Sem frustração: o Grêmio não chegou ao vice, mas a ótima campanha merece ser celebrada

Grêmio chegou no G-4 pela sexta vez nos últimos dez anos
O Grêmio chegou, por 33 minutos, a terminar a temporada como vice-campeão brasileiro. Mas, como era previsível, não conseguiu: se sua vitória sobre o Joinville era uma tendência forte, o triunfo do Atlético-MG sobre a Chapecoense no Mineirão era igualmente esperado. Ainda assim, não dá para se dizer que o ano na Arena termina com sentimento de frustração, muito pelo contrário. As perspectivas de início de temporada, claro, são sempre lembradas na hora de valorizar o resultado final.

A partida de hoje foi até mais complicada do que se esperava. Com gramado encharcado, empoçado em alguns lugares e enlameado em muitos outros, Joinville e Grêmio fizeram um jogo feio, com cara de Gauchão das antigas. As condições inóspitas em princípio favoreciam o time da casa, pois tiravam dos gaúchos sua principal característica, que é o toque de bola. Porém, muito mais qualificado e animado, o Grêmio começou melhor e mostrou seu maior nível desde o início, se adaptando surpreendentemente melhor ao piso que os catarinenses. O gol de Marcelo Oliveira, logo a cinco minutos, já se justificava, dado maior volume inicial.

Com dores, Luan deixou o campo aos 13 minutos. Mas foi menos por sua saída, e mais por um natural relaxamento, que o Grêmio diminuiu fortemente o ritmo. Não tirou o pé das divididas ríspidas, mas, já com a vantagem no placar, não se viu na obrigação de forçar tanto num gramado pesado. O time da casa cresceu territorialmente no jogo, mas a falta de criatividade sem Marcelinho Paraíba foi constrangedora. O lance mais perigoso foi um chute de longe que bateu na zaga e explodiu no travessão de Bruno Grassi.

Na etapa final, o panorama seguiu parecido. Foi logo após uma das raras grandes chances perdidas pelo JEC que o Grêmio definiu o jogo, com Bobô, aproveitando uma poça que traiu o goleiro Agenor e o deixou livre para marcar. Daí até os curtos acréscimos, o jogo se arrastou para o apito final.

O Grêmio encerra o campeonato com sua terceira melhor campanha desde 2006, e pela sexta vez nos últimos dez anos termina dentro do G-4. O 3º lugar surpreende se partirmos das perspectivas iniciais, mas foi absolutamente esperado pelo desenrolar do campeonato. Há quatro meses, ou 22 rodadas, o Tricolor ocupa sempre a 3ª posição. Não tinha como terminar em outra colocação - até porque o Galo merece o vice mais que o Grêmio. Tudo graças ao excelente trabalho de Roger Machado, que encerra o ano como grande afirmação e revelação como treinador no futebol brasileiro. Roger que, aliás, elogiou bastante o elenco e descartou qualquer decepção com a não conquista do vice, mas que também tem noção da grandeza do clube que dirige ao exigir títulos em 2016. E, mais um ótimo Brasileirão à parte, o Grêmio precisa mesmo demais de uma taça representativa no ano que vem.

Em tempo:
- Roger acertou em cheio a previsão: 62 pontos classificariam seu time para a Libertadores. Foi ao ganhar do Flu e chegar a este número que o Grêmio confirmou a vaga. E foi com 62 que o São Paulo, 4º colocado, terminou o Brasileirão.

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Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2015 - 38ª rodada
6/dezembro/2015
JOINVILLE 0 x GRÊMIO 2
Local: Arena Joinville, Joinville (SC)
Árbitro: Raphael Claus (SP)
Público: 5.979
Renda: R$ 199.245,00
Gols: Marcelo Oliveira 5 do 1º; Bobô 14 do 2º
Cartão amarelo: Edson Ratinho, Diego, Rafael Donato e Ramiro
JOINVILLE: Agenor (4), Edson Ratinho (5) (Marcelo Costa, 30 do 2º - 5), Rafael Donato (5,5), Alef (5) e Diego (5); Danrlei (5,5), Anselmo (5) (Mário Sérgio, intervalo - 5,5) e Kadu (5,5); Edigar Júnio (4,5), Trípodi (5,5) e Ítalo Melo (5) (Fernando Viana, 23 do 2º - 4,5). Técnico: Claudiomiro Santiago
GRÊMIO: Bruno Grassi (6,5), Galhardo (5,5), Geromel (6,5), Bressan (5,5) e Marcelo Oliveira (7); Walace (6) (Vitinho, 30 do 2º - 5), Ramiro (6), Giuliano (6) e Luan (sem nota) (Pedro Rocha, 13 do 1º - 5,5); Everton (5,5) (Edinho, intervalo - 5,5) e Bobô (6,5). Técnico: Roger Machado

Foto: Grêmio/Divulgação.

Comentários

Rodrigo disse…
Vicente, esse desempenho do Grêmio de 2006 pra cá deve ser inclusive superior à média histórica do clube em Campeonatos Brasileiros, não é?

Concordo sobre a necessidade de uma taça, mas lamento o fato de a grande mídia e parte da torcida valorizarem tão pouco as boas campanhas. (Celebra-se muito a vaga na Libertadores, e não a campanha em si)

Acho que o Grêmio também deu um pouco de azar nos últimos anos. Clubes até mais desorganizados (Vasco, Flamengo, Palmeiras) conseguiram conquistar títulos e o Grêmio, apesar da regularidade, não.

Mas talvez após a conquista de um título, podendo refletir melhor, sem tanto peso nas costas, os torcedores percebam a importância de o clube não ter se apequenado no período de jejum.

Abraço!
Chico disse…
A América nos espera mais uma vez.

5 x 0 e classificado para a Copa, tá muito bom.

Olha o Tricolor chegando de novo...
Vicente Fonseca disse…
Sim, Rodrigo. Ele é melhor em todos os aspectos. Em aproveitamento, por exemplo, é de 55,1% nos últimos 10 anos - antes de 2006, era de 50,6%. Se agora são seis vezes entre os quatro melhores num intervalo de dez anos (60,0%), antes o Grêmio chegou oito vezes entre os quatro em 33 edições (24,2%). A regularidade é impressionante, e acho muito importante valorizá-la, sim.

No mais, concordo integralmente com todas as tuas colocações. Se o Grêmio tivesse uma Copa do Brasil nos últimos dez anos, todos falaríamos de uma ótima fase do clube. Como não veio nenhum título, fala-se em anos horrorosos que, na verdade, têm sido bons, mas que necessitam de um troféu para serem mais bem aceitos.

Abraços.
Vicente Fonseca disse…
No mais, dentro do nosso ranking brasileiro (cujo cálculo procura valorizar taças e regularidade de uma forma equilibrada), o ano vai acabar com o Grêmio em 5º lugar - ou seja, o desempenho dos últimos cinco anos, ponderado pela importância das competições e atribuindo maior valor a 2015 que a 2011, por exemplo, do clube é bom. Mas é claro que a falta de um título incomoda, principalmente por isso: as campanhas são sempre boas, e acabam sendo frustradas por pouco. Isso cria um desgaste enorme e uma impressão de que as coisas vêm sendo pior do que na realidade ocorrem.