Um Inter pressionado contra um Grêmio tranquilo: a quinta-feira tirou o caráter de decisão do Gre-Nal

Não existe Gre-Nal que não valha absolutamente nada, mas é inegável que o caráter de decisão do clássico de hoje se perdeu com a rodada de quinta-feira. Em especial para o Grêmio (3º, 62): o Tricolor poderia entrar pressionadíssimo no Beira-Rio se não vencesse o Fluminense e visse o Internacional (6º, 53) derrotar a Chapecoense na Arena Condá. Mas aconteceu justamente o contrário: a diferença subiu para agora matematicamente irrecuperáveis nove pontos e, com o tropeço do Santos (5º, 55), o Tricolor está mais de 99% garantido na Libertadores. Só não a jogará se perder seus três jogos (o último é contra um provavelmente já rebaixado Joinville), São Paulo e Santos o ultrapassem e o Palmeiras ganhe a Copa do Brasil. Joga quase de sangue doce, portanto. Só não de sangue doce porque é Gre-Nal.

Para o Inter, porém, o clássico segue sendo decisivo. Tirar quatro pontos do São Paulo em apenas três rodadas, sendo que o time paulista ainda pega os fracos Goiás e Figueirense nas duas partidas derradeiras, é improvável, principalmente com o futebol ruim que o time anda apresentando. Porém, não é possível desistir neste momento, antepenúltima rodada do campeonato. A conta de Argel estava certa: nas últimas dez rodadas, o Colorado precisava mesmo de sete vitórias. Como já perdeu as três que podia (Atlético-MG, Goiás e Chapecoense), resta fazer 100% nos três jogos finais. E, mesmo assim, poderá não ser suficiente para chegar à Libertadores. O primeiro turno ruim ainda pesa.

Sendo assim, é de se esperar um Gre-Nal no qual o Colorado proponha jogo e o Tricolor jogue no erro, esperando um vacilo rival para dar o bote. Para o Grêmio, um empate está de bom tamanho. Não há porque arriscar. O time de Roger Machado sabe jogar desta forma, e o Inter de Argel tem sabidas dificuldades para propor jogo - mesmo que seu retrospecto em casa seja excelente, é sempre bom lembrar.

O panorama pré-clássico é razoavelmente semelhante ao do jogo do primeiro turno: o Grêmio chega inteiro, completo, organizado e tranquilo; o Inter, desfalcado, pressionado e nervoso, embora o clima seja bem mais ameno agora do que era pós-eliminação na Libertadores e pós-queda de Diego Aguirre. Há outros fatores, porém, que reequilibram a conta e relativizam um suposto favoritismo gremista: principalmente, a necessidade maior de vitória por parte do Colorado e o excelente retrospecto em casa com Argel (8 vitórias e 2 empates em 10 jogos, somando Copa do Brasil e Brasileirão). O jogo é no Beira-Rio, e já por isso ele é bem diferente do 5 a 0: naquele 9 de agosto, até o ambiente jogava contra o Inter, e o Grêmio vinha precisando mais do resultado também. O placar em si do último Gre-Nal é outro fator que pode pesar, mas não se sabe a favor de quem: o Colorado pode querer vingança, mas também pode perder confiança por causa das péssimas lembranças daquela noite, em especial se sair perdendo.

Não é um clássico por laranjas, portanto, mas o Gre-Nal de hoje não é uma decisão. Ele é importantíssimo para o Inter, e nem tanto para o Grêmio. E isso não surpreende em nada: a tendência do campeonato todo, mesmo com os altos e baixos que ambos viveram no returno, era exatamente esta. O Tricolor não sai do 3º lugar desde os 5 a 0, e o Colorado nunca entrou no G-4 em momento algum da temporada. Aliás, seja qual for o resultado do jogo de hoje, isso tudo também não deve mais mudar até o próximo dia 6, quando o certame acaba. A Lei da Inércia costuma funcionar em tabelas de campeonatos, por mais equilibrados que eles sejam.

Corinthians (1º, 77) x São Paulo (4º, 56): o campeoníssimo Corinthians já avisou que hoje é dia de festa pelo título. Tite não costuma tirar o pé nessas situações, mas o fato é que o São Paulo está bem mais mobilizado e vem em alta após ganhar do Atlético-MG e entrar no G-4. Porém, ver as faixas carimbadas por um rival em casa não é nada agradável. Jogo cheio de ingredientes em Itaquera.

Atlético-MG (2º, 65) x Goiás (18º, 34): em baixa após perder o título, o Galo ainda busca ao menos o vice-campeonato. Ganhar hoje em casa é básico. O Goiás vem em frangalhos, e pressionadíssimo: uma derrota no Horto pode rebaixá-lo ainda hoje.

Coritiba (17º, 37) x Santos (5º, 55): jogo duro no Couto Pereira. O Coxa luta bravamente contra o descenso, e deve ter estádio lotado a seu favor. O Peixe, mesmo com final de Copa do Brasil na quarta, sabe que a vaga na Libertadores não está garantida. Uma vitória hoje lhe seria bem importante. Fora os clássicos, é o confronto mais interessante de hoje.

Sport (8º, 52) x Atlético-PR (12º, 47): por mais improvável que seja, o Sport ainda sonha com a Libertadores. Para manter as esperanças vivas, precisa vencer hoje o Furacão e torcer por tropeços dos três times que estão à sua frente. Não é nada fácil.

Flamengo (11º, 48) x Ponte Preta (10º, 50): no jogo mais morno da rodada, Fla e Ponte farão um amistoso de luxo no Mané Garrincha. A Macaca, se vencer, ainda terá uma chance mínima de Libertadores caso todos os seus rivais de frente percam. Ou seja: está praticamente sem ter o que fazer na competição.

Figueirense (15º, 39) x Chapecoense (13º, 46): o clássico catarinense se assemelha ao gaúcho num aspecto - o de que é decisivo somente para um dos lados. Ao ganhar do Inter, a Chape escapou do rebaixamento. Já o Figueira precisa vencer para se manter longe do Z-4.

Fluminense (14º, 43) x Avaí (16º, 38): o Flu ainda não escapou matematicamente da queda, o que deve se resolver hoje se vencer. A equipe carioca só fica de fato a perigo se perder para o Avaí, que precisa muito do resultado por ser o único dos três times que brigam para fugir do 17º lugar que joga fora de casa neste domingo.

Joinville (20º, 31) x Vasco (19º, 34): o jogo dos desesperados pode ter ao final da tarde o Joinville rebaixado de forma oficial, o Vasco também ou os dois ainda pendurados por um milagre. Cabe aos cariocas impor sua camisa e vencer no norte catarinense, até porque o time da casa, na prática, já caiu.

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