Rico europeu também demite: acabou a Era José Mourinho no Chelsea

Mourinho em seu último pelo jogo Chelsea, contra o Leicester
Técnico campeão no ano passado, mas começa a temporada com maus resultados. O time não engrena, mesmo com a metade do campeonato chegando. Próximo da zona de rebaixamento, o comandante, que ganhara tudo seis meses atrás, é demitido. Filme comum no futebol brasileiro? Sim, sem dúvida. Mas não estamos falando do Cruzeiro demitindo Marcelo Oliveira após o bicampeonato nacional, e sim da saída de ninguém menos que José Mourinho, ídolo maior e técnico mais vitorioso da história do Chelsea.

O projeto de Mourinho de repetir algo como Alex Ferguson no Manchester United ou Arsène Wenger no Arsenal fracassou em meio a avalanche de maus resultados. Mas não foram só eles os responsáveis por sua saída: as brigas internas é que fizeram seu castelo ruir. O português nunca teve temperamento fácil, mas desta vez seu gênio bateu com figuras como Diego Costa e Hazard, não tão compreensivos com ele como nomes de sucesso no passado, como Frank Lampard e John Terry. Trabalhos de longo prazo também são interrompidos em grandes clubes europeus. Jogadores insatisfeitos também derrubam técnicos famosíssimos em grandes clubes europeus.

É difícil apontar para a data em que tudo começou a desmoronar. A mais provável é 8 de agosto de 2015, o dia de estreia do Campeonato Inglês. Foi naquele dia que José Mourinho se desentendeu com a médica e conterrânea Eva Carneiro, que acabou afastada e demitida do clube dias depois. Contratada ainda na época de outro português, André Villas-Boas, era uma profissional querida no elenco e inclusive por muitos torcedores do clube, dado o seu inegável carisma. Sua saída foi pessimamente recebida no vestiário, e ajudou a gerar (ou piorar) o desgaste entre o treinador e seu elenco.

A saída de Eva, portanto, não ocasionou a crise toda, mas talvez tenha sido um catalisador dela. O ambiente do Chelsea se deteriorou rapidamente nos últimos meses, por mais que todos neguem. Embora vá bem na Liga dos Campeões, o time londrino sofre desde o início na Premier League. Mesmo assim, Mourinho era garantido no clube devido ao maciço apoio da torcida, que cantava seu nome mesmo ao mesmo tempo em que a equipe fracassava em casa para rivais como o Liverpool ou times inexpressivos, como o Bournemouth (só Mou era poupado, aplaudido sempre na saída do campo, mesmo após cada fracasso) E, claro, por conta de sua longa e amistosa relação com Roman Abramovich, o dono do clube - e da absurda multa rescisória, que deve engordar em 40 milhões libras (R$ 230 milhões) sua conta bancária nos próximos dias.

Mas nem os torcedores, nem o magnata russo conseguiram resistir. Ao levar 2 a 1 do Leicester segunda-feira, em jogo no qual Diego Costa expôs em campo toda sua irritação com os companheiros, sua trajetória teve um ponto final. O saldo é terrível: com três vitórias, quatro empates e nove derrotas, o Chelsea chega a quase metade do campeonato com apenas 15 pontos, um aproveitamento de apenas 31,3% e em 16º lugar, apenas um ponto à frente da zona de rebaixamento. Não vai cair: qualquer técnico que pacifique o elenco conseguirá ao menos evitar esse fiasco. Mas todos os grandes objetivos de tabela estão definitivamente comprometidos. Ou seja: a menos que vença a atual Liga dos Campeões, o que não é provável, o Chelsea já tem a temporada 2016/17 prejudicada, provavelmente sem disputar nenhum torneio continental, uma tragédia para quem gasta tanto dinheiro.

Apesar de tudo, Mourinho deixa Stamford Bridge com a imagem de ídolo intocada. Através de seus meios de comunicação, o Chelsea reiterou que manterá suas portas sempre abertas para bem recebê-lo. A torcida, nem precisamos repetir o que sente por ele. Apesar de todos os fracassos nos últimos meses, para os fanáticos ele sempre será o Special One.

Foto: Chelsea/Divulgação.

Comentários