Retrospectiva 2015: Botafogo

Vitória sobre o Luverdense garantiu o retorno do Botafogo à elite
Foi-se o tempo em que jogar a segunda divisão era um inferno. Ao menos para os clubes grandes, o ano de Série B é como um rito de passagem, para se pensar nas coisas que estavam dando errado e no que fazer para corrigi-las, em meio à flauta dos rivais. Foi assim com o Botafogo em 2015: mesmo completamente falido no ano passado, o clube alvinegro botou seu orçamento em ordem, formou um time barato e competitivo e, aos trancos e barrancos, com dispensas e contratações, e sob a tutela final do igualmente recuperado Ricardo Gomes, retornou à primeira divisão do futebol brasileiro sem sustos.

JANEIRO
Depois de fechar 2014 com nove meses de salários atrasados, o desafio do novo presidente Carlos Eduardo Pereira não era fácil: reerguer não apenas o time, mas as finanças alvinegras em ano cuja exigência mínima era o retorno à primeira divisão. As peças mais caras do ano passado deixaram o clube, como Edílson, Emerson Sheik, Zeballos e André Bahia. As contratações iniciais foram modestas, readequando a folha salarial. Rodrigo Pimpão, Carleto, Gilberto e Bill foram os reforços iniciais mais conhecidos. René Simões é o técnico escolhido para a empreitada. Iniciar o ano perdendo para os chineses do Shandong Luneng por 1 a 0, em casa, não ajudou a animar muito.

FEVEREIRO
A equipe aproveita os adversários mais fracos do estadual, consegue boas vitórias e começa a encorpar. Em fevereiro, o Botafogo não enfrentou nenhum clássico, mas, após seis rodadas, acumula cinco vitórias e um empate, chegando à liderança da primeira fase e com um ótimo ataque (15 gols). O lateral Luís Ricardo é contratado junto ao São Paulo.

MARÇO
Começam os clássicos, e neles o desempenho é regular: a equipe vence o Flamengo por 1 a 0, leva 3 a 1 do Fluminense e empata em 1 a 1 com o Vasco. Contra os times menores, o retrospecto segue altamente positivo. A equipe segue pontuando bem no Carioca, dois pontos atrás do Fla, em 2º lugar.

ABRIL
Mês de decisões, e a equipe se sai relativamente bem. Primeiro, conquista o título da Taça Guanabara (simplesmente, a liderança da primeira fase do Cariocão). A seguir, elimina o Fluminense nos pênaltis, nas semifinais da competição, após perder e vencer por 2 a 1 nos dois confrontos. Na Copa do Brasil, começa sua caminhada eliminando o Botafogo-PB. Na final do estadual, contra o Vasco, perde o primeiro jogo por 1 a 0. Neste meio tempo, o clube acerta com Daniel Carvalho, que estava no Criciúma.

MAIO
Com mais uma derrota para o Vasco, desta vez por 2 a 1, o Botafogo perde o título estadual. O mês de maio, porém, fica marcado como o do começo da Série B, principal prioridade da equipe na temporada. O começo é bastante positivo, com 10 pontos em 12 disputados. Na Copa do Brasil, a equipe despacha o Capivariano e chega à terceira fase, na qual começa bem: sai perdendo de 2 a 0 para o Figueirense, em Florianópolis, e busca um ótimo empate em 2 a 2.

JUNHO
O mês é marcado apenas por jogos da Série B, e a equipe segue sobrando, quase sempre na liderança. Depois de bater Vitória, Paraná, Mogi Mirim e Oeste em sequência, porém, dois tropeços que deixam o alerta: um empate com o fraco Boa Esporte, em casa, e uma derrota de 4 a 2 para o igualmente frágil Macaé, fora, eliminam a gordura acumulada nas rodadas anteriores.

JULHO
Os tropeços de fim de junho tiveram reflexo no mês seguinte, o pior do ano botafoguense. É verdade que o Botafogo começou o ano enfiando 5 a 0 no Sampaio Corrêa, mas esta foi uma exceção na trajetória. No dia 14, perde para o Figueirense em casa pela Copa do Brasil, é eliminado e demite René Simões. O novo contratado, Ricardo Gomes, só assumiria duas semanas depois, em 1º de agosto - um empate sonolento em 0 a 0 com o Luverdense, no Engenhão, que já vinha seguido de outras duas igualdades, com Bahia e Criciúma. Apesar disso, a equipe mantém a liderança, já bem mais apertada. Sem Copa do Brasil em paralelo, só a Série B importava a partir de agora. Para piorar, foi em julho que a equipe perdeu Rodrigo Pimpão, vendido para os Emirados Árabes. Bill, por problemas extracampo, também se desligou do clube.

AGOSTO
O começo de Ricardo Gomes é complicado. Após o empate com o Luverdense, o Botafogo perde três jogos no mês e vence apenas dois. Após perder para o CRB, dia 28, a equipe corre o risco de sair do G-4, o que, com o decorrer da rodada, acaba não acontecendo. A única boa notícia é o bom rendimento de Neílton, recém emprestado pelo Cruzeiro.

SETEMBRO
A virada para o mês de setembro veio com uma goleada de 4 a 0 sobre o Atlético-GO. O jogo marcou também uma virada na campanha da equipe, que venceria nove dos 12 duelos seguintes. Na vitória sobre o Boa Esporte, pela 23ª rodada, o Botafogo reassume a liderança, a qual não deixaria mais até o final da competição.

OUTUBRO
O mês do encaminhamento definitivo da volta à primeira divisão. Com as melhores atuações de sua temporada, o Botafogo consegue grandes vitórias, como um 4 a 0 no Bragantino e um 4 a 1 no Náutico (fora de casa), ambos candidatos a subir também. O único ponto fora da curva foi a derrota em casa para o desesperado Ceará, por 1 a 0, mas o resultado não tirou a equipe carioca da liderança folgada na Série B.

NOVEMBRO
Logo em seu primeiro jogo em novembro, o Botafogo já podia subir, mas não conseguiu: levou 1 a 0 do Criciúma e viu a ideia adiada. Na rodada seguinte, enfim, a promoção, com a vitória por 1 a 0 sobre o Luverdense. A festa deveria vir no sábado seguinte, mas uma derrota por 3 a 0 para o Santa Cruz fez a equipe deixar o Engenhão vaiada. Mesmo assim, os cariocas confirmar o título ao baterem o ABC por 2 a 1 em Natal, e finalizam o ano com um 0 a 0 com o América-MG, no Engenhão.

DEZEMBRO
Sem jogos pela Série B, o Botafogo pôde iniciar o planejamento para 2016 antes dos demais clubes. A única saída confirmada até agora é a de Roger Carvalho, acertado com o Palmeiras. Ricardo Gomes está garantido para iniciar a temporada na elite, voltando após o AVC sofrido em 2011, quando treinava o Vasco. O Botafogo começará o ano que vem tendo de provar que pode seguir na primeira divisão, mas certamente muito melhor do que começou 2015.

O RESUMO DO BOTAFOGO EM 2015
Campanha: 122 pontos; 63 jogos; 36 vitórias; 14 empates; 13 derrotas; 108 gols marcados; 53 gols sofridos; 64,6% de aproveitamento
Colocações: Copa do Brasil (20º); Brasileiro - Série B (1º); Campeonato Carioca (2º)
Artilheiros: Bill (11), Sassá (11), Navarro (9)
Destaques: Neílton, Sassá, Willian Arão
Decepção: Lulinha
Ponto alto do ano: Náutico 1 x 4 Botafogo (Série B, 24/10/2015)
Ponto baixo do ano: Botafogo 0 x 1 Figueirense (Copa do Brasil, 14/07/2015)
Ranking Carta na Manga: 13º lugar (614,5 pontos)

O TIME DE BOTÃO DO BOTAFOGO EM 2015
Amanhã: os altos e baixos do Atlético-PR nos últimos doze meses.

Foto: Vítor Silva/SS Press.

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