Em janela fraca, o Brasil procura jogadores nos países vizinhos. Mas tem encontrado dificuldades

Agora no Fla, Mancuello deixará saudades no Independiente
Normalmente movimentada, a janela de começo de ano de contratações dos grandes clubes brasileiros segue uma tendência já verificada no ano passado: poucas e baratas contratações. Não apenas a crise econômica, mas também a política de pé no freio adotada pela maioria dos clubes é que vem tornando os últimos 40 dias um verdadeiro marasmo. Calmaria só quebrada pelo recente movimento em direção à Argentina.

Está longe de ser novidade a busca brasileira por jogadores do país vizinho. O aumento no limite de estrangeiros permitidos por jogo, de três para cinco atletas, ocorrido em 2014, veio atender justamente esta demanda. No entanto, no ano da Copa do Mundo, as equipes ainda dispunham de fôlego financeiro (ou achavam que dispunham) para buscar nomes consagrados do exterior, como o São Paulo fez com Kaká e o Santos com Robinho. Em 2015, com a crise estourando, o movimento foi baixo. Agora, porém, ele vai em direção aos nossos vizinhos de continente, e tem sido mais intenso do que nunca: já há como colher alguns frutos da recente contenção, mas não dá para sair esbanjando.

Os últimos dias foram os de mais intensas negociações. A triunfal volta de Diego Lugano ao São Paulo é a contratação mais simbólica. Ela não denota, porém, observação de mercado: trata-se da busca de um antigo ídolo, que estava jogando o Campeonato Paraguaio pelo Cerro Porteño e vem para a tentativa de reviver os dias gloriosos de 2005. Nomes como o zagueiro Larrea, que negociou (mas não virá) para o Botafogo desde a modesta Liga de Loja, do Equador, e o meia Michael Ortega, do colombiano Junior, que desperta o interesse do Figueirense, são bem mais típicos.

E são típicos não apenas por serem jogadores observados do mercado continental, mas porque são contratações difíceis, ou que não deram certo. O Flamengo, por exemplo, busca viabilizar a vinda do firme zagueiro Lollo, do Racing, mas tem encontrado dificuldades, assim como Donatti, do Rosario Central, melhor beque da última temporada argentina. O mesmo vale para o Atlético Mineiro, que corre atrás do ótimo atacante Calleri, do Boca - neste caso, não apenas os valores ou a concorrência atrapalham, mas o fato de o time argentino também disputar a Libertadores. Caraglio, do Vélez, e Ortigoza, do San Lorenzo, também foram cogitados pelo São Paulo, e não vieram, ao menos ainda. O Grêmio tenta o habilidoso Cerutti, do Estudiantes. Cruzeiro e Sport tentam na Colômbia buscar o meia Cuéllar, do Junior, e o zagueiro Henríquez, do Millonarios, respectivamente.

Quem liberou mais peças até agora para o Brasil foi o Independiente. O veloz Pisano tem tudo para cair como uma luva no Cruzeiro, que perdeu Marquinhos para o Internacional. Já a perda do volante Mancuello para o Flamengo será ainda mais sentida pelos argentinos: líder anímico e técnico da equipe em 2015, é um jogador que deve agregar muito na Gávea.

Foto: Independiente/Divulgação.

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