1. Houve uns 10 minutos em que o time criou 3 ou 4 chances de fazer o terceiro e liquidar a coisa, mas deu brecha de novo.

Só me preocupo que vai ter torcedor achando que o time reagiu por causa do protesto sexta, quando foi bem parecido com o jogo contra o São Paulo: falhas individuais na defesa, chances perdidas na frente e um tanto de azar. Mas com 11 jogos em 35 dias, não acho que dê pra falar em falta de vontade, mas de mais tempo para fazer testes e ajustes.

Tiago
Vicente Fonseca disse…
Sim, Tiago, este é sempre um risco: os valentões acharem que foram eles que fizeram o time jogar depois de darem aquele fiasco das pipocas no treino. E concordo, mesmo que o Grêmio esteja com prévio entrosamento de 2015, houve mudanças que carecem de ajuste. O Atlético-MG é caso parecido, e também iniciou o ano com altos e baixos.